POLÍTICOS TÊM PAPEL IMPORTANTE NA CONDUÇÃO DA ECONOMIA
Os políticos terão papel fundamental na discussão sobre os problemas econômicos do país e ganharão mais força do que os técnicos e economistas, previu nesta terça-feira (23) o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE). "A economia vai ser um pouco mais politizada, pois, com o agravamento da crise, os economistas e técnicos perderão espaço para os políticos", observou, acrescentando que o presidente Fernando Henrique Cardoso também não terá mais domínio hegemônico sobre o Congresso.A maior prova de que esse espaço já está sendo ocupado pelos políticos, na opinião do senador, foi o discurso do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), por ocasião da abertura da primeira sessão legislativa da nova legislatura, realizada na segunda-feira (22). No discurso, Antônio Carlos Magalhães defendeu a soberania nacional, afirmando que o Brasil "necessita ir ao Fundo Monetário Internacional, mas nem por isso o FMI pode se intrometer nos problemas nacionais, sobretudo para criar dificuldades às camadas mais pobres".- A credibilidade dos técnicos e economistas como gestores caiu. Abre-se um novo espaço para os políticos, e o Congresso tem papel fundamental nessa discussão. O presidente da República também não tem mais condições hegemônicas sobre o Congresso. O que se exige dele agora é que, como líder, articule as negociações nessa nova agenda - disse Lúcio Alcântara.Com essas mudanças, acrescentou o senador cearense, um novo enfoque deverá ser dado para problemas como desemprego, inflação e taxa de juros. A política cambial também estará sendo acompanhada pelo Congresso, o que determinará a prevalência das discussões econômicas no Legislativo durante os próximos meses, observou.Para Lúcio Alcântara, não se pode ser contra as mudanças que vieram para ficar, como a globalização, mas chegou a hora de se delimitar uma margem de adaptação operacional segura para o país, diante das mudanças no mercado internacional. "Está na hora de discutirmos essa margem", disse.Quanto à questão dos estados endividados, o senador defendeu uma nova discussão sobre os acordos para refinanciamento das dívidas no Senado. "Não pode haver Federação sem diálogo. Acho que o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, deve vir aqui para explicar seus motivos, até para podermos discordar dele", afirmou. O senador defendeu também a imediata sabatina do economista Armínio Fraga Netto e a apreciação, pelo Senado, de sua indicação para a presidência do Banco Central. "A sabatina e a definição dos cargos para o BC devem ser feitas logo, pois assim estaremos ajudando o país a ganhar credibilidade", disse.
23/02/1999
Agência Senado
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