Deputados do PT dizem que depoimento de arquiteto à CPI derruba versão de Perillo



Para o vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga Carlinhos Cachoeira, deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), o depoimento do arquiteto Alexandre Milhomem evidencia que a casa do governador de Goiás, Marconi Perillo, foi vendida diretamente a Carlos Augusto Ramos, por mais que o negócio tenha sido negado e várias versões tenham sido apresentadas.

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- Esse depoimento foi muito importante, porque desmonta a versão de que a venda da casa não foi para Carlinhos Cachoeira. A venda foi pra Carlinhos Cachoeira, os cheques saíram da organização de Carlinhos Cachoeira para pagar a venda da casa, o decorador foi contratado por Carlinhos Cachoeira – declarou Teixeira em entrevista após o depoimento.

Na avaliação do deputado, a presença do arquiteto na CPI foi fundamental para desmontar a tese que procurava negar a existência de relação entre Cachoeira e Perillo. Na opinião do deputado, ela é íntima e está comprovada.

- Vamos continuar porque temos que apresentar os aspectos econômicos dessa organização criminosa e também como ela conseguiu estender seus tentáculos no estado, nesse caso o governo de Goiás. Porque ali ela conseguiu contratar policiais, dirigentes do governo e estabelecer relações desse tipo com o próprio governador – disse.

Para o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), as interceptações telefônicas da Polícia Federal evidenciam que a casa foi adquirida do governador Marconi Perillo por Carlos Cachoeira.

- Em fevereiro, Carlos Cachoeira cogitava comprar a casa. Em abril ele se arrependeu de ter comprado a casa. Em maio, ele chama Alexandre Milhomem, as interceptações mostram isso, para fazer a decoração. Em julho, ele resolve vender a casa para Walter Paulo, inclusive falando nitidamente que gostaria que a casa fosse vendida sem os móveis que ele havia comprado. Quem comprou esses móveis foi exatamente o arquiteto Alexandre Milhomem – detalhou o relator, em entrevista após ouvir as declarações do arquiteto.

O depoimento tornou evidente, segundo o relator, que Cachoeira e sua mulher Andressa Mendonça foram os verdadeiros contratantes da reforma feita na casa. Só o pagamento pelo trabalho do arquiteto custou R$ 50 mil. Segundo a Polícia Federal, parte dessa despesa teria sido custeada por empresas do esquema de Cachoeira, como a Alberto & Pantoja. Por outro lado, Alexandre Milhomem em seu depoimento fez estimativas de que o material utilizado na reforma da casa, compra de material e aquisição de móveis teria custado pelo menos R$ 500 mil.

- Quem pode decorar uma casa que não é sua gastando R$ 500 mil para ficar simplesmente alguns meses? Essa história é descabida, a história montada pelo governador Marconi Perillo não resiste – avaliou Odair.

Durante a reunião, Marconi Perillo foi defendido por parlamentares do PSDB. Na opinião do deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), a tese do PT de que Perillo vendera a casa diretamente a Cachoeira “é estapafúrdia". Até porque, afirmou o deputado, o governador mostrou coerência na CPI, ao dizer, desde o primeiro momento, que vendeu a casa para Wladimir Garcez e que recebeu três cheques pré-datados.

- Depois o próprio Garcez confirmou à comissão que comprou e pagou em cheques. Wladimir nunca negou a relação próxima com Cachoeira e emprestou a casa para Andressa - justificou.

Ainda segundo Domingos Sávio, Perillo disse de forma clara que já tinha a intenção de vender a casa, tanto que anunciou nos classificados de um jornal de grande circulação em Goiânia. Ele não tinha motivo para não realizar a negociação, que se deu de forma lícita.



26/06/2012

Agência Senado


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