Relatório sobre o IRB confirma denúncias de irregularidades



Em seu relatório final, a Sub-relatoria do Instituto de Resseguros do Brasil aponta irregularidades no pagamento, por parte do IRB, de uma indenização de aproximadamente R$ 15 milhões à Companhia Fiação e Tecidos Guaratinguetá. O documento também indica irregularidades nos contratos realizados entre o IRB e as corretoras Assurê, Cooper Gay e Alexander Forbes - sobre essa questão, o relatório afirma que "as escolhas [das corretoras] eram baseadas apenas na vontade particular de cada dirigente [do IRB], direcionando os contratos a quem bem lhes conviesse".

Outro ponto questionado pela sub-relatoria foram os investimentos de US$ 240 milhões realizados pelo IRB no exterior em 2002. De acordo com o relatório, essas aplicações "causaram prejuízos milionários" à instituição.

O ex-presidente do IRB, Lídio Duarte, é um dos principais nomes da lista de indiciamentos recomendados pela sub-relatoria.

Guaratinguetá

Devido a um incêndio ocorrido em sua fábrica em 2003, a Companhia Fiação e Tecidos Guaratinguetá recebeu uma indenização por sinistro de R$ 15 milhões. Um dos problemas apontados durante a apuração do caso foi que a empresa não tinha contrato de seguro à época. Mas a Companhia de Seguros Aliança da Bahia emitiu uma apólice em 2004, com data retroativa, que beneficiava a Guaratinguetá. O relatório destaca que, nessa apólice, "a participação do IRB no risco era de 98,78%, e a da seguradora [a Companhia de Seguros Aliança da Bahia], de apenas 1,22%".

Corretoras

A sub-relatoria destacou em seu documento que o Tribunal de Contas da União confirmou os indícios de favorecimento, por parte do IRB, ao contratar as corretoras Assurê, Cooper Gay e Alexander Forbes para que estas intermediassem a colocação de resseguros no exterior - em detrimento de outras corretoras que se mostravam aptas a realizar as mesmas atividades. Esses contratos envolviam seguros de empresas como Furnas Centrais Elétricas, Infraero, Petrobras e Usiminas.

Para a subcomissão, "ficou evidente a ausência de critérios objetivos na escolha dos brokers por ex-dirigentes do IRB".

Investimentos no exterior

Em 2002, o IRB procedeu a uma "redistribuição" de seus investimentos no exterior da ordem de US$ 240 milhões. De acordo com o relatório final da subcomissão, esse montante foi aplicado em euronotes e distribuído da seguinte forma: US$ 120 milhões no banco Société Générale, US$ 60 milhões no Bayerishe Landsbank e US$ 60 milhões no Royal Bank of Scotland.

Segundo o relatório, esses investimentos "causaram prejuízos milionários ao IRB", pois, "passados quase quatro anos, o Société Générale apresenta uma rentabilidade acumulada de 11,04%, o Bayerishe Landsbank apresenta uma rentabilidade acumulada negativa de 2,67% e o Royal Bank of Scotland, uma rentabilidade acumulada de 0,83%". Isso não teria ocorrido, argumenta a sub-relatoria, caso o IRB tivesse cumprido sua política de investimentos, aplicando os recursos no mercado financeiro brasileiro.

29/03/2006

Agência Senado


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