Economia Verde: parcerias são fundamentais para bons negócios
O papel da sociedade, governo e empresários na formulação do novo conceito de economia verde foi destacado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, no painel “Política Nacional de Resíduos Sólidos: uma oportunidade de negócios”, que aconteceu na manhã desta sexta-feira (25), no Ciclo de Debates da 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), em Brasília. “Estamos mostrando que esses três grupos estão conectados e engajados na implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e na estruturação do novo conceito de economia verde”, disse a ministra.
Segundo Izabella, esse painel é particularmente interessante, pois faz parte de um novo ciclo, o da economia verde, resultado das discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), que aconteceu em junho de 2012, no Rio de Janeiro. “A ONU aposta nesse novo caminho para uma agenda de desenvolvimento sustentável”, afirmou. A dimensão desse novo ciclo deve passar por mudanças de comportamento, logística financeira e mercado. “Além do papel determinante da sociedade, o setor privado é estruturante nas questões globais sustentáveis”, observou.
Mecanismos
O representante do Instituto Nacional de Resíduos, George Hoccheimer, apresentou as principais linhas de trabalho do Instituto e ressaltou que a PNRS necessita aperfeiçoar os mecanismos econômicos e estimular modelos de gestão para viabilizar a logística reversa dos resíduos eletroeletrônicos que, segundo ele, nas condições atuais, é financeiramente inviável: “É importante que haja desenvolvimento contínuo de inovações, que possam ir além dos clássicos reduzir, reutilizar, reciclar, para incorporar “repensar”, “recusar”, “retornar”. Trata-se de processo que deve incorporar toda a diversidade de atores nessa área.”
Bancos
Guilherme Cardoso, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), detalhou as linhas de financiamento do banco para projetos de gestão de resíduos sólidos, reciclagem e logística reversa. “O BNDES financia projetos na área de destinação final, coleta, tratamento e reaproveitamento de resíduos, e que há vários tipos de instrumentos diferentes para apoiar modelos diferentes de negócios, no setor de resíduos e de saneamento”, explicou.
Já o representante do Banco Fator, Glenn Peebles, destacou as oportunidades para o Brasil na implantação sustentável da PNRS, e das ações que o Banco Fator apoia nessa área. “A PNRS é um avanço expressivo para o Brasil, mas apenas o início de uma nova fase do País nessa área, visto que ainda estão pendentes regulações e planos específicos nas esferas federal, estaduais e municipais, e entre setores econômicos”, disse. Para ele, o cenário continua evoluindo mundialmente para novos modelos de negócio e tecnologias mais desenvolvidas. “Com a PNRS, o Brasil inicia a modernização na gestão de resíduos sólidos. Estima-se que o potencial de mercado seja de 4 a 5 vezes o atual faturamento de R$ 22 bilhões estimado em 2012”.
O gerente-executivo da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Maurício Messias, mostrou como a instituição financeira vem trabalhando a agenda de economia verde. “Hoje buscamos entender, aprender e aplicar esse conceito na prática para fazer uma modelagem financeira de acordo com a sabedoria de parceiros sociais e governamentais”, argumentou. Para ele, o grande desafio hoje é aprender, dentro do segmento verde, as ações de cada um, sociedade, governo e empresas. “Tem que ser um processo integrado, pois como estamos falando de um mercado em expansão, precisamos unir os saberes de cada um em busca de bons resultados, de resultados sustentáveis.”
Empresariado Conceito Verde
A geração de “empregos verdes”, dentro desse novo conceito de economia verde, foi defendida pela diretora do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo. “É um emprego que contribui para a sustentabilidade ambiental mas que é exercido em condições decentes de trabalho”, disse. Para ela, o mundo de hoje precisa dessas carreiras e as empresas necessitam desenvolver essa ideia de mudança. “Além da sustentabilidade, essas carreiras contribuem no processo de geração de riqueza no país”.
A coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Denise Hamú, afirmou a importância dos debates para a construção desse importante mosaico que está sendo montado na área de economia verde. “Cada um aqui tem papel importante para a construção desse conceito que não deve favorecer uma ou outra pessoa, mas sim a sociedade como um todo”, declarou. Na sua avaliação, a economia verde não pode ser vista como um conceito único, de aplicação universal, mas que deve “atender a peculiaridades específicas de cada grupo, região ou nação, visando prover oportunidades para melhor qualidade de vida”.
Governo
A Secretária de Articulação Institucional e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles, encerrou o painel destacando a necessidade de transformação da sociedade para desafios complexos como o Plano de Produção e Consumo Sustentáveis, que encontra fortes elementos de interface com a PNRS. “A política é um elemento chave para o desenvolvimento de uma economia verde no País, por meio do fomento de novos negócios, da transformação de setores, a partir da gestão de resíduos e da instalação de sistemas de logística reversa, da inclusão dos catadores na cadeia da reciclagem, transformando empregos degradantes em empreendedorismo”, defendeu.
Para Mariana, há um grande papel a ser desempenhado por empresas líderes e que deverá incluir pequenas e médias empresas. Há que se dar destaque ao papel da inovação e do ecodesign, bem como o aperfeiçoamento da PNRS de forma a estabelecer uma política de incentivos que inclua: crédito e financiamento, desoneração, com o destaque para o papel de bancos como o do Brasil e o BNDES que possam atuar em sintonia com as políticas governamentais nesse setor.
Fonte:
Ministério do Meio Ambiente
28/10/2013 11:38
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