Eduardo Azeredo recebe embaixador do Irã



O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), recebeu em seu gabinete nesta terça-feira (23) o embaixador do Irã, Mohsen Shaterzateh. Em resposta a uma longa explanação do embaixador sobre o processo eleitoral naquele país, Azeredo reiterou a posição brasileira, manifestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de respeito ao resultado das eleições, que deu a vitória ao atual presidente Mahmoud Ahmadinejad, e à soberania daquele país.

- No Brasil, se entende que esse é um assunto interno do Irã - afirmou Azeredo.

Mohsen Shaterzateh fez questão de esclarecer que a imprensa internacional tem procurado mostrar "uma visão negativa de um país independente", distorcendo a realidade pós-período eleitoral e divulgando "mentiras". Colocou-se à disposição da CRE para prestar esclarecimentos sobre o assunto aos parlamentares.

Segundo ele, o que a imprensa ocidental não divulga é que os tumultos que vem ocorrendo em protesto ao resultado eleitoral teriam sido "amplificados por grupos de oposição ao governo iraniano, que teriam, nesses últimos dias, vindo de países como Inglaterra e Estados Unidos e se infiltrado nas manifestações". Ele acusou agências de notícias estrangeiras como a CNN de bloquearem sites oficiais do governo, numa "guerra cibernética" pela Internet.

Para o embaixador iraniano, o que ocorre hoje no país não passa de um protesto do grupo vencido contra o grupo vencedor, em que os adeptos do líder oposicionista estariam contestando a contagem de votos em algumas cidades. "Queixas que, disse o embaixador, terão resposta dos tribunais eleitorais dentro dos próximos três dias", declarou, insistindo ainda que as forças de segurança teriam atuado de forma pacífica durante as manifestações.

Relações bilaterais

Ao referir-se às relações bilaterais entre Brasil e Irã, o embaixador defendeu a aproximação entre os dois países, que, como emergentes, teriam alguns interesses comuns, como defesa da justiça social, luta contra a pobreza e a discriminação racial e a reforma de instituições multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU).O embaixador iraniano sugeriu ainda uma aproximação do Mercosul com o bloco econômico do Oriente Médio, composto por dez países, entre os quais Irã, Paquistão, Turquia e Afeganistão.

Shaterzateh disse ainda que a intenção do governo iraniano é intensificar as relações comerciais entre os dois países de modo que, num prazo de cinco anos, o comércio entre os dois países atinja a cifra de US$ 10 bilhões. Em 2008, o comércio entre ambos foi de US$ 2 bilhões. O embaixador afirmou ainda que a política de desenvolvimento tecnológico daquele país - representada pelo lançamento de mísseis no Golfo Pérsico em maio - teria fins pacíficos.

Eduardo Azeredo apontou como "ponto de atrito" nas relações Brasil-Irã a questão palestina.

- O Brasil como país emergente tem adotado uma política múltipla com relação aos diversos países, da qual se espera que o Irã não seja excluído. Sobre o conflito Israel-Palestina, o Brasil defende a existência de dois estados, um ponto de atrito com o presidente Ahmadinejad - salientou.



23/06/2009

Agência Senado


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