Deputado diz que desajuste das contas é causado pelo custo da política monetária
O deputado federal Sérgio Miranda (PCdoB-MG) disse que o relatório do Banco Central sobre as políticas monetária, creditícia e cambial e o impacto fiscal de suas operações, apresentado nesta terça-feira (29) pelo presidente da instituição, Armínio Fraga, comprova a tese de que o desajuste nas contas brasileiras é causada pelo custo da política monetária, e não pelo sistema previdenciário do país.
Citando dados do relatório apresentado por Armínio Fraga, Sérgio Miranda informou que o prejuízo apresentado pelo Banco Central no primeiro semestre de 2002 chegou a 1,8% do Produto Interno Bruto do Brasil. No mesmo período, segundo o deputado, o déficit da Previdência representou 1,5% do PIB. Ele acrescentou que, diante destes números, não entende porque se fala tanto na necessidade de uma reforma da Previdência e não em alterações no Banco Central.
- O prejuízo do Banco Central de 1999 para cá, desde que Armínio Fraga assumiu a presidência, chegou a R$ 25,7 bilhões, todo ele bancado pelo Tesouro Nacional. E não há nenhuma restrição monetária. Enquanto James Bond tem licença da Coroa Inglesa para matar, o presidente do Banco Central tem licença do governo brasileiro para gastar - afirmou Sérgio Miranda.
Em resposta, Armínio Fraga revelou que também é favorável à imposição de limites na atuação do Banco Central. Por outro lado, ele lembrou que as decisões tomadas pelo governo brasileiro e pelo BC proporcionaram ao país atravessar uma crise cambial sem apresentar resultado negativo no seu PIB, diferente do que ocorreu na Argentina, Uruguai, México e alguns países asiáticos.
Armínio Fraga também registrou que a avaliação do desempenho do Banco Central transcende ao seu prejuízo contábil. Ele lembrou que no período de hiperinflação no Brasil o BC sempre apresentou lucros estratosféricos, -e nem por isso estes números trouxeram prosperidade-, destacou.
29/10/2002
Agência Senado
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