Efraim faz balanço das atividades da CPI dos Bingos



O senador Efraim Moraes (PFL-PB), presidente da CPI dos Bingos, rebateu, nesta quarta-feira (21), as "críticas injustas e improcedentes" da oposição ao relatório do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), aprovado nesta terça-feira (20) por 12 votos a 2.

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Após o encerramento dos trabalhos, o senador Tião Viana (PT-AC) disse que o relatório não atendeu ao fato determinado e ao objeto formal da comissão. Efraim, no entanto, garantiu que "a CPI manteve-se rigorosamente dentro de suas atribuições".

- Não nos desviamos do objeto de nossa investigação. Apenas essa investigação conduziu a cenários e personagens inesperados. Puxamos o rabo do gato e vimos que o rabo era, na verdade, de um tigre. O que estava em pauta era uma imensa teia criminosa em que, como numa caixa de lenços de papel, a cada um que se puxava, outro se apresentava. Não podíamos nos omitir, fingir que não era conosco - justificou o presidente.

Efraim cumprimentou Garibaldi pela "seriedade, honestidade e competência", mas voltou a manifestar sua insatisfação pelo fato de os nomes do ex-ministro José Dirceu e do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, supostamente envolvidos no esquema de corrupção em Santo André (SP), não terem sido citados nas sugestões de indiciamento.

- Incomoda-me o fato de o relatório, que considero no geral excelente, ter sido complacente com esses dois personagens de cuja responsabilidade em múltiplos delitos que investigamos ninguém duvida - observou Efraim, acrescentando que, pessoalmente, acha que a menção caberia também ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, "senão por ação, certamente por omissão diante dos fatos relatados, o que configura também crime de responsabilidade".

O senador fez ainda um histórico dos trabalhos da comissão, lembrando que ela foi instalada com um ano de atraso, circunstância que, por si só, constituiria "um escândalo dentro do escândalo".

A CPI dos Bingos foi criada para investigar a relação das casas de bingo com os crimes de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, bem como sua ligação com o crime organizado, depois que, em fevereiro de 2004, o ex-subchefe da Casa Civil, Waldomiro Diniz, foi flagrado em vídeo negociando propina com empresário de jogos. O dinheiro seria destinado a campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores.

Efraim destacou que uma manobra regimental do governo impediu a instalação da CPI naquela ocasião, e a oposição teve de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que ela entrasse em funcionamento, o que ocorreu em junho de 2005.

Em 356 dias de atividades, como lembrou o senador, a comissão identificou um "gigantesco esquema de arrecadação de verbas destinadas a campanhas políticas e vantagens pessoais, envolvendo parlamentares, assessores e figuras influentes do governo".

"Os tentáculos do imenso polvo", nas palavras de Efraim, levaram à administração do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci em Ribeirão Preto (SP) e conduziram a outras administrações petistas em São Paulo, onde teriam existido irregularidades, como Santo André, Campinas e São José dos Campos.

- Nos deparamos, então, com um triste cenário de rapina, pontuado, em alguns casos, por crimes de morte, que assombraram e entristeceram o Brasil - disse o senador, em referência ao assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002, que, pelas conclusões do colegiado, pode ter tido motivações políticas.

Efraim também fez referência à "Casa do Lobby", mansão no Lago Sul, em Brasília, em que os ex-assessores de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto se encontravam para realizar festas e fechar negócios com empresários mediante tráfico de influência no governo federal. Oseventos do chamado "Grupo de Ribeirão" foram narrados à CPI por testemunhas como o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que teve seu sigilo bancário quebrado ilegalmente, num episódio que culminou na queda do ministro Antonio Palocci.

- A nação pode ter a certeza de que agimos com firmeza e honestidade. O que apuramos fornece informações preciosas para responsabilizar homens públicos que delinqüiram e contribuíram para o desgaste moral e o depauperamento da instituições e dos cofres públicos do país - concluiu o presidente.

Efraim Moraes foi cumprimentado pelos senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), vice-presidente da CPI, Eduardo Suplicy (PT-SP), Romeu Tuma (PFL-SP) e Ramez Tebet (PMDB-MS).



21/06/2006

Agência Senado


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