FERNANDO BEZERRA DIZ QUE AJUSTE FISCAL SERÁ ANULADO PELOS JUROS "CATASTRÓFICOS"



O senador Fernando Bezerra (PMDB-RN) afirmou nesta quarta-feira (dia 9) que o ajuste fiscal do governo será inviabilizado se forem mantidas as altas taxas de juros. "As empresas estão sufocadas por juros e impostos, mas o principal prejudicado é o próprio governo, que paga mais caro pela rolagem de seus títulos. O esforço fiscal será anulado pelo aumento do serviço da dívida, de um lado, e pela queda da arrecadação, de outro", disse.Fernando Bezerra queixou-se, em especial, do aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que pulou de 11,68% para "catastróficos" 18,06%, a partir de 1º de dezembro. "Não estou questionando os cálculos técnicos, mas quero propor a adoção de um redutor, nos moldes do que é adotado para a fixação da Taxa Referencial, a TR. Assim, o Banco Central estaria descontaminando os passivos dos aumentos transitórios das taxas de juros".Lembrando que a TJLP é o indexador dos financiamentos do BNDES e de bancos oficiais que operam linhas de crédito de longo prazo, Bezerra disse que "esse aumento da ordem de 54% terá um efeito arrasador sobre as empresas e seus projetos de implantação e modernização de parques industriais".Em relação às pequenas e microempresas, a elevação da TJLP terá impacto ainda mais destruidor, segundo Bezerra. "Diante do quadro recessivo em que já se encontra a economia, com queda nas vendas, redução das horas trabalhadas e aumento da ociosidade industrial, como pagar mais juros?", perguntou o senador.Fernando Bezerra observou que os países avançados baixam os juros e os impostos para enfrentar a recessão, enquanto no Brasil os juros sobem e impostos como a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) disparam. "Não há alquimia ou magia que impeça a inadimplência ou o abandono de projetos, agravando a recessão", disse Bezerra.Para o senador, as autoridades estão tomadas por uma possessiva síndrome monetarista, em que a pretensa proteção à moeda transformou-se no cerne das preocupações e ações. - Voltamos a viver, embora sem inflação, a mesma ciranda financeira. O objetivo primordial das autoridades tem sido a atração de capitais, ofertando altas taxas de remuneração aos especuladores. Esses juros contaminam todo o sistema econômico, fazendo com que o estímulo à produção, que gera a efetiva riqueza, fique esquecido - frisou.Em apartes, os senadores Bernardo Cabral (PFL-AM) e Nabor Júnior (PMDB-AC) concordaram com as teses expostas por Fernando Bezerra.

09/12/1998

Agência Senado


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