Em apartes, quinze senadores comentam primeiro discurso de Collor



 Quinze senadores apartearam nesta quinta-feira (15) o pronunciamento de estréia do senador Fernando Collor (PTB-AL). O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), primeiro a se manifestar, disse que o ex-presidente está anistiado pela Justiça e pelo voto popular.

Collor foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das acusações contra ele e foi eleito senador por Alagoas nas últimas eleições com mais de 550 mil votos.

Arthur Virgílio disse também que Collor teria terminado seu mandato se tivesse mantido uma relação "mais aberta" com o Congresso.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse ter orgulho de ter participado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI do PC) que culminou no processo de impeachment de Collor. Entretanto, afirmou que vai tratar o senador Collor com o mesmo respeito e consideração com que trata os outros parlamentares, "sem revanchismo e com o reconhecimento da vontade legítima e democrática do povo de Alagoas".

Mercadante disse não compartilhar da opinião de que os trabalhos da CPI do PC ou o processo de impeachment tenham sido ocasionados pela "falta de uma relação republicana entre o governo e o Congresso". O senador paulista citou políticos como Mário Covas, Pedro Simon, Maurício Corrêa, Jackson Pereira, Eduardo Suplicy e Pedro Simon que também participaram da CPI, para dizer que eles estavam convictos da necessidade da apuração dos fatos e da busca da verdade diante das graves denúncias que tinham sido apresentadas.

- Considero que estava contribuindo para a transparência, para a ética na política, para a mudança e para o aperfeiçoamento das instituições democráticas do Brasil - disse Mercadante.

O líder do PTB no Senado, senador Epitácio Cafeteira (MA), registrou que o ex-presidente Collor foi inocentado pelo STF e congratulou se com o colega de partido por sua eleição ao Senado.

- Sou um homem feliz, porque tenho a oportunidade de ser o líder de um ex-presidente que nunca se esqueceu de dar ao povo a demonstração do que foi o seu governo, e da injustiça que sofreu - afirmou Cafeteira.

Romeu Tuma (PFL-SP), que era diretor-geral da Polícia Federal e da Receita Federal no governo Collor, agradeceu a confiança do ex-presidente à época e reconheceu que Collor teve interesse em apurar as denúncias que apareciam.

Tasso Jereissati (PSDB-CE) comparou a reação de segmentos da sociedade em relação às denúncias contra o governo Collor, no início dos anos 90, e em relação às denúncias contra o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele recordou que pessoas públicas, como artistas, que ousaram ser favoráveis a Collor foram criticadas, enquanto hoje grandes artistas dizem que "isso faz parte da política; que isso é assim mesmo". O senador acrescentou que a experiência de vida e política de Collor vai contribuir para as atividades do Senado Federal.

Já o senador Mão Santa (PMDB-PI) recordou que à época era prefeito de Teresina e afirmou que Collor foi "um extraordinário presidente da República".

- E queria dizer o seguinte: errar é humano. Acho que o Congresso errou - afirmou Mão Santa.

Valdir Raupp (PMDB-RO) lembrou que foi um seguidor de Collor no extinto Partido da Renovação Nacional (PRN), único período em que ficou fora do PMDB. E elogiou o seu retorno ao cenário político nacional, dizendo que "nunca é tarde para recomeçar".

Sérgio Zambiasi (PTB-RS) disse que milhões de brasileiros estavam acompanhando o pronunciamento histórico de Collor e relatou ter sido surpreendido por uma eleitora que o agarrou pelo braço e disse que precisava assistir àquele discurso: "foi meu primeiro voto, aos 16 anos". Ele revelou que também a sua expectativa era grande e manifestou sua satisfação por ver que o ex-presidente havia adotado "a linha serena de quem atravessou todas as dificuldades, amadureceu e entende a responsabilidade desse momento, oferecendo o seu compromisso com a governabilidade".

- Isso é realmente admirável. É uma lição política que recebemos - disse Zambiasi.

Edison Lobão (PFL-MA) destacou a serenidade e a sobriedade demonstradas por Collor e disse que essas qualidades fazem muita falta à política. Lembrou que foram colegas na Câmara dos Deputados e assinalou a extrema cordialidade com que foi recebido por Collor, quando foi governador, nas audiências solicitadas ao então presidente da República. Ele disse ainda que o destino dos políticos é incontrolável e que "os solavancos fazem parte da vida pública". Lobão elogiou a decisão de Collor de fazer o pronunciamento, que, em sua opinião, "faltava à história política do Brasil".

Já o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) lembrou que esteve no centro dos acontecimentos do impeachment e disse esperar que tais acontecimentos não se repitam, pelo tumulto que trouxeram à vida brasileira.

Joaquim Roriz (PMDB-DF) afirmou que Collor tinha um destino: o de ser o primeiro presidente eleito pelo povo após o regime ditatorial, e que cumpriu essa missão com galhardia. Roriz disse que os brasileiros "cometeram uma grande injustiça" contra Collor e homenageou o ex-presidente suspendendo a própria inscrição, para que o discurso tivesse maior repercussão.

Efraim Morais (PFL-PB) lembrou que Collor foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal e, posteriormente, pelo voto popular de seus conterrâneos ao ser eleito senador. Disse que acompanhou todo o processo contra Collor como deputado federal, elogiando a tranqüilidade e a paciência do senador e ex-presidente de contar a verdade ao Brasil da tribuna do Senado.

Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o ex-presidente cometeu um erro político ao não ouvir ou ter buscado o conselho dos mais velhos.

Jayme Campos (PFL-MT) afirmou que a fala do ex-presidente colocou um ponto final ao episódio do impeachment, entendendo também o caso como "uma grande conspiração contra a pessoa de Collor".

Para Romero Jucá (PMDB-RR), com seu discurso Collor conseguiu demonstrar ao país a sua inocência. Jucá ressaltou ainda a importante contribuição que Collor poderá dar às discussões de importantes projetos de lei para o Brasil no Congresso Nacional.

15/03/2007

Agência Senado


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