Embaixador celebra ingresso da África do Sul nos Brics
O ingresso da África do Sul nos Brics - sigla que reúne atualmente Brasil, Rússia, Índia e China - dará um novo impulso ao grupo, segundo o futuro embaixador brasileiro em Pretória, ministro de primeira classe Pedro Luiz Carneiro de Mendonça. A sua indicação para o posto recebeu nesta quinta-feira (3) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), assim como a do ministro de primeira classe André Mattoso Maia Amado para o cargo de embaixador brasileiro na Bélgica.
- O ingresso da África do Sul vai reconfigurar os Brics. Se antes o critério para a inclusão no grupo era só econômico, agora é geopolítico. A África do Sul pode exercer um papel de liderança na África - afirmou Mendonça.
A entrada do novo membro ocorrerá durante a próxima cúpula dos Brics , prevista para o mês de abril, na China. E coincidirá com a primeira viagem à Ásia da presidente Dilma Rousseff, justamente para participar da reunião. A África do Sul integra ainda o grupo Ibas - composto igualmente por Brasil e Índia. E uma coincidência apontada pelo embaixador durante a reunião é que os três países integram atualmente, como membros não permanentes, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Ao apresentar seus planos para o período em que representará o Brasil na África do Sul, Mendonça informou que ciência, tecnologia e inovação estarão entre as prioridades do relacionamento bilateral. Entre as principais áreas desse intercâmbio já identificadas pelos dois países, estão as de biotecnologia, biodiversidade, energia, mudança climática, pesquisa espacial, governo eletrônico e software livre.
O embaixador mencionou ainda o interesse dos dois países em uma maior cooperação no campo dos esportes, uma vez que a África do Sul acaba de sediar a Copa do Mundo de 2010 e o Brasil prepara-se para receber o evento em 2014. Além disso, observou, existe espaço para a cooperação no rugby, esporte popular na África do Sul e que será considerado uma modalidade olímpica em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Bélgica
A necessidade de investimento em ciência, tecnologia e inovação também foi mencionada pelo embaixador designado para a Bélgica. O comércio bilateral, observou, tem registrado um movimento médio anual de US$ 5 bilhões. Mas na pauta de exportações brasileiras, lamentou ele, ainda prevalecem os produtos primários.
- Existe um índice muito preocupante de ausência de valor agregado de nossas exportações. Temos que fazer um investimento importante em inovação - recomendou Amado, que anunciou sua intenção de conceder "alta prioridade" a projetos destinados a favorecer investimentos em pesquisas conjuntas e treinamento de mão de obra qualificada.
Debates
Durante o período de debates da reunião, que foi presidida pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) elogiou a passagem de Amado pelo Instituto Rio Branco, de formação de diplomatas, e também lamentou que o Brasil ainda concentre suas exportações em commodities. Em resposta, o embaixador pediu "coragem empresarial" e indicou áreas onde o Brasil já dispõe de tecnologia, como os biocombustíveis, a exploração de petróleo em águas profundas e os aviões destinados a médias distâncias.
Ao elogiar os embaixadores indicados, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) relatou experiência de sucesso do programa de renda básica na Namíbia. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse que o Brasil poderia reduzir seu superávit comercial com a África do Sul, que ultrapassou os US$ 800 milhões em 2009. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) elogiaram a atual política externa brasileira e a aproximação com a África.
O senador Jorge Viana (PT-AC) apontou a necessidade de se preparar um "novo salto" na relação com o continente africano, enquanto o senador João Pedro (PT-AM) demonstrou preocupação com a quantidade de brasileiros vivendo de forma irregular na Bélgica. Os dois embaixadores aprovados, afirmou o senador Aloysio Nunes ferreira (PSDB-SP), são nomes que "honram as tradições do Itamaraty". Por último, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) ressaltou a crise política na Bélgica, que está há nove meses sem governo.03/03/2011
Agência Senado
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