EMÍLIA ESTRANHA QUE O PLANO DE AJUSTE NÃO TOQUE NOS JUROS
Para a senadora Emília Fernandes (PDT-RS) é incompreensível falar-se em ajuste e corte de gastos, sem que em nenhum momento se toque na principal fonte da sangria dos recursos públicos, que são as atuais taxas de juros, situadas entre as maiores do mundo. Ela fez esse comentário ao analisar nesta quarta-feira (dia 4) o programa de ajuste fiscal do governo, quando constatou que, desde que assumiu, Fernando Henrique Cardoso elevou a dívida interna de US$61 bilhões para US$304 bilhões - valor que, em sua opinião, poderá chegar a US$360 bilhões até o fim do ano.- O atual pacote é tão ineficaz quanto o anterior, porque em nenhum momento enfrenta os verdadeiros problemas da economia brasileira, que se agravam a cada dia, em conseqüência da atual política econômica e monetária - comentou a senadora.Ela lastimou que o governo tente, como fez no plano de ajuste do ano passado, justificar as medidas de agora como necessárias para baixar os juros. Conforme observou, isso não aconteceu no ano passado e não ocorrerá agora, porque a causa dos juros altos não está sendo atacada. Além dos juros, ela citou como fatores de agravamento da crise as importações indiscriminadas que, segundo relatou, vão desde supérfluos, até produtos primários, como trigo, arroz e leite.Na opinião de Emília Fernandes, as importações comprometem nossas contas externas com déficits cada vez maiores, destruindo a produção nacional. Ela sustenta que, além de não enfrentar o problema central da crise brasileira, as medidas do governo ainda aprofundam a recessão, a ponto de o próprio Executivo admitir que a economia vai crescer menos de 1% no próximo ano, o que resultará "em mais desemprego e fome". No âmbito da legislação trabalhista, a senadora considerou medidas como a demissão temporária, a pluralidade sindical e o fim da contribuição sindical como novas investidas do governo contra os trabalhadores. No seu entender, a cada dia fica mais clara a fragilidade desse plano econômico que, conforme disse, limitado ao combate à inflação, não apresenta qualquer proposta de desenvolvimento. "É evidente o sentimento nacional de frustração com o novo pacote", afirmou a senadora.
04/11/1998
Agência Senado
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