Em apartes a Jereissati, senadores condenam clima de confronto
Em aparte ao discurso de Tasso Jereissati (PSDB-CE), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que ficou feliz em ouvir "uma voz razoável" chamar a atenção para o destino reservado ao Senado se for mantido o "clima de guerra" instalado na Casa. Assinalou que, "diante da brutalidade, a paz passa a ser sinônimo de covardia" e, por isso, fica difícil pacificar "sem dar a aparência de medo, de temor, de rabo preso".
O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) ponderou que, mantido o cenário de confronto, "a instituição afundará" e disse que foi procurado duas vezes por pessoas com denúncias contra sua atuação no Senado.Nesta semana, foi publicada denúncia de que o Senado pagara diárias para uma filha de Sérgio Guerra, que o acompanhou em viagem aos Estados Unidos. Ele explicou que esteve doente, há algum tempo e, como havia suspeita de câncer, foi aconselhado pelos médicos a fazer exames no exterior. A filha viajou com ele como acompanhante, com direito a diárias, o foi reconhecido pela direção do Senado, disse.
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse temer que o clima de confronto se agrave e que alguém possa "levar um tiro" no Plenário, nas galerias ou nos corredores. Ele culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo que acontece no Senado e recomendou a paralisação das votações.
Jefferson Praia (PDT-AM) disse a Jereissati que qualquer pessoa pode ter seus momentos de explosão, mas "somente alguns pedem desculpas ao povo". Aloizio Mercadante (PT-SP) considerou o pedido de desculpas de Tasso Jereissati uma atitude importante para a abertura do diálogo no Senado.
- Espero que todos estejam dispostos a restabelecer a discussão, a convivência e a disputa de idéias, de projetos, de valores, preservando-se a dignidade e a integridade das pessoas - disse Mercadante, acrescentando que o Senado deveria se desculpar diante do país por todos os erros que foram cometidos na Casa.
Já o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) lembrou que na quinta-feira (6) houve uma provocação a Tasso Jereissati, por parte uma pessoa que estava na Tribuna de Honra do Senado, o que levou o senador a pedir providências. Ele disse que não havia razão para este pedido ter gerado as declarações agressivas de que o senador foi alvo a seguir. Para Azeredo, está montada no Senado uma aliança de "denuncismo com represália", que, a seu ver, não levará a Casa a parte alguma.
Marisa Serrano (PSDB-MS) ponderou que o Senado deve ser a Casa do diálogo e da competência, não podendo ser a "Casa do denuncismo, da chantagem, do bate-boca e da intimidação".
Alvaro Dias (PSDB-PR) opinou que todos os senadores deveriam apresentar seus pedidos de desculpas ao povo brasileiro, enquanto Osmar Dias (PDT-PR) disse que o pedido de desculpas de Tasso Jereissati "abre um novo caminho para o Senado". Ele lembrou que, por conta da crise, o Senado paralisou as votações que interessam ao país.
Na opinião de Mario Couto (PSDB-PA), para que se possa resolver os problemas do Senado é preciso que tenham fim as trocas de ofensas, seja feita uma grande reforma na Casa e que os senadores votem as "grandes reformas que o Brasil pede".
Marconi Perillo (PSDB-GO) disse que Jereissati foi provocado e acabou reagindo, mas teve humildade para desculpar-se por ter-se exaltado naquele momento.
- Que todos nós imitemos seu gesto e sigamos esse exemplo de coragem cívica, para que o Senado possa voltar à normalidade, votar as matérias que são do interesse do Brasil - recomendou Marconi Perillo.
O líder do DEM, senador José Agripino (RN) acredita que episódio da troca de ofensas está superado e que os senadores vão, "com coragem, com dignidade e com capacidade política, construir a recuperação do diálogo na Casa, em benefício das causas do povo brasileiro".
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) disse que somente uma pessoa com a história do senador Tasso Jereissati se sente responsável para ir à tribuna, "com humildade e muita dignidade", pedir desculpas ao povo brasileiro.
Jose Nery (PSOL-PA) recomendou que os senadores enfrentem, "com determinação, coragem e ousadia o esclarecimento de todos os fatos deploráveis em que o Senado está envolvido". Kátia Abreu (DEM-TO) recomendou que o Senado volte a analisar e a votar projetos.
- Está difícil andar pelo Brasil. As pessoas nos cobram os projetos de lei, as votações, a paralisia em que o Senado se encontra - disse.
Para o senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA), a atitude de Tasso Jereissati deve contribuir para a distensão na Casa. Segundo o senador Flavio Arns (PT-PR), Jereissati nem deveria estar pedindo desculpas porque, em sua opinião, embora tenha adotado uma atitude dura, ela foi correta, naquele momento.
Por sua vez, Demóstenes Torres (DEM-GO) elogiou Jereissati por seu pronunciamento, classificando como "grandiosa e correta" a atitude do senador ao admitir que houve excesso verbal, "situação que pode ocorrer com qualquer pessoa". Também Efraim Morais (DEM-PB) disse que o pronunciamento de Jereissati "representa um grande gesto" e defendeu a retomada das votações pelo Senado.
Renato Casagrande (PSB-ES) ressaltou que "os processos contra Sarney precisam tramitar no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, para que haja investigação "e se dê uma resposta à sociedade".
Francisco Dornelles (PP-RJ) disse que, na política, a busca pelo consenso é sempre um grande objetivo e, quando esse consenso não pode ser alcançado, "é importante ter regras muito claras para administrar o dissenso".
O senador Eliseu Resende (DEM-MG) declarou que o pronunciamento de Jereissati representa "uma das ações equilibradas e desprendidas capazes de mudar os horizontes sombrios desta Casa". Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) recomendou que as provocações em Plenário sejam evitadas.
Jereissati também foi apoiado pelos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE), Romeu Tuma (PTB-SP) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
11/08/2009
Agência Senado
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