Elevação da meta de superavit primário é resposta à crise e não tem relação com a Selic, diz Mantega



O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (29) que a elevação da meta de superavit primário em cerca de R$ 10 bilhões é uma resposta à crise econômica internacional e não uma sinalização para o Banco Central (BC), às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na próxima quarta-feira (31), o comitê anuncia a taxa básica de juros que irá vigorar até 19 de outubro.

O superavit primário é a economia que o governo precisa fazer para pagar os juros da dívida pública. Para 2011, a meta foi estabelecida inicialmente em R$ 81,8 bilhões, passando agora para R$ 91 bilhões. O valor deve ser atingido pelos três órgãos que formam o Governo Central: Previdência Social, Banco Central e Tesouro Nacional.

“Estamos respondendo à situação internacional. Estamos nos precavendo a um possível agravamento desse cenário para impedir que o Brasil tenha o mesmo destino dos países avançados”, disse Mantega. O ministro destacou que, na verdade, é a crise internacional que está na “linha de preocupação do governo”, sendo necessária a criação de uma proteção para que o Brasil continue na “trajetória de crescimento com o mínimo de desgaste”.

Mantega disse ainda que, com a elevação do superavit, o governo fortalece a estratégia que vem sendo mantida ao longo dos anos de crescimento sustentável baseado em fundamentos econômicos sólidos. “Conseguimos conciliar uma situação fiscal mais sólida, ou seja, em nenhum momento, crescemos com base no endividamento ou permitindo que a inflação voltasse”.

O ministro lembrou que, na crise de 2008, o desempenho da economia brasileira forçou o governo a reduzir o superavit primário, mesmo com um desempenho melhor do que o da maioria dos países. “Não mudou nada da estratégia [em relação a 2008]. Todas as medidas que estamos tomando, o [Plano] Brasil Maior, o aumento de crédito e redução de tributos para as pequenas empresas vai no sentido de fortalecer o trabalhador brasileiro e o empresário para gerar empregos e o Brasil continuar crescendo”.

O aumento da meta do superavit primário, segundo ele, abre caminho para a ampliação dos investimentos. Segundo o ministro da Fazenda, para que o crescimento seja sustentável nos próximos anos é preciso aumentar os investimentos. “Nosso nível de investimento aumentou, mas ainda é insuficiente para manter um nível de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] que queremos, de 5%, 5,5% ou até mais do que isso. É uma prioridade e temos que permitir que isso aconteça”.

Para Mantega, mesmo com o alcance de cerca de 80% da meta de superavit primário nos sete primeiros meses do ano, se não houvesse o aumento do esforço fiscal, o governo poderia estar passando a ideia de que seria possível aumentar os gastos de custeio. “Nós não vamos gastar a arrecadação que vier a maior”.


Fonte:
Agência Brasil



29/08/2011 20:10


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