EM APARTES, SENADORES ANALISAM REJEIÇÃO DA MP DOS SERVIDORES



Em aparte ao discurso com que o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) pediu aos parlamentares que repensassem o país, o senador Francelino Pereira (PFL-MG) afirmou nesta quinta-feira (dia3) que, na votação da medida provisória que pretendia cobrar contribuição previdenciária de aposentados e pensionistas, muitos torceram pela derrota do governo. "Tivemos até parlamentares que votaram pelo governo, mas pedindo aos céus e à terra que ele perdesse", afirmou o senador.Francelino explicou que a medida provisória é um instrumento governamental de aceleração das decisões do Congresso, mas considerou incompreensível que o governo não tenha canais de comunicação mais efetivos com os deputados e senadores incumbidos de votá-la. "Qual a dificuldade de conversar?", indagou ele, argumentando que os líderes que vão discutir assuntos como esse no Palácio do Planalto têm o dever de relatar às suas bancadas o que acontece.Em sua opinião, os líderes preferem comportar-se como uma elite fechada ao diálogo e, para que se informem do que realmente pensa o governo, os parlamentares "têm que recorrer a jornais de televisão", como o Bom Dia Brasil, da TV Globo, "a fim de saber o que está acontecendo com a nação". Conforme Francelino Pereira, os atuais líderes não circulam mais pelo café, como era de praxe. Ele ensinou que é no café que se discute espontaneamente as decisões políticas.Também em aparte, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) responsabilizou a oposição pela rejeição da MP relacionada com a contribuição previdenciária dos servidores. Ele afirmou que, em decorrência dessa votação, só hoje o Brasil perdeu US$1 bilhão, o que demonstra que "a oposição está acertando o país de vez". O senador Roberto Freire (PSB-PE) contestou a análise de Camata, afirmando que a responsabilidade pela derrota coube unicamente ao governo. Conforme Freire, essa crise deve ser tributada sobretudo à "política econômica apoiada na espoliação e na agiotagem internacional".A senadora Emília Fernandes (PDT-RS) também esclareceu que as oposições sempre tiveram uma posição contrária à contribuição dos aposentados. Para ele, quem derrubou a MP de interesse do governo "foi o Congresso Nacional, com o maciço apoio da base governista". "Não vamos querer emascular o Congresso", disse o senador Jefferson Péres (PSDB-AM), também em aparte. Ele observou que não foi o Legislativo que levou o país ao atual sacrifício, e sustentou ser evidente que esse Poder tem a alternativa de votar a favor ou contra. "Se querem negar o voto ao Congresso, é melhor fechá-lo", argumentou. Péres também disse que, "se o FMI é um médico, seu remédio não é infalível, visto que já deu receita errada para muitos países asiáticos, os quais estão agora na UTI". O senador José Fogaça (PMDB-RS), também em aparte ao discurso de Lúdio Coelho, disse que o único fato que ele identificou como deformação no comportamento dos congressistas foi a enorme comoção que se seguiu à derrota do governo na votação da MP dos servidores. Em sua opinião, a derrota do país não está naquela MP, mas no fato de o Legislativo não ter alternativas políticas viáveis para a situação.

03/12/1998

Agência Senado


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