Políticos apressam trocas de partido
Políticos apressam trocas de partido
Prazo para filiação de quem pretende ser candidato às eleições de 2002 termina amanhã .
O troca-troca de partidos acelerou-se ontem: afinal, termina amanhã o prazo para a filiação de quem for candidato às eleições de 2002. Até sábado, os partidos precisam aprovar formalmente as filiações. Até ontem, 57 deputados e 12 senadores haviam trocado de partido.
Um dos requisitos da legislação eleitoral para as candidaturas em determinada eleição é a filiação ao partido pelo menos um ano antes. Por essa razão, os pedidos de troca de partido precisam estar aprovados até sábado. O primeiro turno das eleições será em 6 de outubro de 2002.
Ontem, ocorreram várias mudanças de partido. O governador de Minas, Itamar Franco, permanece no PMDB, mas exigiu que seu grupo político ocupasse a primeira vice-presidência do partido. A Executiva Nacional aceitou o pleito.
A festa de filiação do senador Sérgio Machado (CE) ao PMDB, realizada ontem no Senado, foi palco de críticas ao governo federal e ao governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), inimigo político do parlamentar. O evento também foi usado para lançar Sérgio Machado candidato ao Governo do Estado.
O presidente Fernando Henrique perdeu ontem para o PT um auxiliar que cuidava da construção de usinas termelétricas. O diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Delcídio do Amaral Gomez, entregou o cargo e, em seguida, assinou a ficha de filiação ao partido. "Estou saindo do governo para ser candidato ao Senado pelo PT de Mato Grosso do Sul", disse Gomez.
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Almir Pazzianotto, está entre os cogitados do PSB para uma candidatura da legenda ao governo de SP.
Jader chega hoje e ainda tenta fazer suspense sobre renúncia
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) reafirmou, ontem, em Belém, ao deixar sua residência na capital paraense, que hoje de manhã ele vai a Brasília para anunciar se renuncia ou não a seu mandato.
Questionado se a ida, ontem de manhã, de um assessor dele a Brasília já teria como objetivo levar a carta de renúncia, Barbalho respondeu: "Não, não, não! Não existe isso. Isso eu farei pessoalmente".
Desde as 9h30 de ontem, o senador esteve reunido com seu segundo suplente, Fernando Castro Ribeiro, em sua residência, localizada no bairro Batista Campos, na região central de Belém.
Ao deixar o local, Ribeiro negou que tenha formalizado ao Senado seu propósito de assumir a vaga a ser deixada por Barbalho. De acordo com o próprio senador, isso somente poderá ocorrer no momento em que ele efetivamente vier a se afastar do Senado. Barbalho disse que é "constitucional" o fato de Ribeiro assumir sua vaga, caso venha a renunciar.
O tempo é agora o maior inimigo de Jader Barbalho para tentar livrar-se da iminente cassação de seu mandato, se não renunciar.
Ele tentava até ontem agilizar a realização de uma perícia judicial nos documentos do caso Banco do Estado do Pará (Banpará).
Não conseguiu. Com o resultado dessa perícia, a intenção era enfrentar o processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. A perícia, na verdade, ainda nem começou. O perito indicado pelo Tribunal de Justiça, Marco Aurélio Pimentel, tem 60 dias para concluir o trabalho.
"Se essa perícia sair a tempo, não renuncio, encaro o Conselho e provo a minha inocência", disse Jader se esforçando para esconder o evidente sinal de quem estava prestes a jogar a toalha em sua luta para permanecer no cargo. "Se não der, renuncio e coloco meu destino político nas mãos do povo paraense", afirmou.
Comissão aprova parlamentarismo
A comissão especial da Câmara que trata da emenda constitucional instituindo o parlamentarismo aprovou ontem o substitutivo do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), que prevê um prazo de sete anos para a plena adoção do novo sistema. A proposta, que foi aprovada por 19 votos a favor e um contra, terá de ir ao plenário da Câmara para votações em dois turnos e ao Senado.
Justiça afasta diretora do BC
A Justiça Federal determinou que a diretora de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, seja afastada de suas funções, tenha seus bens bloqueados e seus sigilos telefônico, bancário e fiscal quebrados. A informação foi divulgada ontem pelo procurador Luiz Francisco de Souza, um dos responsáveis pela ação. Até o início da noite, o BC não havia recebido a determinação da Justiça.
Suíça pede provas contra Maluf
As autoridades suíças alertaram que só poderão cooperar nas investigações sobre supostos contas do ex-prefeito Paulo Maluf no exterior se o governo apresentar evidências de transações ilegais e suspeitas de corrupção. "Caso o Brasil não envie uma documentação completa, não podemos avaliar o caso nem abrir uma investigação", disse uma assessora do Departamento de Justiça suíço.
Artigos
Zelando pela imagem do metrô
Sylvio Guedes
Tão importante quanto o próprio metrô é a criação de um sistema de integração que assegure ao usuário do transporte coletivo do DF o deslocamento por toda a área de cobertura com a mesma tarifa e com o uso do mesmo bilhete. É o lógico, é o certo, é o que deve ser feito.
É, aliás, assim em quase todas as cidades que implantaram transporte de massa de modo ferroviário, como é o caso do nosso metrô de superfície. Sem a adaptação da frota convencional e da frota alternativa ao uso dos bilhetes com tarja magnética, mediante a instalação de catracas eletrônicas, é virtualmente impossível assegurar-se ao passageiro o transporte pleno de casa para o trabalho, a escola, a igreja etc.
Não se pode imaginar que a entrada em operação do metrô vá deixar sorrindo de uma orelha à outra os proprietários das empresas de ônibus. Mas o governo deve agir para evitar que esse desconforto se confunda com atitudes que venham a causar dano ao interesse público. O metrô veio para ficar, é uma conquista do trabalhador, o mais beneficiado por um transporte mais rápido, mais moderno e mais barato.
Só quem mora a dez minutos do trabalho e não precisa madrugar para pegar no batente, só quem entra no seu carrinho no conforto da garagem ao invés de batalhar de pé por uma vaga nos pontos de ônibus pode criticar a obra. Pode-se discutir o custo final, pode-se reivindicar novas linhas para áreas ainda não abrangidas (o que está, aliás, previsto), pode-se até criticar a demora em sua conclusão, mas não o metrô em si, ou a solução que ele incorpora em termos de adensamento urbano e de direcionamento da expansão econômica e populacional.
Por tudo isso, zelar pela boa imagem do metrô é uma das mais preciosas tarefas que o GDF deve hoje desempenhar. Pode até ser a melhor solução para a comunidade e para o governo, mas muita gente, por exemplo, não está recebendo com bons olhos a disposição do GDF de privatizar a operação do metrô. E isso é um problema de imagem que precisa ser enfrentado.
Falta informação para que as pessoas entendam que o patrimônio continuará nas mãos do estado, e que os concessionários do transporte terão que submeter-se à política de tarifas decidida pelo GDF e à fiscalização pela qualidade, pela pontualidade e pela regularidade do serviço.
Talvez iniciar uma nova campanha de esclarecimento contribua para tirar as dúvidas que as pessoas têm sobre o tema. E ajude a afastar da discussão, fundamentalmente técnica e administrativa, o eterno e lamentável componente de confrontação política que tantas vezes marca os principais debates em nossa cidade.
Colunistas
Claudio Humberto
Os encantos da mordomia
Cristovam Buarque (PT), ex-governador do DF, parece sentir falta da liturgia do cargo e do nepotismo. Com base numa lei a que seu partido se opôs, concedendo mordomias a ex-governadores, ele requereu ao governo de Brasília, como "segurança", o major Luciano Buarque, da PM local. O pedido sequer foi deferido, porque enviado à pessoa errada, mas o major, seu sobrinho, já está a seu serviço, às custas do contribuinte.
Risco de tragédia
O serviço secreto advertiu o comando da PM do Paraná para o risco de tragédia, no jogo Brasil x Chile. É que foram vendidos 60 mil ingressos e o estádio suporta só 52 mil pessoas. Os arapongas da P-2 suspeitam que o inefável Oinareves Moura, da Federação Paranaense de Futebol, é o responsável pelos 8 mil ingressos excedentes, entregues a cambistas.
Fogo!
FhC diz que pode usar a Lei do Abate para derrubar "aviões ilícitos". Podia começar com os "vôos da alegria" da FAB.
Quem investiga o TCU?
Comprovante em poder da coluna mostra que o Tribunal de Contas da União superfaturou, quem diria, a compra de 180 conjuntos de cartuchos para impressora HP. Na loja mais careira de Brasília, a CTIS Informática, o conjunto (colorido e P&B) custa R$ 195,20, mas ao TCU custou R$ 323 cada um, numa Gênese Informática Ltda. Pagou R$ 23.004,00 a mais.
Só para lembrar
Para Osama bin Laden, 12 de outubro não é Dia das Crianças. É a descoberta da América.
Zecarlinhos no ventilador
Benedito Raymundo dos Santos, o Bené, que está preso, confirma à coluna e acusa o deputado José Carlos Fonseca Filho (PFL-ES) de chefiar o esquema de corrupção no governo do Espírito Santo. Ex-caixa 2 do governador, Bené inocenta o cunhado de José Ignácio e diz que "Zecarlinhos" é quem controlava a movimentação financeira do esquema.
Longe do inferno
A carta de renúncia de Jader Barbalho, entregue ontem reservadamente, será lida apenas hoje no plenário do Senado. Ele impôs essa condição, para estar longe de Brasília no momento em que o fato for consumado.
Advogado roceiro
Saulo Ramos voltou a brilhar ontem no STJ, em Brasília. "Fui para a roça, onde estava fabricando queijo e comendo jaboticaba, aproveitando a literatura, mas tive de voltar". Voltou justamente no caso que advogava quando encerrou a carreira, em que o Bradesco defende a correção do financiamento da casa própria pelo IPC. "Acho um absurdo que tenha recebido 18 embargos desde então", criticou, para deleite dos ministros, que querem limitar o número abusivo de recursos hoje existentes.
Escândalo na paróquia
O conselho de ética da igreja presbiteriana decide até o final do mês se expulsa o pastor Nehemias Marien, por casar simbolicamente casais gays e se relacionar com espíritas na igreja de Copacabana, no Rio. O assunto foi destaque nos sites internacionais para homossexuais. Marien diz acreditar que a igreja reconhecerá que pecado é não amar os gays.
Taxa oportunista
Sai a "taxa de guerra" e entra a "autorização para embutir o valor da taxa no preço da passagem". Com os custos fiscais, a incorporação provocará reajuste até 25%. Enquanto isso, naquele país do norte vítima de ataques terroristas, as empresas aéreas, em crise, vendem passagens a preços simbólicos e sorteiam milhares, para incrementar a demanda.
País do presente
O ex-deputado Augusto Ariston, chefe da Casa Civil do governador Anthony Garotinho, lança hoje no Museu da República, no Rio, às 19h, o livro Brasil, País do presente (Palavra&Imagem, 233 pp.), no qual procura derrubar o mito de "país do futuro" e abre a discussão sobre o socialismo à brasileira, que, para ele, logo vai triunfar.
Ministro queimadão
Um boneco simbolizando o bronzeado ministro Paulo Renato (Educação) foi incinerado durante manifestação em que 25 mil pessoas protestaram em Brasília, ontem, contra a (falta de) política de educação do governo. Tudo a ver: ninguém está mais queimado no Planalto, pela idéia fixa de ser candidato a presidente quando não se viabiliza nem como vereador.
Pensando bem...
...o que vai fazer esse povo todo demitido mundo afora? Trabalhar para Osama bin Laden?
Retífica CH
O novo presidente da estatal BR Distribuidora, Júlio César Carmo Bueno, não responde a seis processos no Tribunal de Contas da União, por irregularidades na sua gestão no Inmetro, como esta coluna informou. Responde a 22. Foi por isso que a sua indicação chegou a receber veto da Agência Brasileira de Inteligência (sic), que o queria longe do erário.
Saída mirim
O senador Freitas Neto (PI) ganhou a vida no PFL e até foi o único a chefiar o Ministério da Reforma Institucional (Miri), criado por FhC especialmente para ele, e que aliás não reformou coisa alguma.
Agora ele subiu no muro tucano. A moeda de troca, dizem pefelistas, foi a autorização do MEC para abrir cursos superiores de sua propriedade.
Poder sem pudor
Como uma criança
Em março de 1965, Carlos Lacerda discursava na Câmara quando foi aparteado por Heráclito Rego (PSD--PE), que o chamou para a briga. Lacerda tentou ignorar a provocação, dizendo que faltava a Rego estatura para o debate. O pernambucano insistiu e Lacerda fulminou:
– Eu diria, como se diz às crianças: perdoe-me Vossa Excelência se assim o faço, porque as crianças me merecem respeito. Portanto, deputado, cresça e apareça.
Editorial
Novos tempos
O presidente Fernando Henrique Cardoso, ao querer dar uma força para a seleção brasileira de futebol, acabou derrapando numa antiga visão que os os nossos dirigentes políticos têm sobre a maioria da população. Segundo o presidente, que é sociólogo, uma desclassificação da nossa equipe para a próxima Copa do Mundo seria mais grave, para essa população, do que qualquer crise econômica.
A população brasileira, ou o povo brasileiro, não são mais ingênuos a esse ponto, se é que um dia o foram de verdade. A comoção nacional, provocada pela derrota em 1950 em uma final contra o Uruguai, ocorreu em uma situação especial, quando todos, imprensa e políticos, davam como certa a nossa vitória e já tinham até agendados festas para a comemoração.
A população foi, de certa forma, traída àquela época. Vendeu-se um peixe maior do que realmente era. A seleção uruguaia era uma das melhores do mundo e poderia, sim, sair vitoriosa na final.
Hoje, a população brasileira não trocaria mais empregos, estabilidade econômica, e saúde e educação para os filhos, por uma vitória numa competição. A população brasileira amadureceu e espera apenas que o Brasil volte a jogar o futebol alegre que fez dele uma referência para o esporte mundial.
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