Empresária confirma denúncias de irregularidades na Infraero
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, nesta quinta-feira (21), a empresária Silvia Pfeiffer confirmou denúncias de corrupção em contratos realizados pela empresa da qual era sócia, a Aeromídia, com a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), a partir de 2002. Silvia Pfeiffer denunciou irregularidades em contratos de mídia aeroportuária, obras e publicidade firmados entre a sua empresa e a Infraero em aeroportos de Brasília, Curitiba e Maceió, e informou que houve contratos com índice de superfaturamento de mais de 100%.
As denúncias feitas por Sílvia Pfeiffer vêm sendo publicadas na imprensa desde abril e foram prestadas à Polícia Federal em Curitiba no mês de maio. Durante o depoimento na CPI do Apagão Aéreo, a empresária passou mal e a reunião teve de ser interrompida por quase uma hora.
Ao prestar informações, Sílvia Pfeiffer disse que está desempregada e que enfrenta situação financeira difícil, além de ter sofrido ameaças de morte. Na reunião da CPI, ela ainda apresentou aos senadores diversos documentos para comprovar suas denúncias, entre eles cópias de contratos, depósitos bancários e fitas com gravações de conversas. O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), disse em entrevista ao final da reunião que todas as informações prestadas por Sílvia Pfeiffer terão de ser checadas e investigadas junto a autoridades como a Polícia Federal, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público.
A empresária apontou irregularidades também em contratos firmados pela Infraero com outras empresas. Só na compra de programas de computador para veiculação de publicidade nos aeroportos, a Infraero teria pagado R$ 26 milhões à empresa SF3. A negociação, de acordo com Sílvia Pfeiffer, foi superfaturada.
A ex-empresária denunciou ainda o envolvimento de políticos no esquema, como o ex-senador e ex-presidente da Infraero Carlos Wilson e o ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi, atual secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal. De acordo com a ex-empresária, Eurico Loyo, assessor de Carlos Wilson, teria estado envolvido na preparação de licitações fraudulentas na Infraero. A CPI já aprovou requerimento para ouvir Loyo.
Em seu depoimento, a empresária informou ainda que o setor de mídia aeroportuária funciona no Brasil em sistema de cartel e que várias empresas do setor são privilegiadas ao firmar contratos com a Infraero. Silvia Pfeiffer denunciou ainda envolvimento da agência do publicitário Duda Mendonça e da empresa Sá Publicidade, de Brasília, em anúncios irregulares dos Correios veiculados em espaços da Infraero.
A ex-sócia da Aeromídia garantiu que apresentou as denúncias porque nunca compactuou com os esquemas irregulares que constatou e que a situação foi motivo de várias discussões entre ela e o sócio, Carlos Alberto Carvalho, que era também sócio de Cássio Taniguchi em uma empresa de consultoria política.
Apuração
O senador Demóstenes Torres informou que vai pedir a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico tanto da empresa Aeromídia quanto da empresária. Silvia Pfeiffer afirmou que essa medida deverá comprovar todos os possíveis pagamentos de propina feitos pela empresa.
O relator disse também, em entrevista à imprensa, que será preciso apurar melhor a denúncia de que uma secretária do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamada Mônica, teria um esquema para facilitar a realização de contratos com o governo mediante pagamento, pelos interessados, de comissão de 10%, quantia que seria repassada ao PT.
Na avaliação de Demóstenes, para a apuração dessa denúncia seria preciso ouvir Valter Sâmara, a quem Silvia Pfeiffer atribui as informações. Essa providência seria necessária porque, destacou o relator, a empresária nunca teve contato direto com a citada secretária e apenas ouviu falar nessa possibilidade.
21/06/2007
Agência Senado
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