DUTRA: POLÍTICA DEMOCRÁTICA NÃO SUPÕE A DESTRUIÇÃO DO ADVERSÁRIO



A política, particularmente sob regime democrático, supõe a convivência dos contrários e não a destruição dos adversários, defendeu nesta segunda-feira (dia 14) o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) ao fazer dois registros: o da sua opinião sobre o encontro de Lula com o presidente da República e o da data da edição do Ato Institucional nº 5, que completou trinta anos no último dia 13.Para que os fatos decorrentes do AI-5 não sejam esquecidos nunca, o senador sugeriu que, a cada ano, o Congresso registre a data com a realização de uma sessão em que os nomes de todos os cassados, torturados, banidos e mortos sejam lembrados. As letras das músicas e as peças teatrais censuradas também deveriam ser destacadas, completou.Sobre as fitas da reunião do Conselho de Segurança Nacional que decidiu pela edição do AI-5, recentemente divulgadas em sua íntegra, Dutra lamentou que, com "a honrosa exceção" de Pedro Aleixo, os ministros civis tenham demonstrado mais "gosto de sangue" que os ministros militares. Especialmente lamentáveis, acrescentou, foram "os argumentos risíveis" de Delfim Netto e Jarbas Passarinho, que teriam desmerecido as suas próprias inteligências e as alheias ao, 30 anos depois, declararem que fariam tudo de novo porque, em 1968, tratava-se de optar entre a ditadura ou o comunismo.Também careceria de verdade e inteligência a opinião de alguns petistas segundo os quais, ao encontrar-se com Fernando Henrique Cardoso, Lula teria dado um aval do PT à política do governo em relação ao FMI e à Previdência, por exemplo."O encontro foi absolutamente correto", opinou o senador, salientando ter dito a mesma coisa aos muitos repórteres que o questionaram sobre o assunto. Como sua opinião não foi publicada entre as várias que criticaram a conversa do líder da oposição com o presidente, Dutra disse que, provavelmente, os jornais quiseram destacar apenas as opiniões contrárias.Além de uma demonstração mútua de civilidade, comum a várias outras democracias que não a brasileira, o encontro FHC/Lula teria representado a eliminação de um constrangimento, segundo o senador, porque o presidente já convidara Lula para conversar "umas três ou quatro vezes". Apesar da repercussão do encontro, Dutra afirmou não acreditar que ele se desdobre num "chamamento institucional em torno de uma agenda política".

14/12/1998

Agência Senado


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