Suassuna sugere aproximação comercial com a África



Citando A Arte da Guerra, o livro escrito há mais de 2.000 anos por Sun Tzu, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), em discurso no plenário nesta quinta-feira (dia 21), afirmou que o poder não admite espaços vazios. Para o senador, o Brasil deve assumir sua liderança natural na América do Sul, com o Mercosul, e, além de fazer alianças com os países da região, deve unir-se também a países da África, de forma a poder enfrentar comercialmente um mundo globalizado. "No mundo globalizado temos que participar de blocos. Sozinhos somos nada, um bote no oceano", disse.

Suassuna reconheceu que o Mercosul precisa de ajustes, mas disse acreditar que o balanço dos 10 anos do mercado que uniu os países do Cone Sul é positivo. "O Brasil caminhava para um conflito armado com a Argentina e hoje o Cone Sul é a região onde menos se compra armas em todo o mundo", afirmou. Em relação a um possível acordo comercial com nações africanas, Suassuna destacou que esse acordo seria com países como Líbia, Argélia e Marrocos. Ney Suassuna defendeu a necessidade de o Brasil criar um ministério de relações exteriores especialmente para os países da América do Sul e do Caribe, da mesma forma que a Líbia fez em relação à África.

O discurso do senador recebeu vários apartes. O senador Gerson Camata (PMDB-ES) posicionou-se contrário ao Mercosul. "Antes do Mercosul, todos os países participantes eram superavitários, hoje são todos deficitários", afirmou. Para Camata, o Mercosul não foi um bom negócio para o Brasil, assim como negócios com países africanos como Angola, Moçambique e Costa do Marfim redundaram em prejuízos. Camata manifestou-se também contrário ao ingresso do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas (Alca) enquanto os Estados Unidos impuserem restrições à entrada de brasileiros naquele país.

Já o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) afirmou ser contrário ao ingresso do Brasil na Alca, como está organizada. "A Alca é uma concorrente que pede proteção à Deus sob o manto do diabo", afirmou. O senador Edison Lobão (PFL-MA) defendeu a importância do caminho de acordos internacionais, mas criticou a posição argentina, que protegeu 300% mais produtos do que o Brasil em relação ao Mercosul. O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) lembrou que a desvalorização do real teve reflexos na crise pela qual passa a Argentina hoje. Já o senador Nova da Costa (PMDB-AP) destacou a importância de criação de alianças com os países do Caribe.

21/06/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


QUINTANILHA QUER MAIOR APROXIMAÇÃO COM A ÁFRICA

Diplomatas defendem maior aproximação com África e Ásia

FOGAÇA DEFENDE APROXIMAÇÃO ENTRE MERCOSUL E ÁFRICA AUSTRAL

JUCÁ SUGERE APROXIMAÇÃO ENTRE PISO E TETO SALARIAL

Aprovado acordo comercial entre Mercosul e países do sul da África

Suassuna destaca importância da visita de Lula à África