Delegado denuncia na CPI perseguição pela cúpula da polícia



A CPI da Segurança Pública ouviu ontem, ao final da sessão, o delegado Roberto Leite Pimentel, que denunciou perseguição por parte da cúpula da polícia e vinculou as medidas ao seu depoimento em maio, quando confirmou que o ex-Chefe de Polícia, Luis Fernando Tubino, falou a respeito de doações do jogo do bicho para obras assistenciais do governo. A CPI também ouviu representantes de entidades da área, que reclamaram do distanciamento da Secretaria dos servidores, dos baixos salários e da presença de policiais nas ruas sem qualquer treinamento. O delegado contou os problemas administrativos que vem enfrentando e que resultaram na abertura de sindicância contra ele e o anúncio da sua transferência para o interior do Estado. Pimentel vinculou tais medidas ao seu depoimento na CPI em 31 de maio deste ano, quando confirmou ter ouvido do ex-Chefe de Polícia, delegado Luis Fernando Tubino, que o dinheiro do jogo do bicho passaria a ser uma questão de governo, eis que os recursos arrecadados dos bicheiros iriam para obras assistenciais do governo Olívio Dutra. O relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), solicitou ao depoente cópia de todos os atos administrativos a partir de junho deste ano sobre sua vida funcional. E encomendou à Procuradoria Jurídica da Assembléia um estudo sobre a legislação de proteção as testemunhas. Lotergs O primeiro depoente foi o empresário Guilherme Ribeiro, reinquirido para explicar encontro com empresários italianos na diretoria da Lotergs, quando explicou aos deputados que houve duas audiências na Lotergs. A CPI deverá convocar Rubens Hoffmeister Filho, que participou desse encontro. Cabos e Soldados O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, Leonel Lucas Lima, reclamou do distanciamento da Secretaria de Justiça e Segurança. Denunciou que muitos policiais estão nas ruas sem treinamento para ações de enfrentamento. Criticou também o novo regulamento disciplinar da BM e os baixos salários. Ugeirm Para a presidente da Ugeirm-Sindicato, Adélia Porto, a SJS está burocratizada e mantém um relacionamento truncado com a categoria. Também apontou o problema salarial como a maior dificuldades dos inspetores e escrivães. O efetivo da polícia civil deveria ser de 10 mil servidores no Estado, mas existem 5.700, segundo Adélia. Servipol O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Servipol), Paulo Lucas de Moura, entregou a Vieira da Cunha relatório da Servipol com dados sobre a segurança pública no Estado e aposentadorias na Polícia Civil. Ele pediu concurso público sob pena de a polícia desaparecer. Acareação Conforme o presidente da CPI, deputado Valdir Andres (PPB), a comissão pode recorrer à justiça para apurar as denúncias. "Não admitiremos que uma testemunha seja intimidada dessa forma. Certamente tomaremos de providências jurídicas para coibir essa prática", declarou. A comissão estuda submeter Tubino, Cardoso e Pimentel a uma acareação. Para o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha, os depoimentos de ontem reforçam sua preocupação com o isolamento do secretário de segurança em relação aos servidores. "Sem exceção, as lideranças das entidades representativas dos policiais civis e militares queixaram-se da falta de diálogo com a Secretaria de Segurança. Sequer são recebidos pelo secretário, o que causa desmotivação e distância entre a base da polícia e a cúpula da Secretaria. O resultado é que não há ressonância entre o que diz o secretário e o que faz a polícia”, criticou Vieira.


09/28/2001


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