Denúncias adiam votação de indicação de embaixador para a Guiné



A divulgação de denúncias contra o embaixador indicado para a República da Guiné, Jacques Claude François Michel Fernandes Vieira Guilbaud, motivou o adiamento da votação da indicação de seu nome pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). A pedido do relator, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), foi retirada de pauta a mensagem presidencial que submete o nome de Guilbaud como o primeiro embaixador brasileiro residente naquele país.

Logo no início da reunião, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) consultou o presidente da comissão, senador Roberto Saturnino (PT-RJ), sobre a possibilidade de pedir vista da mensagem antes mesmo que Guilbaud fosse ouvido. Após tomar conhecimento de denúncias contra o embaixador, ele considerou prudente que se reavaliasse a indicação antes de uma decisão por parte da CRE.

Guilbaud ficou 25 anos afastado do Itamaraty, em razão de decisão de uma comissão chefiada pelo ex-ministro Rubens Ricupero, sob o argumento de que recebia seu salário sem comparecer ao serviço. Ele retornou ao Itamaraty há três anos.

Suplicy ponderou que o pedido de vista só poderia ser formulado após a apresentação de seu relatório a respeito da mensagem presidencial. Lembrou ainda que Guilbaud compareceu há cinco anos à comissão, para apresentar sua versão a respeito da demissão do Ministério das Relações Exteriores. Observou ainda que o diplomata foi anistiado durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Heráclito disse então que pediria verificação de quórum da reunião, o que tornaria inviável a análise de duas outras mensagens presidenciais. A solução intermediária, de retirada de pauta da indicação, surgiu depois de uma intervenção do senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM). Mesmo assim, Virgílio disse ser necessário saber se Guilbaud teria mesmo participado do "sistema de delação" da época do regime militar.

Ao deixar a comissão, acompanhado por Suplicy, Guilbaud pediu que se apontasse "uma pessoa sequer" que tenha sido denunciada por ele. O diplomata admitiu ter trabalhado por dois anos no Serviço Secreto do Itamaraty, mas alegou ter deixado o órgão após constatar que o cargo não seria uma "coisa séria".

Para Guilbaud, a resistência a sua indicação está relacionada a uma denúncia que fez, em 1979, de compra superfaturada da sede da embaixada brasileira em Lisboa. Adquirida na época por US$ 2 milhões, a casa valeria apenas US$ 1 milhão. Segundo informação que afirmou ter obtido junto ao antigo proprietário do imóvel, o restante teria sido distribuído entre "altas figuras" da República, aí incluído o ex-presidente João Baptista Figueiredo.

- Tinha descoberto uma bomba que ia explodir na mão do Figueiredo - afirmou Guilbaud, ao deixar a comissão.

Transferido para o Canadá, o diplomata disse ter passado a receber diversas ameaças de morte por telefone. Por isso, teria deixado de comparecer ao trabalho, o que ocasionou a sua demissão.



21/06/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Aprovado embaixador para Guiné-Bissau

Brasil terá embaixador na Guiné Equatorial

SENADORES ADIAM VOTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA PARA QUARTA-FEIRA

Bancadas insatisfeitas adiam votação do Orçamento para esta semana

Senadores adiam votação de empréstimo externo para rodovias brasileiras

Senado aprova indicação de embaixadores para Mauritânia, Cuba, Botsuana, Guiné Equatorial, Chade e Mercosul