Eduardo Suplicy comenta 40 anos do golpe militar



Os 40 anos do golpe militar de 1964 também foram lembrados em Plenário, nesta quarta-feira (31), pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Então militante estudantil na Faculdade de Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o parlamentar comentou sua participação na luta de vários segmentos sociais em defesa das instituições democráticas do país. E rechaçou o temor de parcela conservadora da sociedade brasileira de que a implementação das reformas de base, anunciadas em comício, em 13 de março de 1964, pelo então presidente da República João Goulart, propiciasse a instalação de uma ditadura de esquerda no país.

- O Brasil não estava efetivamente ameaçado de se tornar um regime ditatorial de natureza marxista a exemplo dos implantados na China, em Cuba e países do Leste Europeu - sustentou. Suplicy lamentou que a visão equivocada sobre o processo transformador em curso no país, que incluía a defesa da reforma agrária, tenha levado à supressão das liberdades democráticas, de reunião, de expressão e de manifestação da imprensa, além de suspender o direito ao voto e desencadear a tortura.

O senador petista recordou ainda o rápido crescimento da economia brasileira vivenciado durante o regime militar. Mas lamentou que essa expansão tenha estimulado uma maior concentração de renda e riquezas no país.

- Ficou claro na natureza do regime que quem tinha mais recursos mantinha influência sobre as decisões do poder público - atestou. Quanto à reforma agrária, observou que o temor de setores conservadores da sociedade impediu que fosse realizada em "plenitude", compromisso que estaria sendo assumido, agora, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Audiências

Após discorrer sobre o golpe militar de 1964, Suplicy comentou audiências públicas agendadas pela CPI da Terra e pela Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI). Amanhã, às 10h, informou que a comissão de inquérito recebe o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que deverá falar sobre os rumos da reforma agrária. No próximo dia 14, a CCAI recebe o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos; o superintendente da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o superintendente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Jorge Félix, que irão comentar denúncia de espionagem do FBI contra o governo brasileiro.



31/03/2004

Agência Senado


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