Dinheiro do BNDES deve ser para empresas brasileiras, diz Raupp
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) afirmou que a demanda nacional por investimento é grande o suficiente para que os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sejam prioritariamente destinados às empresas brasileiras. Para o senador, são preocupantes os planos do governo de utilizar dinheiro do BNDES como instrumento de política externa, fazendo-o investir em empreendimentos de países da América do Sul e da África.
- Por meritórios que sejam os pensamentos de liderança e integração regional, precisamos, de cabeça fria, atentar para a realidade e para a hierarquia de nossas necessidades. O Brasil vem primeiro. Além disso, o país se imporá naturalmente, no cenário continental e internacional, se promover firme e constantemente o seu desenvolvimento econômico e social - afirmou o senador.
Recentemente, de acordo com Raupp, soube-se que o BNDES iria injetar US$ 400 milhões na Corporación Andina de Fomento, que tem como principais sócios Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Noticiou-se, ainda, que uma linha de crédito de US$ 1 bilhão seria destinada à Argentina, a ser usada como garantia de intercâmbios comerciais com o Brasil.
Embora o BNDES trabalhe com um orçamento de linhas de crédito da ordem de R$ 32 bilhões, seriam necessários R$ 100 bilhões somente para expansão da indústria brasileira, apoio à infra-estrutura, estímulo às exportações e atenuação das disparidades regionais, conforme Raupp. Ele citou, por exemplo, que, apesar de as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste concentrarem 45% da população brasileira, elas só recebem 25% dos financiamentos do BNDES.
Raupp comentou ainda que a falta de investimentos na indústria também gera preocupação. Com base em estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele disse que muitos setores industriais estão trabalhando com 80% ou mais de sua capacidade de produção. Dessa forma, diante da política do governo de estímulo às exportações e retomada do crescimento, logo as empresas não conseguirão atender o incremento da demanda.
26/06/2003
Agência Senado
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