Efraim pede notícia-crime contra Buratti por divergências entre depoimentos à CPI dos Bingos e a cartório



Ao discursar no Plenário, nesta sexta-feira (22), o senador Efraim Morais (DEM-PB) manifestou "perplexidade e indignação" diante do depoimento "quase secreto", feito em cartório, por Rogério Tadeu Buratti, negando tudo o que havia afirmado em seu depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, em 2005, no qual acusou o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de receber propina de R$ 50 mil mensais da firma Leão&Le;ão.

- Solicito à Mesa do Senado que impetre notícia-crime no Ministério Público contra Rogério Tadeu Buratti, para prestar esclarecimentos sobre a retratação que fez em relação ao seu depoimento na comissão, realizado de maneira livre e sem pressões. O Senado não pode deixar esse episódio passar em branco - protestou Efraim Morais.

Para o senador, tudo o que cerca a retratação da testemunha é estranho e suspeito. O depoimento de Buratti, que foi secretário de governo de Palocci em Ribeirão Preto (SP), foi registrado em junho do ano passado. Conforme disse Efraim, somente agora, quando os jornais noticiam estar próxima a data do depoimento de Palocci ao Supremo Tribunal Federal (STF), no processo referente ao "mensalão" em que o ex-ministro figura como réu, a nova versão de Buratti veio à tona.

- Ao que parece, sob encomenda para a defesa do ex-ministro - destacou o senador.

Efraim enfatizou, com veemência, que, em suas novas declarações, Buratti, que havia acusado Palocci de chefiar um esquema de corrupção junto a fornecedores da prefeitura de Ribeirão Preto, agora nega tudo. Segundo o senador, Buratti diz "não existir um único indício de irregularidade na administração Palocci" e culpa "pressões do Ministério Público" pelo teor de suas declarações iniciais.

Retratação fajuta

Se não bastasse a falta de idoneidade de Buratti para acusar o Ministério Público, segundo Efraim, bastaria recapitular o seu depoimento ao Senado, em que não sofreu qualquer coação, para desmoralizar a "retratação fajuta" que faz do ex-chefe. O senador lembrou que Buratti disse à CPI que "empresas de bingo de São Paulo e Rio de Janeiro contribuíram para a campanha eleitoral do presidente Lula" sem que nenhum senador o pressionasse.

O parlamentar pela Paraíba destacou que as declarações de Buratti foram amplas, desceram a detalhes, mencionando nomes, datas, lugares e cifras. Esses fatos hoje pertencem à História, não sendo possível revogá-los "num gesto furtivo de prestar depoimento às escondidas, num cartório, sem vir a público explicar seu gesto suspeitíssimo", protestou Efraim.

O senador citou palavras do procurador Aroldo Costa Filho, classificando de "falcatrua" a retratação de Buratti. Para o procurador, as declarações iniciais da testemunha representaram o começo da investigação e "tudo o que disse está provado", narrou Efraim Morais, em seu pronunciamento em Plenário.

O senador, que colheu o depoimento de Buratti na qualidade de presidente da CPI dos Bingos, afirmou estar se sentindo "pessoalmente afrontado com esse episódio, um capítulo tardio do mensalão".

Para Efraim Morais, o novo depoimento da testemunha deve ser investigado pelo Senado, com a apresentação de uma notícia-crime junto ao Ministério Público contra Buratti, por ter negado tudo que afirmou à CPI dos Bingos.

22/02/2008

Agência Senado


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