Senado homenageia Allende e lembra 30 anos do golpe militar
Há 30 anos, exatamente no dia 11 de setembro de 1973, o presidente Salvador Allende, primeiro socialista eleito nas urnas, morria no Palácio La Moneda, na capital do Chile, Santiago, vítima de golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet. A data foi lembrada nesta quinta-feira (11) em sessão especial no Plenário, realizada a pedido do senador João Capiberibe (PSB-AP), que foi exilado político naquele país durante o período do governo de Allende.
Salvador Allende tinha 65 anos, e a causa de sua morte - se assassinato ou suicídio - permanece até hoje não esclarecida. O presidente chileno nasceu em 26 de junho de 1908 em Valparaíso, porto do Pacífico. Durante o curso secundário estudou os primeiros textos marxistas, integrando-se a movimentos estudantis e na universidade, ao cursar Medicina, torna-se ativo opositor da ditadura de Carlos Ibañez.
Em 1933, assim que se forma como médico, participa da fundação do Partido Socialista do Chile e dirige a Associação Médica Chilena. Na luta pelo retorno da democracia, Allende é preso de julho a dezembro de 1935, no porto de Caldera. Quando libertado, lidera a criação da Frente Popular.
Elege-se senador pela primeira vez em 1945 e, em 1952, candidata-se a presidente pela Frente do Povo, obtendo 52 mil votos. No ano seguinte, vence a eleição para nova vaga no Senado e, em 1957, candidata-se, pela segunda vez, ao cargo máximo da nação. Perde para Jorge Alesandri. No ano seguinte, visita Havana, capital de Cuba, e conversa com os líderes da revolução cubana, Che Guevara e Fidel Castro.
Além de apoiar os mineiros de carvão, Salvador Allende defende a nacionalização do cobre retirado do Chile e os trabalhadores do setor. Em 1961, é eleito pela terceira vez ao Senado, por Valparaíso e Aconcágua. Concorre novamente à presidência em 1964, obtendo quase um milhão de votos, não suficientes para derrotar Eduardo Frei. Dois anos depois - em 1966 - é escolhido para presidir o Senado e, em 1969, renova seu mandato naquela Casa Legislativa.
Finalmente, em sua quarta campanha presidencial, apoiado pela Unidade Popular - que integrava comunistas, socialistas, radicais e outras correntes populares -, Allende é eleito em outubro de 1970. Nas eleições municipais do ano de 1971, a Unidade Popular obtém maioria absoluta dos votos e são iniciadas reformas de base fundamentais para a democratização do Chile.
Salvador Allende, já prevendo o golpe que sofreria, anuncia, em discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, que seu país é vítima de agressões e ingerências internacionais. É aplaudido de pé. Nos meses seguintes, tem início um processo de oposição e de terrorismo no Chile.
Em 11 de setembro, Salvador Allende morre no palácio do governo, defendendo seu cargo em discurso pelo rádio ao povo chileno em que alerta sobre o golpe e prenuncia os anos vindouros. O Chile permaneceu por mais de 17 anos sob ditadura militar presidida pelo general Augusto Pinochet, líder do golpe de 1973.
11/09/2003
Agência Senado
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