Demóstenes quer pressa na apreciação do projeto do novo Código de Processo Penal



Os líderes partidários deverão indicar nos próximos dias os nomes que irão compor a comissão especial destinada a apreciar e propor alterações ao projeto de lei do novo Código de Processo Penal (CCP). Os senadores vão trabalhar a partir do texto elaborado por comissão de juristas, criada no ano passado depois de requerimento do senador Renato Casagrande (PSB-ES). Ao longo de nove meses, a comissão apresentou sugestões que agilizam os trâmites, desde a investigação até os julgamentos na esfera criminal, modernizando o Código de Processo Penal, em vigor há 68 anos.

A Câmara também poderá ter uma comissão especial para trabalhar nas mudanças no CPP, conforme anunciou o presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ele disse que pedirá ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) para apresentar essa proposta ao presidente da Câmara dos Deputados,Michel Temer (PMDB-SP), no sentido de agilizar a criação de uma comissão similar.

A intenção, conforme afirmou Demóstenes Torres, é que as duas comissões funcionem simultaneamente para que os trabalhos ganhem celeridade. A previsão é que o Congresso Nacional vote o novo Código de Processo Penal até o final do ano.

Nesta terça-feira (5), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realizou a primeira de uma série de audiências públicas para debater a proposta, da qual participaram todos membros da comissão de juristas. Houve unanimidade com relação à necessidade de reformar o código, editado pelo presidente Getúlio Vargas em 1941, e considerado defasado, principalmente em relação às mudanças introduzidas pela Constituição de 1988.

Fabiano Augusto Martins Silveira, consultor legislativo do Senado, que tomou parte da comissão de juristas, destacou o papel social a ser cumprido pelo novo Código de Processo Penal. Ele defendeu que no interrogatório policial seja garantida a presença do advogado do acusado, a exemplo do que já ocorre em vários países, como os Estados Unidos.

O juiz federal Antonio Corrêa, defendeu que o projeto a ser submetido ao Congresso Nacional tenha uma cláusula que garanta punição rápida a crimes violentos contra a pessoa, como forma de inibir a prática desses delitos.

O senador Renato Casagrande, autor do requerimento que resultou na realização da audiência pública, destacou o papel da comissão de juristas na formulação do anteprojeto. Ele acredita que a comissão especial acolherá grande parte das alterações sugeridas pelos juristas.

Mudanças

Entre as alterações propostas no anteprojeto destaca-se a que eleva se sete para oito membros a composição do tribunal do júri. A mudança sugerida é para evitar que um réu seja condenado ou absolvido pela diferença de apenas um voto. Em caso de empate em quatro a quatro, o réu será absolvido.

Outra proposta é a que cria a figura do juiz de garantia, que passaria a controlar a legalidade da investigação durante a fase inquisitorial. Oferecida a denúncia contra o acusado na Justiça, esse magistrado cederia seu lugar ao juiz do processo propriamente dito, o qual ficaria livre para avaliar como quisesse as provas colhidas na fase do inquérito.

O anteprojeto também impõe limites para a detenção de acusados antes da condenação. Atualmente, vigora a jurisprudência de que a prisão provisória pode durar, no máximo, 81 dias.

05/05/2009

Agência Senado


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