Emenda que proíbe voto secreto motiva debate no plenário



A proposta de emenda constitucional, proibindo o voto secreto nas votações realizadas no Legislativo, de autoria do deputado Roque Grazziotin (PT), motivou o principal debate da sessão plenária desta tarde. Pela proposta, seriam alteradas atribuições do Poder Legislativo, previstos nos artigos 51 e 53 da Constituição estadual. A Assembléia realiza votações secretas para escolha dos conselheiros do Tribunal de Contas, diretores do Sistema Financeiro Estadual e outros titulares de cargos, como o de titular do Conselho Superior da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul, votado hoje e que aprovou o nome da ex-deputada Maria Augusta Feldmann. O deputado Roque Grazziotin defendeu sua proposta, assinalando que "o voto secreto é uma conquista democrática que assegura a lisura nas eleições e protege o eleitor das manobras de poder, concedendo-lhe o segredo da escolha. No entanto, para aquele que é eleito a lógica é outra: é a da transparência da sua atuação. E para que haja essa transparência, propomos o fim do voto secreto em qualquer caso". O deputado Germano Bonow (PFL) lembrou que das constituições brasileiras, apenas a de 189l, que denominou de castilhista e a de 1967, quando o país vivia sob o regime militar, vedavam o voto secreto. Lembrou, também, a hipótese de votar a cassação de um deputado, citando que pela Constituição Federal essa votação seria secreta. Em síntese, concluiu que "o que deve ser preservado é o Parlamento e não o mandato de cada um de nós". O deputado Vieira da Cunha (PDT) definiu o voto secreto como "uma conquista do regime democrático para preservar a consciência de quem está votando e que eventualmente poderia estar sendo submetido a determinadas pressões de várias ordens". Disse que o episódio da violação da votação do Senado é que está gerando esse debate, mas ponderou que as poucas votações secretas que existem nos parlamentos visam evitar o constrangimento pessoal e a tentativa de suborno. O deputado Elvino Bohn Gass (PT) considerou inaceitável que um cidadão eleja um parlamentar e não pode saber como este deputado pensa e vota. Valeu-se, também, do exemplo do escândalo do Senado, sustentando que o voto secreto deve ser banido "para impedir acordos de cúpulas que possam ser feitos para evitar a transparência". A deputada Jussara Cony (PC do B) defendeu o projeto, argumentando que "o legislador, quando materializa o seu voto, demonstra a sua postura e o seu posicionamento político e ideológico. É através do voto que o legislador exprime propósitos, intenções, idéias, compromissos, inclusive o norte do seu mandato". O deputado José Ivo Sartori (PMDB) considerou o voto secreto "profundamente progressista e avançado. Lembrou que a maioria das instituições do mundo escolhem seus dirigentes por votação secreta, entre as quais a Igreja Católica, quando escolhe o Papa. Disse que "a maioria das votações da Assembléia são abertas e transparentes. A votação secreta de que tratamos aqui, refere-se aos casos da não-impessoalidade".

10/02/2001


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