Demóstenes Torres critica utilização política do Ipea



Em pronunciamento nesta quarta-feira (25), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) criticou o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, por uso político do instituto, ao divulgar estudo em nome da entidade mostrando a queda da desigualdade de renda no Brasil durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o documento, a estabilidade monetária, o crescimento econômico, a política salarial e os programas sociais e previdenciários, que permitiram um aumento de renda de até 22% entre os brasileiros mais pobres, é fruto de políticas implantadas apenas pelo atual governo, o que foi contestado pelo senador. Ele acusou o presidente do Ipea de transformar o instituto "em um órgão do governo".

Para Demóstenes, "Marcio Pochmann quis falar, por meio do estudo, que, em um passe de mágica, sem que houvesse qualquer processo de transformação, o Brasil começou a se livrar das desigualdades sociais".

- No entanto, o próprio estudo do Ipea mostra que isso aconteceu a partir do momento em que a inflação começou a ser controlada no Brasil. Isso teria ocorrido entre 1999 e 2003, quando o índice Gini, que erade 0,6, caiu para 0,54, e de 2004 para cá, para 0,5. Foi antes do governo Lula - enfatizou o parlamentar.

O índice Gini mede o grau de distribuição da renda (ou em alguns casos os gastos com o consumo) entre os indivíduos em uma economia. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula).

Demóstenes Torres disse ainda que, embora nos últimos anos o Brasil tenha crescido e distribuído renda, diminuindo a taxa de pobreza, os índices de criminalidade e violência crescerem na mesma escala dos tempos das sistemáticas crises econômicas. Perguntando o que deu errado, o senador afirmou a desatenção do setor público para com a segurança explica o porquê da reunião das tais condições socioeconômicas favoráveis não ter surtido o efeito automático de redução da violência, "tantas vezes propugnado pelos jurisconsultos do queridismo penal".

- Os números do Ipea, embora não digam respeito diretamente ao tema, são um desmentido cabal da teoria canhestra que imputa aos pobres o ônus da criminalidade. Deveria ser estímulo para que o governo federal se despisse dessa falácia consagrada e adotasse a responsabilidade política no trato da segurança do brasileiro - disse o senador.



25/06/2008

Agência Senado


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