Demóstenes condena "messianismo" em investigações



Ao avaliar, em entrevista à Agência Senado, a Operação Satiagraha, levada a efeito pela Polícia Federal para investigar supostos crimes financeiros e atos de corrupção, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que o caso fornece excelente oportunidade para reflexão sobre como esse tipo de ação deve ser empreendida em prol da coletividade. Para o parlamentar, a Justiça não deve ser substituída por "justiceiros".

- Há muito messianismo em certas atitudes - assinalou o senador, referindo-se ao vazamento de informações dos relatórios da Polícia Federal com o objetivo de mobilizar a opinião pública a favor dos investigadores.

Embora provoquem o clamor público, vazamentos e prisões televisionadas podem prejudicar a coleta de provas capazes de levar à condenação dos eventuais culpados, justamente porque alertam aqueles que têm o que esconder da polícia e do judiciário.

- Tudo indica que o material da operação é explosivo e pode comprometer nomes num amplo espectro político, do governo à oposição - disse o senador, dando como exemplo as matérias que falam de suposta participação do ex-deputado Luiz Eduardo Grenhalgh (PT-SP) num lobby ligado ao grupo do banqueiro Daniel Dantas.

Demóstenes, entretanto, não concorda que os investigados sejam punidos de forma antecipada, com o "vexame das prisões e dos vazamentos". Até porque, a autoridade policial não pode passar por cima da lei e divulgar um segredo que está em seu poder.

Quanto ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que foi criticado por ter concedido dois habeas corpus em favor de Daniel Dantas, Demóstenes é de opinião que o ministro agiu "de acordo com sua convicção". O parlamentar disse que se pode discutir o segundo habeas corpus, por ter suprimido a instância jurídica que cuida do caso (a 6ª Vara Federal de São Paulo), mas a segunda prisão decretada pelo juiz Fausto de Sanctis também pode ser vista como "uma retaliação" ao primeiro habeas corpus.

- De qualquer forma, não há como lançar suspeição sobre nenhum dos dois - afirmou Demóstenes.



25/07/2008

Agência Senado


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