Em debate com os senadores, Malan rejeita viés ideológico na condução da economia



A possibilidade de alteração da atual política econômica no próximo governo foi o ponto central dos debates entre o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e os senadores, em reunião realizada nesta terça-feira (17) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Autor do requerimento de convocação do ministro, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que a recessão foi a principal característica da economia brasileira ao longo dos últimos oito anos. Para Suplicy, o governo abdicou de políticas de incentivo ao crescimento econômico e de distribuição de renda.

Malan considerou -anacrônica e superada-, a visão que classifica como necessariamente recessivo o esforço fiscal (controle de gastos) realizado com o objetivo de conseguir superávits no Orçamento.

- Discordo daqueles que vêem o crescimento da economia como determinado pela magnitude do gasto público - disse o ministro.

O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) também criticou a política econômica do governo, e observou que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva representa um anseio de mudança das diretrizes atuais. Ele disse acreditar, no entanto, que pelo menos no primeiro ano do governo Lula não irão ocorrer mudanças significativas nas políticas monetária e fiscal, mantendo-se o mesmo rigor da atual gestão.

Ao comentar as afirmações de Saturnino, Pedro Malan disse que no campo da política macroeconômica não cabe ação ideológica, e sim o controle dos gastos públicos e uma constante análise econômica do que ocorre no exterior. Para ele, qualquer governo sério e comprometido com o seu país, -não pode inflacionar a economia para fingir que está resolvendo a questão social-.

Em referência a declaração do presidente eleito, durante visita aos Estados Unidos, o senador Romero Jucá (PSDB-RR) perguntou ao ministro se a economia brasileira estava na UTI. Antes porém, Jucá elogiou a gestão de Malan no ministério.

O ministro negou que a conjuntura econômica do país possa ser comparada à situação de um paciente na UTI. Observou que as incertezas ocorridas de abril a setembro desse ano deveram-se à turbulência registrada na economia mundial e à campanha eleitoral para a Presidência da República. No período, recordou o ministro, o chamado risco-Brasil saltou de 700 para 2.500 pontos, e o dólar beirou a casa dos US$ 4,00. -Mas hoje em dia tudo está sob controle-, afirmou Malan.

O senador Antônio Carlos Júnior (PFL-BA) disse que o risco-Brasil e a taxa de câmbio tendem a cair, na medida em que a economia mundial volte a crescer. Os senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Romeu Tuma (PFL-SP) destacaram a atuação de Pedro Malan no comando da economia brasileira. O senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) destacou o crescimento da agricultura nos últimos anos.

O presidente da CAE, Lúcio Alcântara (PSDB-CE), também elogiou o trabalho de Malan que, segundo ele, sempre agiu em defesa dos interesses nacionais.



17/12/2002

Agência Senado


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