EMÍLIA PEDE AMPLO DEBATE SOBRE O AJUSTE FISCAL



A senadora Emília Fernandes (PDT-RS) pediu hoje (25) "diálogo, humildade e debate" dos integrantes da área econômica do governo com a sociedade, com o setor produtivo nacional, com o Congresso Nacional, inclusive com os partidos de Oposição, sobre as medidas de ajuste fiscal, especialmente para que patamares pretendem reduzir as taxas de juros.

Ela disse que só "a dependência absoluta do capital especulativo, a fragilidade diante da chantagem de agiotas internacionais, explica que um país dobre da noite para o dia as suas taxas de juros, que já eram as mais altas do mundo, e que hoje são 13 vezes maiores do que a média dos países ricos".

Na opinião de Emília Fernandes,o Senado "não pode, em nome de salvar o Brasil, aprovar medidas de um dia para outro, sem analisar, sem refletir essas propostas" e pediu do governo federal explicações mais detalhadas sobre o ajuste fiscal.

- O remédio poderia ter sido construído antes, com a participação do Congresso. A crise das bolsas trouxe para o país um repasse redobrado das responsabilidades e a sociedade vai pagar uma conta dupla: a primeira, por causa das medidas adotadas, e a segunda em razão da recessão, da fome e do desemprego que poderão se acentuar nos próximos dias - afirmou.

Emília Fernandes disse que os ministros da Fazenda, Pedro Malan, e do Planejamento, Antonio Kandir, que participaram sábado de um debate no Senado, demonstraram, mais uma vez, "a arrogância tecnocrata de quem, apesar de dizer o contrário, se acredita dono da verdade, do conhecimento e das soluções".

Segundo a senadora, "a arrogância tecnocrata não só resultou na concepção solitária de um pacote de medidas que mexe com a vida da maioria dos brasileiros, mas também se manifesta na tentativa de fechar os olhos à crítica da sociedade e, mais do que isso, na chantagem que fazem para obter um apoio irrestrito às decisões unilaterais do governo federal".

Em aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) observou que, mesmo discordando da senadora em alguns pontos de seu discurso, também entende que os juros não podem continuar no atual patamar. Além disso, o senador reconheceu que os cortes propostos pelo governo atingem duramente a área educacional.

Já o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) ressaltou que o governo sabia que algumas das medidas anunciadas no ajuste fiscal deveriam ter sido implantadas antes, a partir das propostas de reformas que estão sendo apreciadas pelo Congresso.



25/11/1997

Agência Senado


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