Eleição já provoca trocas de cadeiras
Eleição já provoca trocas de cadeiras
As eleições estão chegando e as mudanças no panorama político começam a acontecer, já visando o próximo pleito. Na Câmara Legislativa, é claro que todos apostam na reeleição, principalmente os deputados distritais que apóiam o governo. São eles alguns dos personagens do troca-troca de posições que deverá ocorrer a partir de fevereiro, nas administrações regionais e secretarias de governo.
O governador Joaquim Roriz já desenhou sua estratégia em relação aos postos que pretende renovar. Ele quer, por exemplo, dinamizar o trabalho em Ceilândia e para conseguir seu objetivo levará para a administração da cidade o administrador Milton Barbosa, atualmente cuidando do Riacho Fundo.
Barbosa é pessoa de confiança da secretária Maria Abadia, coordenadora das administrações regionais e candidata a vice-governadora na chapa de Joaquim Roriz. Marco Lima, administrador do Lago Norte, também conta com o apoio de Maria Abadia e só deve deixar o cargo que ocupa em abril para concorrer a uma vaga na Câmara Legislativa.
Na dança das cadeiras entram vários deputados. Daniel Marques deixará a Secretaria do Trabalho para administrar Planaltina. Anilcéa Machado vai para a Administração de Sobradinho e Carlos (ex-Adão) Xavier sairá da Câmara Legislativa para Samambaia. Por enquanto, esses são os nomes confirmados para os novos postos. Porém, no encaminhamento do processo deverão ocorrer outras mudanças.
E as alterações nos cargos devem ocorrer no máximo até fevereiro, porque todos os interessados em disputar as eleições de outubro devem se desincompatibilizar dos cargos que ocupam seis meses antes do pleito.
Se tomarem posse em fevereiro, deverão deixar seus postos no final de abril. E entre os interessados em disputar a reeleição estão Odilon Aires, atual secretário de Assuntos Fundiários; Tadeu Filippelli, secretário de Obras (concorrerá à reeleição para Câmara dos Deputados) e Edimar Pirineus, secretário de Indústria e Comércio. Ivelise Longhi, secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, e Antônio Barbosa, de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, vão disputar uma vaga para a Câmara Distrital.
As primeiras mudanças
Casa própria para classe média
Caixa está desde ontem com financiamento aberto para atender famílias com renda acima de
12 salários mínimos (R$ 2.160,00)
Desde ontem a classe média já pode obter financiamento para a casa própria pela Caixa Econômica Federal. Ontem, a CEF anunciou a criação de três linhas de financiamento às famílias com renda acima de 12 salários mínimos (R$ 2.160).
Os empréstimos, que foram suspensos em 31 de agosto de 2001, estarão disponíveis nas agência da Caixa em todo o País. Ao todo serão três novas linhas de financiamento.
Os recursos para os financiamentos virão do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que destinará R$ 1 bilhão aos empréstimos habitacionais.
A utilização de recursos do FAT foi aprovada em novembro pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) com a criação do Programa FAT-Habitação.
Os recursos serão liberados em parcelas de R$ 200 milhões por meio de depósitos especiais do Fundo na Caixa. Segundo a CEF, a distribuição regional dos recursos acompanhará o déficit habitacional levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Limite será de R$ 180 mil
A Caixa vai oferecer três linhas de crédito para a casa própria da classe média. O limite máximo de financiamento será de R$ 180 mil para imóveis com valor máximo de avaliação de R$ 300 mil.
A primeira linha, que pode ter até 80% dos recursos totais, é destinada à compra de imóvel na planta e prevê a liberação dos recursos de acordo com a evolução da obra. Neste caso, os juros cobrados serão de Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que está em 10%, mais 4% ao ano.
A segunda é voltada para imóveis individuais e vai beneficiar quem pretende construir o próprio imóvel. Os juros são iguais aos da primeira linha, com a liberação de recursos também seguindo a evolução da obra.
Na última modalidade de empréstimo, específica para aquisição de imóvel novo (pronto há até seis meses), o desembolso dos recursos será feito de uma só vez, e os juros cobrados do mutuário serão de TJLP mais 5,5% ao ano.
Nesta linha, procurou-se garantir um benefício para as pequenas construtoras, que só conseguem vender o imóvel depois de pronto.
Outras linhas estão abertas
Para quem ganha menos doze salários-mínimos (R$ 2.160), as linhas da Carta de Crédito FGTS seguem abertas. Em 2001, já foram assinados 136.754 contratos, no valor de R$ 2 bilhões.
Outras linhas de crédito da Caixa seguem operando normalmente, como o Programa de Arrendamento Residencial (PAR), dedicado a famílias com renda de até seis salários mínimos. Já foram contratadas 50.604 moradias no âmbito deste programa.
Em agosto do ano passado, o governo havia suspendido financiamentos voltados às pessoas com essa faixa de renda acima de 12 salários mínimos.
O FAT vai destinar R$ 1 bilhão em recursos para serem aplicados nesses financiamentos. Os recursos serão liberados em parcelas de R$ 200 milhões por meio de depósitos especiais do Fundo na Caixa.
A distribuição regional dos recursos acompanhará o déficit habitacional levantado pelo IBGE. "A exemplo de outros programas apoiados pelo FAT, este também garante o reembolso ao Fundo nas mesmas regras de remuneração, além de atender de forma plena a geração de emprego e renda", diz o presidente do Codefat, Francisco Canindé Pegado.
Comércio do DF espera melhorias
Os setores industrial e comercial do Distrito Federal começam o ano com precaução, mas otimistas. Para o comércio, a grande expectativa para 2002 é a possível queda na taxa de juros do País. Segundo o presidente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio), Adelmir Santana, o corte nos juros pode significar um bom impulso para o comércio. "Se essa redução nos juros realmente ocorrer teremos, com certeza, uma melhoria no setor", afirma Santana.
Outros dois acontecimentos também devem aquecer o comércio esse ano. As eleições e a Copa do Mundo serão os dois principais trunfos do comércio para fechar o ano de 2002 com números melhores que os alcançados ano passado. Segundo dados da Fecomércio, até novembro de 2001 o setor acumulava uma queda nas vendas de 9,71% no ano, em comparação ao ano anterior. "O comércio deve crescer, mas é um tremendo engano fazer previsões muito otimistas", adverte o presidente da Fecomércio.
No entanto, o começo do ano não será muito positivo tanto para o comércio quanto para a indústria. "Os dois primeiros meses são historicamente de marcados por queda nas atividades econômicas", explica Santana. Para quem está desempregado o período também não será muito favorável. "Até mesmo o número de contratações temporárias caiu ano passado, por isso no começo desse ano não devemos esperar grandes oportunidades", diz Santana.
Para a indústria as expectativas são um pouco melhores. De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra), Lourival Dantas, esse ano será bem melhor que o ano passado. "Como não devemos ter todas as crises que tivemos ano passado a tendência é que seja um ano de reaqu ecimento para o setor", afirma Dantas. Na opinião dele, o setor deve ter um crescimento de 5%, apesar das previsões nacionais ficarem em torno de 2,5%. Ainda segundo ele, as eleições são o principal fator para o aquecimento da economia.
No entanto, o presidente da Fibra adverte para complicações no primeiro trimestre. "Este é um período tradicionalmente desaquecido. Porém, da metade do segundo trimestre em diante a indústria deve crescer muito bem", diz Dantas. Segundo ele, o nível de empregos também deve crescer a partir de meados de maio. "Devemos ter um incremento bom na oferta de emprego nesse período", afirma.
Mercado faz projeções otimistas para 2002
A balança comercial brasileira acumulará um superávit de US$ 5 bilhões neste ano, segundo projeções do mercado financeiro. Para 2001, o saldo positivo projetado é de US$ 2,01 bilhões. O Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter uma expansão de 2,40% em 2002, contra 1,80% no ano passado. A taxa básica de juros deverá cair dos atuais 19% para 17% ao longo deste ano.
Esses números constam da pesquisa diária das expectativas de mercado que o Banco Central faz com um grupo de instituições financeiras. As médias das projeções sobre inflação, juros e outros indicadores econômicos, colhidas no dia 28 de dezembro, foram divulgadas ontem no boletim eletrônico Focus.
A expectativa dos bancos é de que ingressem no País US$ 19,8 bilhões em investimentos estrangeiros diretos em 2002, contra US$ 16 bilhões no ano passado.
As instituições financeiras estimam que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche em 7,4%, no ano passado. Esse é o índice utilizado no sistema de metas de inflação, que consta do acordo brasileiro com o FMI. A meta para 2001 era uma inflação de 5,8%, admitida uma margem de estouro de até 2 pontos percentuais, para mais ou menos. Para 2002, a estimativa é de um IPCA de 4,8%.
IPTU e IPVA podem ser pagos sem multa
Hoje é o último dia. Prazo foi prorrogado pela Secretaria da Fazenda para quem deve os 2 impostos .
Quem ainda não pagou o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de 2001 tem até hoje para escapar da multa e não ser incluído na dívida ativa do Governo do Distrito Federal. A Secretaria da Fazenda prorrogou o prazo de pagamento da dívida para hoje, ainda sem prejuízos para o contribuinte. O prazo anterior vencia no dia 28 de dezembro.
Vale lembrar que a dívida que não for paga terá multa de 10% sobre o valor, mais 1% de juros a cada mês. Além disso, caso a Receita classifique o não-pagamento da dívida como sonegação fiscal, o valor da multa aumenta 20 vezes, passando para 200%. Outro castigo para quem não quitar a dívida até hoje é a proibição de transações comerciais com o imóvel ou o veículo a que se referir o tributo do devedor incluso na dívida ativa. Também ficam proibidas as participações em licitações e em contratos com órgãos públicos.
Os pagamentos devem ser feitos em agências bancárias credenciadas dos principais bancos, como Banco do Brasil, BRB e Unibanco, exceto CEF e Itaú. Quem perdeu o boleto para quitação da dívida pode retirar a 2ª via nas agências da Secretaria da Fazenda a partir das 9h de hoje. O boleto para quitação da dívida também pode ser retirado pela Internet, no site da Receita ( www.fazenda.df.gov.br ).
Segundo levantamento feito pela Secretaria de Fazenda, cerca de 180 mil contribuintes ainda estão em débito. Juntos, eles devem R$ 87 milhões aos cofres do GDF.
De acordo com dados da Subsecretaria de Receita, a inadimplência neste ano girou entre 20%, quando o habitual é de 10% a 11%.
Quanto custa
Preço da gasolina cai, mas não tanto como prometido
No Distrito Federal redução deve ficar em 11,06% e não nos 20% anunciados pelo presidente Fernando Henrique.
Desde ontem à tarde, alguns postos de combustíveis do Distrito Federal estão vendendo a gasolina comum entre R$ 0,19 e R$ 0, 21 mais barato. O valor do litro do combustível deve ficar entre R$ 1,55 e R$ 1,57, com uma redução de 11,06% sobre o preço médio cobrado até ontem (R$ 1,76).
A queda no preço da gasolina está inferior aos 20% que haviam sido prometidos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, no final do ano passado, com a redução de 25% nos preços do combustível nas refinarias.
A redução no preço do produto dependerá da distribuidora e da renovação dos estoques de cada posto. A previsão é de que isso ocorra até sábado.
As distribuidoras estão concedendo percentuais diferenciados, que variam de 11,96% a 13,35%, para a gasolina comum. Haverá queda de preço também para a gasolina aditivada e o óleo diesel, em percentuais diferenciados.
De acordo com Carlos Recch, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do DF (Sinpetro), a medida irá beneficiar os consumidores e os donos de postos. "Isso é bom porque você vai investir menos no produto, vai reduzir o percentual que se paga para o cartão de crédito e diminuir o capital de giro."
Antes da redução do preço, os donos de postos precisavam de R$ 17.400 para se comprar dez mil litros de gasolina comum. Agora, com a redução, o mesmo volume do combustível custará R$ 15.700 – R$ 1.700 a menos. "Significa que vamos precisar de menos capital de giro," comemora Carlos Recch.
E a medida está agradando principalmente os proprietários de veículos a gasolina, como José Edson Ferreira Bezerra, 27 anos. Ontem ele parou num posto e pediu ao frentista para colocar R$ 10,00: "Só vou encher o tanque depois que o preço estiver reajustado." José Edson lembra que gastava R$ 79,20 para completar o tanque de 45 litros. A partir de agora, a economia será de R$ 8,55 cada vez que parar na bomba. "A economia é significativa," confirma.
Diesel mais barato 5,7%
A geógrafa Elce Fernandes Abdulmassih, 45 anos, diz que está feliz com a possibilidade de pagar menos pelo combustível que gasta. Ela foi a um posto de gasolina ontem pela manhã, mas colocou pouco combustível: "Vou esperar até o preço baixar para encher o tanque."
Elce Fernandes diz que gastava R$ 96,80 para encher o tanque do seu Peugeot, com capacidade para 55 litros. E agora precisará de R$ 86,35, o que representa uma economia de R$ 10,45. Ela acha que a queda no preço da gasolina ajuda a começar bem o ano.
No caso do óleo diesel, a redução de preço varia de 2,49% a 5,7%. O litro do diesel custava R$ 0,90 e agora deve ficar em torno de R$ 0,88. O preço do litro do álcool continua o mesmo – R$ 1,18.
Segundo o presidente do Sinpetro, Carlos Recch a gasolina teve uma redução de 20% nas refinarias. "Tá bom demais. Isso nunca aconteceu antes," lembra. Até 9 de abril do ano passado, a gasolina custava R$ 1,62 em média e nesse dia baixou para R$ 1,55. ´Voltou a ser reajustada em 6 de julho, indo para R$ 1,68. No começo de outubro o litro passou a custar R$ 1,76, preço que vig orou até ontem.
Dia 10 de janeiro, as distribuidoras irão aumentar o percentual de álcool na gasolina de 22% para 24%. Com essa alteração na sua composição, o produto deverá ficar um pouco mais barato, estima Carlos Recch. Segundo ele, uma maior queda nos preços dos combustíveis irá depender da variação do dólar.
Rogério Caetano, gerente do Posto Parque da Cidade, diz que a orientação é estar com os preços reajustados para baixo até segunda-feira. Mas vários postos reduziram os preços nas bombas ontem mesmo. (L.A.)
Gros assume Petrobras e promete defender ecologia e investir em gás
A área de combustível no Brasil está, desde ontem, sob novo comando. Ontem, tomaram posse o novo presidente da Petrobras, o economista Francisco Gros, e o da Agência Nacional (ANP), embaixador Sebastião do Rêgo Barros,
Gros substitui Henri Philippe Reichstul, que permaneceu por dois anos e meio no cargo.
Em seu discurso, Gros disse que o seu trabalho será dar continuidade ao que foi feito durante a gestão anterior. "Creio que a continuidade é a palavra que resume o cerne desta transição no comando da Petrobras. Neste ano, não há muito o que inventar", disse.
Gros destacou como fundamentais os temas da defesa do meio ambiente, dos investimentos em gás e energia e da busca pela competitividade internacional.
Em relação ao tema gás e energia, Gros afirmou que a empresa está com um programa de investimentos da ordem de US$ 2,3 bilhões a serem aplicados em 21 usinas termelétricas, adicionando 8.300 MW ao sistema elétrico brasileiro até 2005. Além disso a estatal mantém um programa de construção de mais de 5.000 km de gasodutos no Cone Sul.
Rêgo Barros, ex-embaixador do Brasil na Argentina, assumiu a ANP prometendo, se necessário, usar o poder regulatório da agência para garantir a abertura do mercado, mesmo contra a vontade da Petrobras.
Artigos
Crianças ricas e pobres
Sylvio Guedes
Outro dia tive um sonho estranho, desses que costumam me acometer quando como demais à noite. Por uma razão que só os mistérios da digestão podem explicar, vi-me transportado para um lugar miserável, uma invasão como as que sempre ouvimos falar nos jornais.
E lá estavam os barracos, coisas velhas espalhadas pelo barro, cachorros vira-latas perebentos passeando sem destino, esgoto correndo pelos cantos das vielas improvisadas, a poeira subindo e misturando ao cheio de gordura que saía das cozinhas equipadas com pequenos fogareiros.
E as pessoas, naturalmente. Muitas, incontáveis. Todas pobres, paupérrimas. Eu caminhava entre elas como se fizesse parte daquele ambiente. Só que, por estranho que possa parecer, era como se elas não me vissem. Passeava entre elas como um espectro, sem ser notado.
Aproximei-me de uma criança de uns seis anos, descalça, pés imundos, nariz escorrendo, tão jovem e já carregando no colo outro curumim ainda menor, talvez de meses, certamente um irmão menor a quem lhe coube pelo destino cuidar.
Afago a cabeça de cabelos muito crespos e muito escuros. É um choque! São duros, grudados. Em pleno sonho, o que é uma impossibilidade científica, sinto o cheiro acre da sujeira. Aquele menino não toma banho há dias. Vai ficar doente. Deve estar cheio de piolhos.
Ele é muito diferente das crianças com as quais convivo, os coleguinhas de colégio dos meus filhos. Diferente e, ao mesmo tempo, igual. Sua mãe teve outros rebentos, como ele, talvez por aí vendendo flores ou tomando conta de carros.
O menino não parece se importar se seu cabelo é duro ou não. Ele está feliz, dá muitas risadas, sentado na terra, irmãozinho no colo, divertindo-se com um caco que outrora foi um reluzente carrinho e entretia outra criança, em um apartamento do Plano Piloto.
Dentro do sonho, penso... Criança rica, criança pobre. Cabelo tratado a xampu e creme rinse, cabelo duro que não vê água há muito tempo. Lenços de papel, nariz escorrendo meleca. Babá uniformizada, bebê largado na poeira. O menino do creme rinse sonha ir à Disney e joga videogame. Seus pais querem férias regadas a vinho em Paris. O garoto da favela só sonha em poder um dia sonhar. Brinquedos, só se estiverem quebrados. Sua mãe, largada do pai que nunca conheceu, só quer um lote para montar um barraco. Qual a diferença? Qual o crime?
Antes que algum zeloso senhor da verdade me venha falar em legalidade e ilegalidade, acordo do sonho. O menino e seu cabelo duro desaparecem. Acho que, enfim, fiz a digestão.
Colunistas
Para variar, culpa do governo
Claudio Humberto
São Pedro não tem culpa das tragédias causadas pelas enchentes. A culpa é mesmo do governo: o programa orçamentário “Construção de Obras de Contenção de Enchentes”, do Ministério da Integração Nacional, viu em 2001 apenas 20,5% dos R$ 256.884.742,00 fixados no Orçamento. No final de 2001, só R$ 52,7 milhões haviam sido gastos. O deputado Agnelo Queiroz (PCdoB-DF) constatou a leviandade no Siafi, o Sistema de Administração Financeira do governo.
Para o Rio, nada
O Rio de Janeiro não viu um só vintém do programa para obras de contenção de enchentes, do Ministério da Integração Nacional. Se tivesse recebido os R$ 28,6 milhões previstos no Orçamento da União, certamente muitas vítimas teriam sido poupadas em Petrópolis.
À Paraíba, tudo
Só a Paraíba recebeu 100% dos R$ 10,9 milhões destinados pelo Orçamento para contenção de enchentes, em 2001, até porque precisava mesmo dos recursos. Por coincidência, é o Estado do ministro da Integração Nacional, senador Ney Suassuna, que gerencia o programa.
Wermus: fora da lei
O namorado de Marta Suplicy não está sujeito apenas a processo por falsidade ideológica (seu nome não é “Luis Favre”, mas Felipe Belisario Wermus). O Estatuto do Estrangeiro (artigo 107) o proíbe de se imiscuir em assuntos políticos no Brasil. Tem visto de turista, mas é “assessor internacional” do PT. Turista pendura máquina fotográfica no pescoço, e não crachá de militante, em recente encontro do partido em Olinda (PE).
Cala-te boca
Há uma semana o empresário Sílvio Santos teria sofrido uma nova tentativa de seqüestro, segundo circula nos meios policiais paulistas, mas o fato é negado por fontes do SBT.
Arquivo queimado
Não é verdade que a Polícia Civil paulista vai publicar nota de condolências pela morte de Fernando Dutra Pinto, seqüestrador de Patrícia Abravanel
SP às moscas
Como a chefe enforcou todos os dias úteis desde o Natal, o secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo, João Sayad, resolveu esticar. A exemplo de Marta Suplicy, só volta da França no próximo fim de semana.
FhC e os amigos
A Klabin Kimberly, que reduziu em dez metros o rolo de papel higiênico que fabrica, é também má pagadora: está inscrita no Cadin, cadastro de inadimplentes do governo federal. Os registros foram feitos pela Receita Federal, em setembro, e pelo Inmetro catarinense, em outubro de 2001. E pensar que FhC festejou o Natal numa fazenda do grupo Klabin...
Lula e os amigos
Lurian, filha de Lula, mora em Blumenau (SC) num apartamento cedido por Arlindo Franceschi, que, além de empreiteiro, renunciou ao mandato de vereador, em 1996, para não ser cassado. O prefeito petista Décio Lima, acusado de improbidade pelo Ministério Público, botou o amigo na confusão: “respeitem o Lula!”, grita aos interessados no escândalo.
Capitalização suspeita
Só sob pressão de um ministro e dois senadores, o presidente da Brasilcap, Paolo Zaghen (ele mesmo, ex-presidente do BB), decidiu apurar as possíveis irregularidades no sorteio de títulos de capitalização da Brasilcap, realizado aos sábados no Rio. A denúncia ocorreu dia 28 de novembro, e desde então os envolvidos vinham se fingindo de mortos.
Cadê a estrela?
Depois de tanta luta, a diretoria do Atlético Paranaense ainda não botou a estrela de campeão no escudo que enfeita a entrada principal da Arena da Baixada, seu estádio em Curitiba. Que coisa.
Meu sogro, meu tesouro
Andréa Brito Dias tirou zero no concurso para defensor público no Rio. Apelou ao pai, José Brito da Cunha, juiz de Brasília, que ameaçou pelo telefone o procurador-geral Marcelo Bustamante, alegando fraude e amizade com o governador Garotinho. Ela é mulher de Oscar Dias, defensor que foi aos jornais questionar a eleição na associação da categoria. Dias deve levar bomba no inquérito disciplinar já instaurado.
Propaganda enganosa
O empresário Eduardo Gribel e o presidente da Caixa de Assistência dos Funcionários da Cemig, José Domingos Furtado, fizeram valer o Código de Defesa do Consumidor no réveillon do Hotel Intercontinental, no Rio. No site do hotel a entrada custava R$ 140, mas tentaram cobrar R$ 300, por cabeça. Depois de um “barraco básico”, o hotel topou “reconsiderar”.
Deficiente segregado
No Aeroporto de Congonhas (SP), a TAM já não transporta deficientes em ônibus ou viaturas especiais, em dia de chuva. Na tarde de 29 de dezembro, passageiro do vôo 3944 carregou o filho, jovem deficiente, debaixo de chuva, até a aeronave. Carta do Centro de Informação de Pesquisa da Síndrome de Down foi ignorada até agora pelo presidente da TAM, Daniel Martin. A entidade vai processar a empresa.
Presidência-rodízio
O novo presidente da Argentina já pode ir se preparando para entrar rapidinho na História como Eduardo “Debalde”.
Correção e censura
Nos tempos sombrios da ditadura, João Clímaco D’Almeida era deputado pela Arena e Celso Barros pelo MDB. Eram amigos e vizinhos: moravam no mesmo prédio, em Brasília, e mantinham uma curiosa rotina: à noite, D’Almeida empurrava folhas de papel por debaixo da porta de Barros e, na manhã seguinte, o movimento se invertia. João Clímaco explicou:
– É que à noite eu deixo o meu discurso com o Celso para ele corrigir os erros de português. Pela manhã ele deixa os dele, para que eu corte os trechos subversivos...
Editorial
Dois pesos, duas medidas
Alguns postos de gasolina estão desde ontem cobrando mais barato o litro da gasolina. O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, no ano passado, que o preço cairia cerca de 20% no dia 2 de janeiro, mas a queda deverá ser bem mais modesta, por volta de 10%. O problema, no entanto, não reside apenas nessa grande diferença entre a palavra do presidente e a realidade dos postos.
Quando os preços dos combustíveis aumentam, os donos de postos imediatamente fazem o reajuste, sem esperar o final do estoque antigo, mais barato. Quando os preços caem, como agora, esses mesmos proprietários afirmam que só vão diminuir o preço cobrado nas bombas quando o estoque antigo acabar. Muito justo. O que não é justo é a existência de dois pesos e duas medidas para os consumidores. Seria bom que, daqui em diante, num provável aumento, os donos de postos também esperassem os estoques antigos acabarem antes de majorar os preços. Os consumidores merecem essa consideração.
Não se cobra aqui um controle do governo sobre os preços, já que eles estão liberados, mas uma maior consciência dos donos de postos, que precisam entender que a livre concorrência implica em respeito aos consumidores. Só assim o mercado poderá, efetivamente, ditar os preços. O que seria bom para todos.
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01/03/2002
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