Demóstenes pede que responsáveis por grampo sejam demitidos



Em entrevista à imprensa na tarde desta segunda-feira, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) defendeu a demissão dos funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) supostamente responsáveis por interceptar conversa telefônica sua com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. A entrevista foi dada antes do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com reportagem publicada na edição desta semana da revista Veja, a Abin teria gravado um telefonema no qual Demóstenes pede a intervenção do presidente do STF contra decisão de um juiz de Roraima que teria impedido o depoimento de uma testemunha da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia.

- Acho que alguém tem que cair. Se foi o ministro da Justiça o responsável, como imputam alguns, inclusive de seu próprio partido, tem que ser ele. Se foi o general Jorge Armando Félix [chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República], tem que ser ele. Se for o Paulo Lacerda [diretor da Abin], tem que ser ele. E se forem funcionários querendo boicotar o Paulo Lacerda, que se afastem dez, vinte, trinta, cinqüenta. Alguma medida tem que ser tomada, porque esse descontrole não é recente, todo mundo já sabe que ele existe, mas é a primeira vez que ele é efetivamente comprovado- disse.

Demóstenes considerou ainda improvável a participação de Lula no episódio, uma vez que pessoas importantes de seu governo, como a própria ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o 1º vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), também foram espionados pela Abin, segundo a matéria da Veja. De acordo com a revista, Tião Viana teria sido investigado para verificar suas articulações para concorrer à Presidência do Senado, a partir de fevereiro.

Num primeiro momento, Demóstenes afastou também a possibilidade de protocolar pedido de impeachment de Lula.

- Nós temos que deixar o presidente tomar a atitude. A ele tem que ser dada a confiança de atuar. Eu confio que ele vá atuar. Não vejo porque ele vá se omitir num caso grave como esse - afirmou.

Demóstenes alertou ainda para a necessidade de reativação da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional. Segundo ele, a atividade de inteligência é essencial para o país, mas precisa ser fiscalizada para evitar abusos e desvios.



01/09/2008

Agência Senado


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