DUTRA DIZ QUE REFORMA POLÍTICA NÃO PODE TER DISTORÇÕES
Mencionando noticiário sobre a intenção governamental de retomar o projeto de reforma política, o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) mostrou-se inquieto com a possibilidade de o Executivo querer desvirtuar o conceito de fidelidade partidária. "Nós somos favoráveis à fidelidade partidária, mas o problema é o que se entende por fidelidade partidária", afirmou o parlamentar.Ele receia que, no propósito de disciplinar o instituto da fidelidade partidária, o governo queira submeter os parlamentares a uma camisa de força, impedindo-os de votar em desacordo com o líder. Em sua opinião, um tema da maior importância como esse pode estar sendo desvirtuado em função de interesses imediatos do governo, visto que a bancada da situação diminuiu na última eleição. Dutra se disse favorável ao fim da "dança das cadeiras" - uma referência aos parlamentares capazes de mudar de partido antes mesmo da cerimônia de posse. Mas sobre a possibilidade de o governo querer cassar prerrogativas parlamentares, ele indagou: "E como ficaria a situação de um parlamentar que tem posições diametralmente opostas ao líder e este decide votar contrariamente ao programa do partido?"Lembrando que a reforma política já está sob o exame de uma comissão que o Senado criou especialmente para isso, Dutra também ressaltou que está na hora de votar dispositivos sobre o financiamento das campanhas. "Nós defendemos que o financiamento de campanha a partir da próxima eleição seja exclusivamente com recursos públicos", afirmou o senador. Ele considera fundamental acabar com o financiamento por empresas e apresentou o seguinte argumento: "Elas não investem em campanha só pelos belos olhos do candidato."Dizendo exprimir uma opinião pessoal, Eduardo Dutra defendeu ainda o voto distrital misto. Ele acha que isso serve para evitar que o candidato de um partido dispute voto com outro do próprio partido, como, em sua opinião, está acontecendo hoje. O parlamentar sustentou que a disputa por votos tem de ser entre partidos diferentes. Em aparte, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) elogiou a posição de Dutra, afirmando que o voto distrital misto identifica mais o eleitor com o candidato.
14/10/1998
Agência Senado
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