Diplomatas defendem maior aproximação com África e Ásia



A política brasileira de aproximação com países em desenvolvimento da África e da Ásia foi ressaltada nesta quinta-feira (25) pelos embaixadores indicados para o Gabão e o Vietnam, respectivamente Bruno Luis dos Santos Cobuccio e Vitória Alice Cleaver. As mensagens presidenciais contendo as duas nomeações receberam parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e serão agora examinadas em Plenário.

Em sua exposição aos senadores, o embaixador designado para o Gabão recordou que, até recentemente, a África era tida como um "continente perdido e sem esperança". Ao longo dos últimos anos, porém, o continente tem crescido a uma média de 4,6% ao ano, graças à maior estabilidade política e à abertura ao investimento externo. Um recente estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), informou o diplomata, prevê que a África terá, nos próximos 10 anos, um crescimento superior ao da Ásia.

- Há um renascimento africano. A atual política externa brasileira considera o continente como uma oportunidade de sinergias positivas com o Brasil. A África multiplica o poder do Brasil pelo mundo - afirmou Cobuccio.

Segundo o diplomata, o desenvolvimento pelo Brasil do que chamou de "eixo horizontal" de sua política externa, de aproximação aos países em desenvolvimento, tem tornado o Brasil menos vulnerável à crise econômica internacional e fortalecido o país nas relações com os países desenvolvidos. Tomada como um todo, a África já seria o quarto maior parceiro comercial brasileiro.

Quanto ao Gabão, rico em petróleo e minérios, ele informou que a Petrobras adquiriu recentemente dois blocos de exploração de petróleo na costa daquele país. Segundo estudos citados pelo diplomata, a formação geológica daquela área se assemelha à da região onde o Brasil acaba de descobrir petróleo na camada pré-sal. Em sua opinião, ainda existe uma margem muito grande para ampliação do comércio bilateral - as exportações brasileiras foram de apenas US$ 30 milhões no ano passado. Mas o "principal potencial" das relações bilaterais estaria nos investimentos diretos de empresas brasileiras.

Ao comentar a exposição, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que a África "tende a ter cada vez maior presença" na política externa brasileira.

Vietnam

A embaixadora indicada para o Vietnam lembrou que as relações bilaterais são recentes - têm pouco mais de 20 anos. Mesmo assim, o comércio entre os dois países cresceu bastante ao longo da última década. Passou de US$ 47 milhões em 2003 para US$ 936 milhões em 2010, nos dois sentidos. Ela recordou, contudo, que boa parte das exportações brasileiras ainda é de commodities. Por isso, manifestou a intenção de trabalhar pela diversificação das vendas brasileiras àquele país, que, desde 1986, leva adiante uma política de abertura econômica semelhante à adotada pela China.

Na opinião da diplomata, ainda há muito "desconhecimento mútuo" entre empresários dos dois países. Por isso, ela sugeriu a criação de um foro empresarial entre o Brasil e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual faz parte o Vietnam. Ela observou que a economia vietnamita vinha crescendo a uma média de 7% ao ano até a crise econômica de 2008. Após uma ligeira queda, o país já deverá ter um crescimento de 6% em 2011.

O relator da indicação de Cobuccio foi o senador Blairo Maggi (PR-MT), enquanto a mensagem de indicação de Cleaver teve como relator o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP). A reunião foi presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL).

Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.



25/08/2011

Agência Senado


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