EM MORALIDADE, DOU DE 10 X O NO TEMER, DIZ ACM
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, reagiu na manhã desta terça-feira (dia 15) às críticas do presidente da Câmara, deputado Michel Temer, que sugeriu que o senador fosse "cuidar do Ângelo (Calmon de Sá)", ao invés de criticar o tratamento que o relatório da reforma do Judiciário vem recebendo por parte da presidência da Câmara. - Quando ele quer se comparar a mim em moralidade, ele toma de 10 a 0 - disse Antonio Carlos.Para não deixar dúvidas sobre suas ligações com o ex-presidente do Banco Econômico, o senador destacou que não é amigo de Ângelo Calmon de Sá.- Não me dou com ele, fiz um processo contra ele, que está em minha gaveta, e no qual ele se retratou em juízo, e se o Ângelo é desonesto, o lugar dele não é comigo, é com o Temer - afirmou.A insistência do deputado Michel Temer em influir no controle das Companhia Docas de Santos foi apontada como suspeita pelo presidente do Senado. Antonio Carlos entende que em órgãos como Docas, Receita e Petrobras, não deve haver ingerências políticas. - Em Santos, um líder que poderia ter influência nas docas seria o governador Covas, que é de lá, mas vejam que ele não se interessa por isso - acrescentou.O senador acredita que "o dia em que houver um inquérito na Companhia Docas de Santos, o Temer ficará péssimo". Antonio Carlos reafirmou seu pensamento sobre a reforma do Judiciário e as críticas às posições tomadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Apesar disso, revelou, na semana passada ligou para o presidente nacional da OAB, Reginaldo de Castro, para cumprimentá-lo pelo discurso que fez na solenidade de posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).Antonio Carlos Magalhães afirmou hoje que "ninguém quer melhorar a justiça no Brasil". E questionou:- Esse negócio da Justiça do Trabalho do juiz Nicolau e de tantos outros parecidos com ele precisa continuar? Não. Precisa acabar. E essa farsa de criar juízes conciliadores para substituir os juízes classistas merece a repulsa do Brasil e da imprensa brasileira.A boa relação entre as presidências das duas casas do Congresso, em função dessa "briga", poderá ser "prejudicada", admitiu o senador. Ele negou, porém, qualquer reflexo sobre o presidente da República, como resultado desse seu critério de "falar com absoluta lealdade". Antonio Carlos destacou que não provocou o incidente.- Ele (Temer) fez uma nota pensada e escrita, agredindo o presidente do Senado. Eu reagi. O presidente do Senado reagiu a suas agressões e reagirá a todas, principalmente quando ele quer se comparar a mim. A respeito da possibilidade de uma reconciliação a bordo do avião que levará ambos para Portugal, esta semana, Antonio Carlos respondeu com bom humor: - Se não existe em terra, vai existir no ar.
15/06/1999
Agência Senado
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