Em duas décadas haverá mais mudanças que nos últimos dois mil anos, diz cientista
Um futuro sem doenças e sem envelhecimento; um mundo sem lixo ou poluição; computadores comandados pelo nosso pensamento e o domínio da inteligência artificial. As previsões são do cientista venezuelano José Luis Cordeiro, convidado da audiência pública sobre as novas fronteiras do conhecimento promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
- Nos próximos vinte anos haverá mais mudanças que nos últimos dois mil anos. Vamos viver um período incrível da civilização humana - afirmou Cordeiro, que é professor da Singularity University, uma parceria da agência espacial americana (Nasa) com o Google – conhecida como a Universidade do Futuro.
A instituição fica no campus da Nasa no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), onde estão as principais empresas de tecnologia do mundo. Entre os temas em debate se destacam a nanotecnologia, a biotecnologia e a robótica, consideradas as ciências e tecnologias do futuro. Áreas responsáveis pelas descobertas mais recentes e pelos avanços mais importantes, que apontam para as novas fronteiras do conhecimento humano.
O professor também apresentou o conceito de "singularidade tecnológica", o momento no qual a inteligência artificial vai alcançar a inteligência humana, estimado entre os anos 2029 e 2045.
Imortalidade
Entre as consequências das inovações, disse o cientista, estão o fim das doenças, do envelhecimento e até da morte. Ele prevê que dentro de cinco anos todas as pessoas poderão, a baixo custo, sequenciar o próprio genoma, descobrir os principais riscos de doenças e evitá-las. A medicina deixará de ser curativa, para ser preventiva.
Nas palavras de José Luis Cordeiro, será uma ciência exata, que permitirá ainda o controle do envelhecimento. Em laboratório, os cientistas já conseguem criar ratos que vivem três vezes mais que a sua expectativa de vida normal, que é de um ano e meio. Será possível ao homem viver com qualidade, chegar aos cem anos com idade biológica de 20 anos.
- Será a morte da morte. Envelhecer, assim como morrer, será uma opção - enfatizou o palestrante que foi o principal assessor do documentário Vida Eterna, produzido pelo canal de TV History Channel.
Máquinas
O que há 30 anos parecia ficção, hoje é realidade. Os computadores pessoais, a rede mundial e os smartphones são um exemplo da rapidez nas mudanças, lembrou o professor. Mesmo assim, alertou, tudo isso estará obsoleto em poucos anos.
Os computadores começam a ser controlados pela transmissão do pensamento com os mesmos impulsos elétricos que podem mover o braço de um robô; já iniciamos o caminho para a criação de cérebros artificiais equivalentes aos cérebros humanos, com projetos em andamento no Japão, na Europa e nos Estados Unidos.
A nova neurosciência que une cérebro e máquinas, com o destaque para o pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis, aperfeiçoa a conexão com os robôs, que em 15 anos terão muitas das características humanas - como os sentimentos.
Os benefícios são variados, graças a essa tecnologia, um tetraplégico dará o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014, usando uma veste robótica controlada pela força do pensamento. E em 2016, na Suíça, será realizada a primeira Olimpíada para atletas ciborgues, em que os competidores controlarão um avatar por meio de um computador conectado ao cérebro.
Avanços
Na área de nanotecnologia, o mundo pode esperar pelo fim do lixo, da contaminação e da poluição. Simplesmente porque não haverá desperdício e nem mesmo o conceito de lixo, com a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos.
Outra promessa dos cientistas é trazer de voltas espécies de animais e vegetais extintos há milhares de anos.
As tentativas de recriação dos mamutes já começaram e a clonagem de animais, inclusive domésticos, é prática polêmica e um bom negócio para várias empresas que oferecem o serviço para "ressuscitar" os bichos de estimação.
Educação
Nesse admirável mundo novo baseado em ciência, tecnologia e educação não há limites para o conhecimento. A cada diz surgem novos aparelhos muito mais poderosos e com maior capacidade de memória, capazes até de, eventualmente, superar o cérebro humano.
Em 2020 estima-se que toda a população do planeta terá acesso a internet grátis com banda larga, em programas desenvolvidos, entre outros, pelo Google e Facebook. Nesse cenário, o papel do professor, inevitavelmente, também mudará.
- A função do professor do futuro é facilitar, motivar as pessoas para que queiram aprender. Porque vai depender da motivação pessoal de cada um - disse Jose Luis Cordeiro.
Ética
Como a humanidade vai lidar com todas essas mudanças? Estamos nos preparamos para a colonização espacial, com uma viagem tripulada - e sem volta - para Marte. Em Seoul, na Coreia do Sul, os senadores já discutem uma legislação para garantir os direitos dos robôs.
Na opinião do palestrante, a formulação de políticas para as novas gerações, embasadas pelas inovações tecnológicas, deve levar em conta as questões éticas, políticas e legais.
- Porque essas tecnologias vão mudar a humanidade. E mais importante do que mudar a humanidade, vão mudar os humanos. Nós vamos mudar radicalmente com as novas tecnologias - concluiu o professor.
02/04/2014
Agência Senado
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