Dutra critica Senado por mais uma vez aprovar acordo com FMI sem restrições



O senador José Eduardo Dutra (PT-SE), líder do Bloco Oposição, criticou nesta quarta-feira (dia 8) a maneira como o Senado vem aprovando, por seguidas vezes, os acordos firmados entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo observou o parlamentar, como aconteceu em outras ocasiões, os ministros Pedro Malan, da Fazenda, e Martus Tavares, do Planejamento, Orçamento e Gestão, comparecerão ao Senado para explicar os detalhes do acordo mais recente com o FMI, haverá debates, mas ele será aprovado sem que as oposições possam fazer qualquer alteração nos termos do compromisso firmado pelo governo.

- Infelizmente, o ministro Malan vai repetir o seu fundamentalismo econômico que repete há seis anos nesta Casa, vai apresentar a justificativa de que o acordo é a salvação da economia brasileira, nós da oposição vamos fazer os questionamentos, mas vai ficar tudo por isso mesmo. A maioria governista vai justificar que é uma medida para garantir a situação do Brasil e evitar o que aconteceu com a Argentina, mas continuaremos aqui no Senado com o diálogo de surdos - ressaltou.

Na opinião de Dutra, o Congresso brasileiro deveria tomar a iniciativa de corrigir os erros desses acordos que prejudicam o país, como fez o Congresso americano. Quando os congressistas norte-americanos votaram um aumento no aporte de capital dos EUA para o FMI, relatou o senador, eles fizeram questão de excluir empréstimos para países que fossem desenvolver projetos nas áreas de microeletrônica, têxtil e siderurgia, "justamente setores em que os americanos estavam perdendo competitividade".

- O Congresso americano aprovou aumento de capital para o fundo, desde que não ferisse os interesses deles. Infelizmente, essa não tem sido a postura no nosso Congresso em assuntos semelhantes - lamentou.

Para o senador petista, é evidente que o Brasil sofre hoje os "efeitos colaterais" da política ortodoxa imposta pelo FMI, como o demonstraria a crise energética. Na sua avaliação, a falta de investimentos na infra-estrutura nacional é decorrente do receituário do FMI.

- Os analistas do FMI classificam investimentos em infra-estrutura como despesa, e despesas diminuem o superávit primário. O resultado é que as despesas têm que ser reduzidas, o que inviabiliza novos investimentos em infra-estrutura que poderiam contribuir na retomada do desenvolvimento e diminuir o déficit - enfatizou.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu que, no debate que acontecerá na próxima semana com os ministros, os senadores revertam as relações entre a Casa e o Ministério da Fazenda, caracterizadas pelo papel "de mata-borrão" dos acertos do governo com o FMI. Já o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) advertiu que o aumento do superávit primário acertado com o fundo significará mais arrocho e prejuízos à nação.

Malan candidatoNo mesmo pronunciamento, José Eduardo Dutra afirmou que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, dá sinais evidentes de "estar doido para ser o candidato do governo às eleições presidenciais". Para se credenciar como candidato, acrescentou o senador, Malan tem procurado polemizar com o PT. Ele criticou ainda a declaração do economista Edmar Bacha, de que o PT "vai perder as eleições, mas antes vai causar prejuízos à economia do país".

08/08/2001

Agência Senado


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