Em despedida do Senado, Alencar relatou apelo a FHC por moeda forte
Em seu discurso de despedida do Senado, em 11 de dezembro de 2002, para assumir a vice-presidência da República, José Alencar contou um episódio que havia protagonizado com o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Quando presidia a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), durante o governo Itamar Franco (1992-1994), Alencar convidou FHC, então ministro da Fazenda, para uma palestra.
No discurso de saudação a Fernando Henrique, o então presidente da Fiemg afirmou que não queria apenas inflação de um dígito - na época, a taxa girava em torno de 40% a 50% ao mês. Observou que inflação de um dígito poderia ser de 9,8% ao mês, o que daria uma taxa anualizada de 200%, semelhante à da época do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto.
Usando uma metáfora para definir a importância de uma moeda forte para o país, ele acrescentou:
- Queremos chegar ao Champs-Elysées ou ao Boulevard Hausemann, entrar em um bom restaurante, pedir um steak au poivre e, quem sabe, um bourgogne de boa safra. Depois, quando vier a conta, pagarmos com uma nota de cruzeiro [moeda da época], de preferência com a efígie de Juscelino Kubitschek. Então, o garçom pega essa nota e demora a voltar. Quando volta, chega fazendo reverência e nos pedindo desculpas, porque teria de nos dar o troco numa moeda menos nobre que a nossa.
José Alencar disse que Fernando Henrique gostou da ideia. Já presidente da República, FHC recebeu-o no Palácio do Planalto e perguntou-lhe se já poderia entrar naquele restaurante da Champs-Elysées ou do Boulevard Hausemann e pagar com a nota de cruzeiro. A resposta de Alencar:
- Por enquanto ainda não podemos ir ao Champs-Elysées e pagar com a cédula de real com a efígie do Juscelino ou do senhor, mas já podemos trocar alguns reais nos bancos dos aeroportos. Então, a nossa moeda começa a ser conversível, o que é uma excelente notícia.
O então senador Alencar disse ter contado essa história para "fazer justiça e mostrar toda a história que foi iniciada", numa referência ao controle da inflação e o início do Plano Real.
30/03/2011
Agência Senado
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