Diretora da Anac lembrou que Senado aprovou sua indicação



Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo nesta quinta-feira (16), a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Maria Ayres Abreu lembrou que ela é apenas uma dos cinco diretores da agência e que todos os dirigentes do órgão foram sabatinados pelos senadores e tiveram suas indicações aprovadas em Plenário, para exercer mandatos de cinco anos.

Denise Abreu afirmou não ter filiação partidária e contou que tem origem na classe média, oriunda de uma família que sempre investiu em educação. Formada em Direito na PUC-SP, tornou-se amiga do ex-deputado José Dirceu. Denise Abreu contou que trabalhou na subchefia para assuntos jurídicos da Casa Civil, a convite do próprio José Dirceu, quando ele era ministro.

- Minha indicação (para a Anac) decorre de longa trajetória na gestão da administração pública - afirmou.

Denise Abreu disse ainda que se viu exposta à Nação por ter participado da festa de casamento da filha de um colega, diretor da Anac, Leur Lomanto, no mesmo horário em que os controladores de tráfego aéreo entraram em motim, no último dia 30 de março. De acordo com a diretora, a festa estava agendada há meses e o que ocorreu foi uma "triste coincidência". A diretora destacou ainda que "nenhum especialista em aviação civil foi formado ou estava preparado para a crise aérea que aconteceu no Brasil".

Na mesma reunião, ao ser ouvido pelos parlamentares e questionado pelo relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o tenente-brigadeiro-do-ar José Carlos Pereira, ex- presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), explicou que chegou à presidência da Infraero "em período eleitoral" para substituir o ex-presidente Carlos Wilson. Demóstenes lembrou que em nenhum dos mais de 100 processos de fiscalização relativos à Infraero José Carlos Pereira é mencionado como suspeito.

O ex-presidente da Infraero disse que seguiu "orientações e o bom-senso" de não mexer nas diretorias, uma vez que havia denúncias contra várias delas. O objetivo de sua nomeação para a Infraero era "tentar manter a empresa fora de escândalos", o que custou muita vigilância, contou. O tenente-brigadeiro afirmou que "não teve poder" para reajustar a doutrina e traçar planos estratégicos para a empresa.

- Graças a Deus saí há doze dias (da presidência da Infraero) e agora acredito que o novo presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, tem poder para fazer o que eu deveria ter feito e não consegui - afirmou.

José Carlos Pereira também disse que sempre foi favorável a que a aviação civil seja administrada totalmente por civis. Mas que, nos anos 60, a Força Aérea, ao perceber que o país não tinha recursos para ter um sistema moderno de controle de tráfego aéreo civil, assumiu a tarefa.

O tenente-brigadeiro concordou que os aeroportos brasileiros investiram excessivamente na estética nos últimos anos, mas garantiu que a capacidade de absorver passageiros não foi extrapolada e que sempre houve equilíbrio entre investimentos em segurança e em terminais de passageiros.

Sobre a divergência que ocorreu entre a Infraero e a Anac em relação à reabertura da pista principal do aeroporto de Congonhas após o acidente com o avião da TAM, em 17 de julho, o ex-presidente José Carlos Pereira afirmou que houve uma demora de duas horas para a agência liberar um documento que permitiria a reabertura da pista e que isso causou discussões.



16/08/2007

Agência Senado


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