Embaixador analisa participação do Brasil na Alca e no Mercosul



O ingresso do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e sua repercussão sobre o futuro do Mercado Comum do Sul (Mercosul) devem ser abordados em exposição do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães no Senado, marcada para esta terça-feira (dia 11), às 17h30. Ex-diretor do Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (Ipri) do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Guimarães foi convidado a falar sobre o tema "Alca e Mercosul" pela Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR).

No último mês de abril, o embaixador deixou a direção do Ipri, afastamento que teria sido motivado por sua convicção de que a entrada do Brasil na Alca, seguindo as regras ditadas pelos Estados Unidos, iria gerar confronto direto entre as multinacionais norte-americanas e as empresas brasileiras. Conforme afirmou em entrevista ao jornal Correio Braziliense, essas normas internacionais impediriam o Brasil de exercer "políticas comerciais, industriais, tecnológicas, agrícolas e de emprego indispensáveis à superação das extraordinárias disparidades sociais e da crônica vulnerabilidade externa".

Quanto ao Mercosul, Samuel Guimarães acredita que não sobreviveria à implantação da Alca. União aduaneira baseada na fixação de uma tarifa externa comum (TEC), o Mercosul também atua, segundo observou, como uma zona de livre comércio que adota tarifa zero e ausência de barreiras às exportações intrazonais de empresas do Brasil, da Argentina, do Uruguai e Paraguai, membros desse bloco econômico. O advento da Alca, que eliminaria a TEC para seus integrantes na área do Mercosul, inviabilizaria o funcionamento do bloco do Cone Sul nos países do continente americano.

Além de Samuel Pinheiro Guimarães, estará presente, para discutir o mesmo tema, o embaixador José Botafogo Gonçalves.

Os trabalhos da comissão serão presididos por Requião por dois anos, com a colaboração dos deputados Ney Lopes (PFL-RN), vice-presidente, e Feu Rosa (PSDB-ES), secretário-geral, e da senadora Emilia Fernandes (PT-RS), secretária-geral adjunta. Ciente das dificuldades enfrentadas pelos países que compõem o bloco comercial sul-americano, o senador paranaense está disposto a, durante sua gestão, envolver o Congresso Nacional de forma mais efetiva nas negociações sobre o futuro do Mercosul.

10/09/2001

Agência Senado


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