Deputados anunciam suspeitas de tráfico de influência e improbidade administrativa
Os deputados Índio da Costa (DEM-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) apresentaram em entrevista coletiva, nesta terça-feira (6), suas suspeitas da existência de tráfico de influência e improbidade administrativa nos gastos praticados por servidores públicos com cartões corporativos. Segundo os deputados, eles teriam identificado casos de compras de altos valores realizadas com dinheiro público em empresas que têm como sócios funcionários públicos do mesmo órgão que fez os gastos. Índio e Sampaio fazem parte da sub-relatoria de Fiscalização de Gastos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos .
Os parlamentares informaram que encaminharão ao relator da CPI Mista, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) as informações sobre os indícios encontrados. Caso o relator não use as denúncias no relatório final da comissão, os deputados prometeram encaminhá-las diretamente ao Ministério Público. Índio e Sampaio afirmaram que ainda precisam de outros documentos para realizar investigações mais amplas. Especificamente, disseram que necessitam das notas fiscais que justificam os gastos feitos em dinheiro vivo. Mas os parlamentares disseram que o governo está demorando a enviar essas informações ao Congresso.
- Quanto mais investigamos, mais cheira mal - afirmou Índio da Costa.
Os deputados destacaram dois casos que consideraram "emblemáticos" do tipo de indício encontrado "diversas vezes" durante o exame dos documentos enviados pelo governo federal aos parlamentares da CPI Mista.
O primeiro dos casos diz respeito à empresa Gilvana Elétrica LTDA. Os parlamentares chegaram a essa empresa devido a um gasto de R$ 250 realizado com cartão de crédito corporativo, em outubro de 2006. Ao investigarem a empresa, descobriram que a empresa tem em seu quadro societário Raimundo Luiz da Silva, funcionário do Hospital Universitário de Brasília, usuário de cartão corporativo e que teria realizado saques de R$ 17,7 mil em dinheiro vivo.
Ao prosseguirem com as investigações, os parlamentares identificaram que a empresa Gilvana Elétrica realizou um total de R$ 113.493,68 de negócios junto ao governo federal, lidando com diversos órgãos como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Ministério da Saúde. Mas, a maior parte dos recursos - R$ 77.423,64 -, vinha da Fundação Universitária de Brasília, órgão vinculado ao HUB, local onde o sócio da empresa, Raimundo da Silva, trabalha.
O outro caso emblemático apontado pelos relatores diz respeito à empresa Microservice Comércio e Serviços de Informática LTDA. Os parlamentares chegaram após a identificação de um gasto de R$ 60 com cartão corporativo, realizado em novembro de 2006. Segundo Índio e Sampaio, a Microservice em 2004 passou a ter como sócia a professora vinculada à Fundação Universidade Federal de Rondônia Fátima Aparecida de Souza Maia Queiroga. Até 2003 a empresa nunca tinha realizado vendas para a fundação. Mas, em 2004, depois de contar com a professora como sócia, fez negócios com a Fundação Universidade de Rondônia no valor total de R$ 391.921,30 e de R$ 362.231,78, em 2005. Em 2006, o valor dos contratos com a fundação caiu para R$ 86.834,78.06/05/2008
Agência Senado
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