Demóstenes cobra do Senado a busca da verdade sobre denúncias de corrupção contra Daniel Dantas
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em discurso nesta quarta-feira (6) pediu que o Senado Federal busque "a verdade nas profundezas do lamaçal" a respeito dos atos de corrupção de que é acusado o banqueiro Daniel Dantas. Segundo ele, a Polícia Federal, nas investigações da Operação Satiagraha, revelou um articulado sistema de pilhagem do interesse público, que remonta às privatizações do setor de telefonia, passando por crimes financeiros envolvendo o Banco do Estado do Paraná (Banestado), no governo de Fernando Henrique Cardoso, até o escândalo do "mensalão", já no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
- Qualquer interesse de purgar as práticas políticas do Brasil passa pela assepsia das atividades do banqueiro Daniel Dantas no âmbito dos governos - opinou o senador.
Para Demóstenes, é preciso "apurar como a capacidade de manipulação e aliciamento do banqueiro encontrou no petismo a correspondência necessária para que se operasse a promiscuidade do público e do privado em uma escala desconhecida até então".
- Até a transição da era FHC para os tempos de Lula, o PT odiava Daniel Dantas. O que ele terá de tão encantador ao ponto de converter-se de gênio do mal, nos tempos em que petistas eram oposição, em parceiro privilegiado da Era Lula? Seria a pronta disposição para comprar influência e distribuir vultosas sinecuras companheiras? - questionou o parlamentar.
Demóstentes cobrou do Senado responsabilidade na votação da indicação ao Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de Emília Maria Silva Ribeiro, servidora a qual, em sua opinião "é obediente e previamente encarregada de fazer a vontade do governo dentro da Anatel". Ele criticou a subserviência das agências reguladoras brasileiras, o que teria permitido a fusão entre as empresas de telefonia Oi e Brasil Telecom, negócio do qual o grupo empresarial de Daniel Dantas teria sido um dos beneficiados, e que teria imposto aos conselheiros da Anatel função "meramente homologatória".
Escândalos
Demóstenes Torres citou dois escândalos divulgados pela imprensa nos últimos meses que, segundo ele, aproximam Daniel Dantas da cúpula do governo. Na fusão da Brasil Telecom e da Oi, de acordo com matéria do jornal O Globo citada por Demóstenes, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Dantas, teria exigido propina de US$ 260 milhões para viabilizar no âmbito do governo a realização do negócio. A matéria diz ainda que o dinheiro seria utilizado para caixa dois de campanha, e "só pode ser a do Partido dos Trabalhadores", segundo afirmou Demóstenes.
Outra matéria publicada pela revista Isto É, acrescentou o parlamentar, diz que algumas escutas da Operação Satiagraha indicam a existência de sociedade entre Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Daniel Dantas e diretor do Grupo Opportunity, o próprio Dantas e Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, para a aquisição de fazendas de gado nas regiões Norte e Nordeste. Matéria do jornal O Liberal, do Pará, indica ainda que o filho do presidente sempre é visto em feiras agropecuárias e sobrevoando a região de helicóptero.
- Não estou acusando Lulinha de absolutamente nada. São evidências de uma investigação que está longe de ser concluída - avaliou Demóstenes.
06/08/2008
Agência Senado
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