Empresário chora e nega contradições









Empresário chora e nega contradições
Testemunha de seqüestro do prefeito de Santo André fala pela primeira vez sobre o crime

Num desabafo entrecortado por crises de choro, o empresário Sérgio Gomes da Silva, 45 anos, testemunha do seqüestro do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), falou ontem pela primeira vez à imprensa sobre o crime e negou a existência de contradições em seu primeiro depoimento à polícia, no sábado.

– Posso ter cometido erros, mas nenhuma contradição – garantiu.

Silva, conhecido por sua amizade com o prefeito, de quem foi assessor nos anos 80, referia-se a uma das informações tidas como contraditórias em sua descrição do seqüestro: a de que as portas da caminhonete Pajero blindada na qual Daniel e ele trafegavam teriam se destravado no momento em que o carro foi abordado pelos seqüestradores, na noite de sexta-feira, na zona sul de São Paulo. Silva dirigia o veículo. Peritos da polícia descartaram qualquer destravamento.

– Não sou técnico, não sou mecânico e nem especialista. Só sei que na hora que o carro deles me barrou e eu parei, as travas se abriram. Depois, travou (Silva não conseguiu mais fechá-las) – disse.

Silva garantiu que não quer ser tratado como um arquivo do caso.

– Não sou arquivo vivo de nada, sou uma testemunha. Eu me ofereceria para ir no lugar do Celso Daniel. Eu não chorei a morte do meu amigo ainda – afirmou.

Perguntado sobre os possíveis interessados na morte do prefeito, Silva começou a chorar.

– Celso era uma pessoa muito amável, incapaz de ofender as pessoas – afirmou, acrescentando que, no momento do seqüestro, pensou que se tratasse de crime “corriqueiro”.

Silva disse que Celso Daniel teve adversários políticos ferozes, dentro e fora do PT, mas que nunca havia sido ameaçado até receber a mensagem da suposta organização intitulada Forças Armadas Revolucionárias Brasileiras (Farb).

O empresário disse que surgirão especulações até que os assassinos do prefeito sejam presos e comentou que, em seu depoimento à polícia, teve de responder se houve divergências na separação de Daniel e da mulher, Miriam Belchior:
– Eu disse que não. Tanto que ela trabalhava na administração dele.

Questionado sobre se teve relação amorosa com o prefeito, Silva foi taxativo:
– As coisas têm limite. Isso ultrapassa qualquer limite.

Na madrugada de quarta-feira, Silva prestou um segundo depoim ento de mais de seis horas na 1ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no qual ficou acertada sua entrada para o Programa de Proteção à Testemunha. À noite, ele participou da reconstituição do crime na região do Sacomã, zona sul de São Paulo.


Polícia vai ao Interior atrás de cativeiro
Detido em Votuporanga pode estar envolvido em crime

A polícia de São Paulo seguiu na noite de ontem para o município de Miracatu, no interior de São Paulo, distante cerca de 60 quilômetros de Juquitiba, onde foi encontrado o corpo do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).

Segundo as primeiras informações, uma casa na cidade pode ter sido usada como cativeiro do prefeito.

A polícia paulista segue várias pistas sobre o crime. Agamenon Leopoldino Ferreira, 29 anos, um dos acusados de participar na quarta-feira do seqüestro do empresário de Votuporanga Euclides Facchini Filho, 46 anos, pode estar envolvido no caso. Ele e Adriano Vieira dos Santos, 22 anos, foram presos na tarde de quarta-feira na Rodovia Washington Luiz, perto de Mirassol, distante 450 quilômetros de São Paulo. Os dois são de Diadema e devem ser transferidos na próxima semana para a capital paulista. Ferreira é, segundo a Divisão Anti-Seqüestro (DAS), um dos 10 seqüestradores mais perigosos do Estado.


Denunciante é protegido
Policiais da Divisão Anti-Seqüestro (DAS) do Estado de São Paulo vão investigar as informações sobre a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), prestadas pelo vendedor Fábio Bernardes, detido pela polícia em Monte Sião (MG).

Bernardes foi preso depois de afirmar que sabia quem matou o prefeito.

O delegado titular do DAS, Wagner Giudice, que ouviu na madrugada de ontem o depoimento de Bernardes, em Monte Sião, já informou à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo a decisão de investigar alguns detalhes da história.

– Giudice afirmou que, embora o depoimento tenha sido confuso e muita coisa aparente ser mera fantasia, numa situação como esta nada deve ser descartado – informou a secretaria.

Bernardes foi preso na quarta-feira, embriagado e fazendo arruaça em frente ao quartel de Monte Sião. Levado à delegacia, ele contou que viveu em Santo André e que, no ano passado, quando participava de um churrasco, ouviu quatro moradores das favelas de Sacadura Cabral e Tamarutaca arquitetando o seqüestro. O alvo seria o empresário Sérgio Gomes da Silva, que estava no carro com o prefeito no momento do seqüestro, e o motivo seria a chamada queima de arquivo – eliminação de alguém que detém informações importantes sobre atividades criminosas. Segundo policiais de Monte Sião, onde deu seu primeiro depoimento, Bernardes não está mais na cidade, e não há informações sobre seu paradeiro. Segundo a polícia, ele é considerado testemunha e está sendo protegido.

Os depoimentos de Bernardes à polícia de Monte Sião foram confusos. Passada a embriaguez, ele teria desmentido as primeiras informações, para confirmá-las novamente horas depois. O delegado titular da cidade, Artur Ribeiro da Silva, garante que os depoimentos do vendedor deixaram claro que ele tem conhecimento de várias operações criminosas na região de Santo André.

O delegado Fábio de Oliveira, do município vizinho de Ouro Fino, também ouviu os depoimentos e afirmou que não acredita “em uma única palavra” de Bernardes:
– Ele tem vários antecedentes criminais por embriaguez e desacato a autoridade. E achou que inventando esta história poderia ganhar a recompensa de R$ 50 mil prometida pelo governo do Estado de São Paulo para quem ajudar a elucidar o crime.

A Secretaria de Segurança, que centraliza informações das investigações, informou que os detalhes do depoimento que chamaram a atenção de Giudice ainda não podem ser divulgados.


Ministro cobra integração de polícias
Aloysio ameaça governadores com suspensão de recursos

O ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, disse ontem que os governos estaduais que não integrarem ações policiais para combater a violência não receberão recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. As informações são da Agência Brasil.

– O Fundo Nacional de Segurança Pública começou no ano 2000. No ano de 2001 nós afinamos os critérios, ações integradas, polícia comunitária, reforço de equipamento, especialmente nos de investigação. Portanto, quem não apresentar resultados nessa área não recebe – afirmou.

O ministro, acompanhado da secretária nacional de Justiça, Elizabeth Süssekind, visitou em Florianópolis a penitenciária de Santa Catarina, onde é desenvolvido o projeto Liberdade Sobre as Ondas, que permite presos se reeducarem trabalhando na fabricação de pranchas. Para cada três dias de trabalho a pena diminui em um dia.

Por determinação do ministro, a Delegacia de Ordem Política e Social da Polícia Federal (PF) em São Paulo abriu inquérito para investigar “implicações políticas” da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). As apurações da PF devem se concentrar na atuação da suposta organização intitulada Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb).


PT promove ato público contra a violência
Cer ca de 500 pessoas estiveram ontem na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, para participar do ato público contra a violência, organizado pelo PT com o apoio de partidos de esquerda. Entre o discurso do prefeito da Capital, Tarso Genro, que abriu o ato, e o do governador Olívio Dutra, último a falar, dirigentes do PT, PSB, PCB, PC do B e PSTU se revezaram no alto do caminhão de som.

Para vários oradores, atos violentos como a morte dos prefeitos de Campinas, Toninho do PT, e de Santo André, Celso Daniel, são “uma reação das elites contra a luta dos trabalhadores”. Fitas pretas foram amarradas a algumas das bandeiras do PT levadas pelos manifestantes. Entre o público, circulava a reprodução de uma foto ampliada de Celso Daniel.

O prefeito Tarso Genro disse que os regimes ditatoriais espalharam a “cultura do ódio, que se tornou elemento da política e se voltou contra os que pautam sua luta pela liberdade e emancipação”.

Depois de ouvir todos os discursos, o governador Olívio Dutra encerrou o ato, que durou uma hora e meia. Foi saudado com um coro de “Olívio” e aproveitou a ocasião para incentivar a participação no Fórum Social Mundial, um encontro de “lutadores da paz e da Justiça”, em sua definição.

– Somos referência, um modelo alternativo ao projeto neoliberal. Recebamos bem essas pessoas – disse.

O secretário da Justiça e da Segurança, José Paulo Bisol, foi cauteloso na avaliação do assassinato do prefeito:
– Seria temerário afirmar que é um crime político.


Grupos preparam protestos no Fórum
O evento deverá atrair ativistas especializados em bloqueios de ruas e invasões

Grupos de extrema e ultra esquerda preparam protestos que podem causar constrangimentos aos organizadores do 2º Fórum Social Mundial e expor negativamente o PT gaúcho aos olhos do Brasil e do mundo.

O evento, que ocorre de 31 de janeiro a 5 de fevereiro, deverá transformar Porto Alegre na meca dos movimentos antiglobalização, atraindo também ativistas especializados em bloqueios de ruas, invasões de prédios e depredação de propriedades de grandes empresas.

– Com certeza estão vindo grupos que têm a intenção de se expressar dessa forma – assegura um militante da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) que não quer ser identificado.

Outra integrante da federação, Roberta Soares, salienta que a FAG é contrária a esse tipo de atuação. A instituição, que se declara especifista (um ramo do anarquismo que admite a organização), preparou para o Fórum um ciclo de palestras para divulgar seu ideais. Na Internet, as Jornadas Anarquistas da FAG são apresentadas como uma programação paralela ao evento, que consideram “reformista”.

– O Fórum Social Mundial não é socialista nem revolucionário, mas um espaço social-democrata. Ainda assim, é interessante – diz Roberta.

A Internet é o principal meio de articulação das organizações envolvidas com os protestos radicais encerrados na denominação “ação direta”. Seus integrantes não têm nomes, referem-se uns aos outros como “compas” (de companheiros) e comentam os prós e contras do Fórum, enquanto estimulam a vinda para a “festa de rua” de Porto Alegre. Uma das manifestações está sendo marcada para o Acampamento da Juventude, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.

“Ao invés de seguir a marcha ordeira e oficiosa do Fórum, por que você não se junta a nós para uma jornada autônoma e de ação direta, ao som do belo tango argentino?”, propõe um e-mail assinado pelos “Rebeldes Perdidos em Porto Alegre”. Os autores recomendam ainda que as pessoas tragam panelas, colheres e, “por via das dúvidas, sua máscara de gás e capacete”. A mensagem afirma que os protestos estariam sendo organizados pela Ação Global dos Povos, rede internacional que coordena a realização de manifestações internacionais. Também por e-mail, um estudante paulista de 26 anos, identificando-se pelo codinome Harpo Marx, disse a Zero Hora que “ativistas de diferentes partes do mundo, que atuam segundo os princípios da Ação Global, pretendem promover uma ação direta em protesto contra a reunião do Fórum Econômico Mundial em Nova York”.

Partidos e sindicatos nacionais devem aderir às eventuais ações diretas promovidas pelos ativistas. Setores da Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifestaram sua inconformidade com o Fórum e outros ícones da administração petista, como o Orçamento Participativo. Para Júlio Turra, diretor-executivo da CUT nacional, as duas iniciativas atendem aos interesses do Banco Mundial (Bird). No PSTU, tradicional protagonista de queima de bandeiras dos Estados Unidos, Altemir Paulo garante que a prioridade do partido são as oficinas sobre a situação na Argentina, entre outros temas, mas que deverão participar de uma marcha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) confirmou a vinda de José Bové, o líder camponês francês que na edição de 2001 do Fórum coordenou a destruição de uma plantação de soja transgênica no interior do Estado.

A assessoria do vice-governador Miguel Rossetto, que trabalha diretamente na promoção do evento, disse desconhecer a possibilidade de ocorrência de qualquer contestação que possa macular o caráter propositivo do Fórum. O coronel Ilson Pinto de Oliveira, do Comando de Policiamento da Capital (CPC), confirmou que a Brigada Militar não prepara nenhuma ação preventiva contra eventuais excessos nas manifestações. Por enquanto, está previsto que a corporação deverá acompanhar somente a Marcha pela Paz, protesto oficial que dá início ao Fórum. Com os mais exaltados, a orientação da Brigada é negociar.

– Nenhuma polícia quer o confronto – diz o coronel.

O coordenador político do gabinete do prefeito Tarso Genro, João Luiz dos Santos Santos, informou que acompanha a movimentação de “grupos inconseqüentes”:
– Estamos atentos e nos preocupamos, mas essa é uma atribuição do governo do Estado.


Itamar diz que quer distância do PSDB e do PFL
Governador se reuniu com a ala do PMDB que o apóia

O PMDB, no momento, tem de manter distância do PSDB e do PFL. A afirmação foi feita ontem pelo governador de Minas Gerais, Itamar Franco, pré-candidato do partido à Presidência.

– Queremos colocar o PMDB em seu caminho, nem perto do PSDB e nem perto do PFL. Queremos manter a decisão de candidatura própria – disse o governador, em reunião realizada em São Paulo com a ala do partido que o apóia.

Itamar tentará convocar uma convenção nacional extraordinária para o dia 3 de março, nove dias antes das prévias do PMDB, para garantir o lançamento da candidatura própria à Presidência. O anúncio foi feito na reunião de ontem, na qual compareceram, o ex-governador e presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, entre outros.

A manobra busca evitar que a ala governista do PMDB cancele as prévias por causa de brechas jurídicas nos critérios estabelecidos na convenção nacional de setembro.

Itamar disse que manterá seu nome. No entanto, Quércia – que faz constantes contatos com o PT paulista – não descarta apoio do grupo do governador ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, caso o PMDB desista da candidatura própria. Ontem, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), divulgou uma nota na qual reafirma que a decisão de realizar as prévias.

O PMDB gaúcho reúne-se hoje, às 20h30min, em Rainha do Mar, na casa em que o deputado Alexandre Postal passa as férias, para discutir estratégias de mobilização que garantam a participação dos quase 1,4 mil votantes na prévia. O maior desafio é convencer vereadores, prefeitos e membros dos diretórios de todo o Estado a viajar até Porto Alegre para votar. Com apenas uma urna, na Capital, a prévia t erá o resultado homologado apenas se mais da metade do colegiado comparecer.


Chances de Roseana retirar candidatura se tornam remotas
É cada vez mais remota a possibilidade de a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), retirar sua candidatura à Presidência.

– A visita ao presidente Fernando Henrique e o telefonema ao ministro José Serra são a prova cabal de que ela é candidata – afirma o ministro da Previdência, Roberto Brant (PFL-MG).
A não ser que despenque nas pesquisas nos próximos dois meses, Roseana está decidida a disputar contra o ministro da Saúde, José Serra – e a oposição – o primeiro turno das eleições.
Foi a certeza da candidatura que levou a governadora a pedir audiência com o Fernando Henrique Cardoso. Na noite de quarta-feira, durante jantar no Palácio da Alvorada, Roseana falou do temor de seu partido de que, desenhado este cenário – ela e Serra na disputa–, o clima entre PFL e PSDB fique tão azedo que impeça uma aliança no segundo turno.

– Não podemos perder de vista que nosso adversário chama-se Luiz Inácio Lula da Silva – disse a governadora ao presidente.

O avanço dos tucanos sobre o PMDB foi outra razão da conversa e motivo de preocupação para o PFL. Diante disso, a governadora ligou para o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), na semana passada. Voltou a telefonar na quarta-feira, pouco antes de ligar para Serra, quando contou que iria se encontrar com FH.

Roseana explica os temores do PFL: a temperatura das críticas e das acusações durante a campanha pode se elevar de tal forma que constranja os tucanos a subirem em seu palanque. Além disso, dizem os pefelistas, o PSDB considera o PFL um partido de direita. Num segundo turno, o PSDB estará, segundo a tendência atual, entre a “direita” e a “esquerda” – provavelmente o PT de Lula.

A possibilidade de uma aliança PSDB-PT aterroriza o PFL. A governadora prometeu a FH apoio integral ao candidato tucano, caso Serra passe para o segundo turno. E garantiu que dificilmente haverá racha em seu partido. Por meio do porta-voz Georges Lamazière, o presidente comentou o encontro, afirmando que “é muito cedo para dizer se haverá um só candidato da base aliada”.


Monsanto se prepara para evitar invasão
Unidade da empresa aumentou número de guardas

Não-Me-Toque
A seis dias do início do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, uma empresa localizada no Alto Jacuí começa a reforçar a segurança para não ser surpreendida por manifestantes.

A unidade de produção de sementes e pesquisas da Monsanto, em Não-Me-Toque, ocupada por dois dias, no ano passado, aumentou o número de profissionais na guarda do complexo.

A informação não é confirmada pela empresa, que deverá se manifestar sobre o assunto a partir de segunda-feira. Mas dirigentes têm mantido contato com a prefeitura e teriam manifestado preocupação.

Em 2001, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros movimentos ocuparam o local e destruíram uma lavoura experimental de soja transgênica, além de laboratórios. A ação foi capitaneada pelo ativista francês José Bové, que acabou sendo notificado a deixar o país. Bové chega a Porto Alegre na segunda-feira e deve permanecer no Estado até o dia 4.

O prefeito Armando Carlos Roos (PPS) disse não acreditar que a situação possa se repetir:
– Apesar disso, já comunicamos a Brigada Militar.


Funcionários demitidos pedem reintegração
Unidade da Ambev afastou mais de 30 empregados em janeiro

O município de Estrela, no Vale do Taquari, está mobilizado para tentar reverter as 35 demissões promovidas pela Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) no dia 11 de janeiro na unidade localizada na cidade.

Ontem à tarde, mais de 200 pessoas participaram de uma audiência pública em Estrela para exigir a revisão das demissões. Com o fechamento da área de produção, a unidade tem hoje 85 funcionários trabalhando nas áreas de envasamento e distribuição.

Em 2001, a fábrica representou 18,93% na arrecadação de impostos em Estrela. Nos últimos 11 anos, a empresa se manteve em primeiro lugar no segmento Indústria/Comércio, além de ser a vencedora no ranking geral do município. Conforme o prefeito Geraldo Mânica (PDT), o município não pretende abrir mão da marca da cerveja.

– A comunidade de Estrela criou a marca Polar. Queremos que a cerveja continue sendo produzida no município – afirmou.

As demissões desencadearam uma mobilização em defesa da Polar. Na tarde de ontem, mais de 200 pessoas participaram de uma audiência pública na Câmara de Vereadores com o objetivo de reverter a situação da unidade. Estiveram presentes os secretários estaduais do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, Tarcísio Zimmermann, e do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Zeca Moraes, além de prefeitos, dirigentes sindicais e outros líderes da região.

Na reunião, foram organizadas duas frentes de trabalho. Uma equipe formada por representantes do governo estadual e prefeituras ficará encarregada das negociações diretas com o Grupo AmBev. O outro grupo buscará alternativas para tentar a readmissão dos funcionários dispensados na unidade de Estrela.

A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado (FTIA-RS) encaminhou na quarta-feira uma denúncia contra o Grupo AmBev ao Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico do Brasil (Cade), com sede em Brasília. Conforme a federação, o Grupo AmBev, formado em 2000, a partir da fusão das cervejarias Antarctica e Brahma, descumpriu uma das regras do acordo, realizando demissões nas fábricas de Estrela e Montenegro. No contrato, as duas fábricas deveriam permanecer abertas pelo menos até 2004, mantendo o mesmo quadro de empregos e número de trabalhadores. No caso de demissões, a AmBev deveria qualificar os trabalhadores e reconduzi-los a outros postos de trabalho.

Valdir Warken é um dos 35 funcionários dispensados. Depois de trabalhar 11 anos na empresa, ele ficou surpreso com a decisão. Aos 36 anos, casado e pai de três filhos, Warken acredita que a sua única saída é retornar para trabalhar no campo. Com o dinheiro da rescisão ele pretende comprar um terreno em Teutônia para voltar a plantar.


Artigos

Pacto de silêncio
Mauro Godoy Prudente

Vanderlino Ramage, em artigo publicado na coluna Opinião de Zero Hora do dia 11/01/2001, sob o título Nossa guerra particular, constata: “O que causa perplexidade é que temas relevantes, como o crescimento desordenado da população, controle da natalidade, violência e impunidade são tabus na política brasileira. Ou por insensibilidade ou por miopia política, tanto os segmentos de esquerda como os de direita calam-se. Calam-se os poderes constituídos, o Congresso Nacional, o Judiciário e o Executivo”. Para sustentar seu ponto de vista, o autor cita dados comparando o crescimento total das populações brasileira e argentina no último meio século. Vê-se que com poucos dados é fácil constatar o crescimento absurdo da população brasileira. Como assinala o articulista, em pouco tempo houve uma favelização das nossas cidades. Para observar o fenômeno, basta caminhar por nossas ruas e observar o triste espetáculo da miséria, que, extrapolando os limites das favelas, tornou-se pública.

A população urbana brasileira cresceu,em meio século,
mais de sete vezes

Até aí, tudo bem. Passo a discordar do articulista não em relação ao fenômeno descrito, mas quando confessa sua perplexidade diante do silêncio sobre o mesmo. Na verdade, isso é facilmente explicável. Existe no Brasil um pacto de silêncio no que diz respeito ao crescimento avassalador de nossa população. Em primeiro lugar, obviamente, pela posição reacionária da Igreja Católica no que tange à questão da natalidade no mundo e em nosso país. Defendendo o “crescei e multiplicai-vos”, a “paternidade responsável” e se colocando contra qualquer técnica de controle reprodutivo que não seja “natural”, a Igreja Católica contribuiu fortemente para o crescimento populacional. Ao mesmo tempo, sendo detentora de um capital político que, em nosso país, chega às dezenas de milhões de votos, seu peso no cenário político é decisivo para ajudar a manter o silêncio sobre o assunto. Em segundo lugar, as esquerdas de todos os matizes, historicamente, foram contrárias ao controle demográfico, privado ou público, vendo-o como “reacionário”, “autoritário” e de “direita”. Articuladas, em sua maioria, com a Igreja Católica, as esquerdas possuem força política suficiente para vetar qualquer discussão séria sobre o assunto.

Em terceiro lugar, como decorrência dos argumentos acima, nossos políticos, em sua esmagadora maioria, com medo de perder votos, calam-se sobre o tema, optando pela sobrevivência eleitoral ao invés de cumprir com seu dever cívico de enfrentar, aquela que é, do meu ponto de vista, a questão principal de uma agenda política verdadeiramente cidadã. Em quarto lugar, as políticas públicas são, ainda que meramente simbólicas, de cunho natalista (auxílio-maternidade, salário-família, etc.). Deixando de lado essas características, derivadas de nosso subdesenvolvimento social, político e cultural, gostaria de agregar mais alguns dados à discussão. Como o espaço é exíguo, elencarei apenas aqueles que são os mais importantes. A população urbana brasileira cresceu, em meio século, mais de sete vezes. De 19 milhões de pessoas habitando em cidades em 1950, chegamos, pasmem, em duas gerações, a quase 140 milhões. Tais números fariam o reverendo Malthus estremecer. Ele previa que, em condições naturais favoráveis e sem freios morais a lhe limitar a reprodução, uma população dobraria a cada 25 anos! A taxa de natalidade da população brasileira está acima de 2% ao ano, fazendo com que agreguemos, a cada ano, mais de 3 milhões de pessoas ao nosso contingente populacional. Como a taxa de urbanização da população brasileira é de cerca de 80%, isso que faz com que mais de 2 milhões de pessoas, a cada ano, nasçam em cidades já abarrotadas de gente.

Além disso, como o crescimento demográfico nas classes altas e médias tende a ser baixíssimo, é fácil concluir que a esmagadora maioria desse contingente populacional é totalmente carente, mesmo porque 27% das mulheres que têm filhos, em nosso país, são menores que ainda não chegaram aos 18 anos. Esses são os fatos. As conclusões são óbvias! No entanto, continua existindo um pacto de silêncio com relação ao assunto...


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Reserva ou censura
Quando o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim apresentou projeto para que durante investigações policiais a divulgação dos fatos fosse feita somente ao final dos trabalhos para preservar o direito das vítimas e dos suspeitos e, enfim, evitar injustiças com informações precipitadas, o Partido dos Trabalhadores fulminou a proposta, batizando-a como “lei da mordaça”. O objetivo da lei era exatamente para atender à reivindicação feita ontem pelo presidente do PT, deputado José Dirceu, ao exigir da polícia sigilo nas investigações das causas do brutal assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. A lei, para ser boa, deve ser igual para todos. E essa era a intenção. Na entrevista concedida ontem à Rádio Gaúcha, o principal dirigente do partido expressou, com sincera veemência, sua indignação pela forma como a polícia vem “vazando informações sobre o caso, para a imprensa, com objetivo de atingir o PT”. Chegou até a afirmar que tem “vergonha de ser brasileiro”.

A morte do prefeito de Santo André teve repercussão maior do que o assassinato do prefeito petista de Campinas. Na estrutura do partido, Celso Daniel era uma das figuras mais respeitadas e competentes. Fora escolhido por Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a elaboração do programa de governo. O capítulo da segurança pública, por razões conhecidas, mereceu tratamento especial e será anunciado em fevereiro. O partido percebeu a importância do tema por ter interpretado bem a voz da sociedade, ouvida nas últimas pesquisas sobre o nível de (in)satisfação do cidadão.

Ao exigir que a polícia não divulgue fatos, precipitadamente, para não comprometer a qualidade das investigações, o deputado José Dirceu não está, como democrata, invocando censura prévia, mas apenas preservando a memória e o direito de um homem público de bem, como era o caso do prefeito de Santo André. A sociedade e as instituições já não têm tantos preconceitos em relação às opções pessoais de figuras proeminentes do showbiz ou da política. O próprio PT faz investigação paralela do bárbaro crime.

Pode, ao final, apenas confirmar o que a polícia apurou. Então as críticas ao descaso do governo paulista e de FH poderão ser consideradas injustas. Ou, no mínimo, precipitadas.


JOSÉ BARRIONUEVO

Olívio e Tarso se reencontram
O primeiro encontro entre o governador Olívio Dutra e o prefeito Tarso Genro depois da ebulição da disputa interna do PT gaúcho aconteceu ontem à tarde, na sede da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Governo e prefeitura assinaram um convênio de R$ 8 milhões para o projeto Linha Rápida.

Bastava os representantes das pastas envolvidas no assunto terem comparecido, mas o secretário estadual do Planejamento, Adão Villaverde, amarrou o encontro. Detalhe: Villaverde integra o primeiro escalão de Olívio, mas já abriu apoio a Tarso. Com isso, tornou-se figura rara dentro do PT gaúcho. O bom trânsito de Villaverde foi ressaltado pelos dois pré-candidatos a governador.
À noite, Tarso e Olívio voltaram a se encontrar durante o ato contra a violência, promovido pelo PT na Esquina Democrática, onde trocaram abraços.

Policiais esperam mudanças
Descontentes com a política de segurança pública do governo Olívio Dutra, integrantes da Brigada Militar e da Polícia Civil gaúcha abriram apoio ontem à noite à candidatura de Tarso Genro ao governo do Estado. O ato foi na Churrascaria Garcias, em Porto Alegre, promovido pela deputada Maria do Rosário e pelo vereador Aldacir Oliboni, da corrente Movimento de Construção Socialista (MCS).

O grupo apresentou a Tarso propostas de combate ao crime organizado. O ex-secretário de Segurança do Rio Luiz Eduardo Soares, o secretário municipal da Educação, Eliezer Pacheco, oficiais da BM e delegados de polícia estiveram presentes.

Visão diferenciada
Tarso Genro disse aos servidores que se for o escolhido para disputar o governo do Estado pelo PT se compromete a tratar a segurança como um fenômeno político. Afirmou ainda que é preciso lutar para que a categoria seja melhor compreendida e lembrou que está disposto a disputar a prévia do PT desde que tenha certeza de que seu nome tenha apoio suficiente da base para vencer.

O pré-candidato ficou na churrascaria cerca de 30 minutos, sempre ao lado de Maria do Rosário, Eliezer Pacheco, Aldacir Oliboni e da presidente da Ugeirm-Sindicato, Adélia Porto.

Vendilhão baiano
A claque do senador Pedro Simon, que hoje à noite estará reunida em Rainha do Mar, está na ponta dos cascos com o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Geddel Vieira Lima. O deputado estadual João Osório, por exemplo, entrará com representação contra Geddel na Comissão de Ética do PMDB nacional por ele tentar firmar acordo com o PSDB sem discutir com os companheiros. João Osório chamou Geddel de “vendilhão”.

Lançamento marcado
Em nível estadual, o apoio ao deputado Germano Rigotto tem cresc ido a cada dia em suas viagens pelo Interior. No próximo dia 31, Rigotto deverá ser lançado candidato ao Palácio Piratini em sete coordenadorias do partido. Ainda estão cotados para disputar o governo Mendes Ribeiro Filho, que não quer, e Cézar Schirmer, que é o presidente estadual da sigla. Rigotto tem chances.

Petista solitário
O único representante do governo do Estado que deverá participar do Ciclo de Colóquios para Entender o Brasil – espécie de contraponto ao Fórum Social Mundial – deverá ser o secretário do Planejamento, Adão Villaverde. A presença foi confirmada ontem aos organizadores.

Isaac desafia
Da tribuna da Câmara o vereador Isaac Ainhorn, do PDT, desafiou o prefeito Tarso Genro a elaborar um novo código tributário para a Capital. A intenção do pedetista é reavaliar todos os impostos municipais e não só o aumento do IPTU, cuja discussão deverá voltar ao plenário. Ainhorn critica o fato de o atual código ter sido alterado por 86 leis, 56 delas durante as administrações petistas.

Estilac responde
O líder de Tarso Genro na Câmara, Estilac Xavier, considera a proposta do colega de plenário Isaac Ainhorn uma “armadilha para ingênuos”, já que a prefeitura de Porto Alegre não poderia abrir mão de suas receitas “pelo simples desejo do vereador do PDT”.
– O interesse do Isaac é que a prefeitura fique debilitada – retrucou o petista, candidato a presidente do Legislativo.

Perito na pista
Waldir Florenzo, o perito criminal que trabalha na investigação do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, do PT, deverá ser a atração da 30ª edição da prova mais tradicional do automobilismo do país: a Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos.

Florenzo, que é engenheiro especializado em segurança veicular, participa da prova entre mais de 200 pilotos com as mais diversas experiências e profissões. O perito que está mais em evidência no momento já venceu os Mil Quilômetros de Brasília e afirma que sua experiência como piloto ajuda a entender a dinâmica dos acidentes.


ROSANE DE OLIVEIRA

Cuidado com as versões
Há muita coisa nebulosa na vida do empresário Sérgio Gomes da Silva e do seu relacionamento com o prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, mas convém tomar muito cuidado para não produzir uma injustiça com a testemunha ou transformar a vítima em culpado. A polícia ainda tateia no caso e qualquer conclusão agora pode ser precipitada.

Os detetives amadores em que nos transformamos todos diante de um crime dessa magnitude já formularam as mais absurdas teorias, quase todas com algum furo, para explicar o seqüestro e o assassinato do prefeito. Além das duas grandes divisões – crime comum ou crime político – ,há nas teorias que circulam pelo país um sem número de subdivisões. Se foi crime político, seria político-ideológico ou político-administrativo, coisa de alguém que teve interesses contrariados pelo prefeito? Na categoria do crime comum as especulações são intermináveis: passional, seqüestro, vingança, queima de arquivo, engano etc.

É curioso que só ontem a polícia tenha pedido a quebra do sigilo do telefone celular do prefeito para confirmar as últimas ligações feitas e recebidas e os recados deixados na caixa postal. Só ontem, também, foi feita a busca no apartamento do prefeito. Nas histórias de detetive essas coisas estão entre as primeiras providências da polícia. Ou não?

Está confirmado que o empresário Sérgio Gomes da Silva, que dirigia a Pajero, tinha negócios com um um dos prestadores de serviços da prefeitura, mas até agora o Tribunal de Contas não encontrou irregularidades nos contratos. Tudo isso precisa ser investigado à exaustão, para que as versões não se sobreponham aos fatos. Se houve algum tipo de favorecimento, as investigações devem dar uma resposta conclusiva.

É verdade que a versão do amigo do prefeito sobre o que aconteceu com a Pajero não coincide com a perícia e com a análise da Mitsubishi, mas, neste caso, há que se perguntar: quem, sob tiroteio, tem certeza de que não cometeria uma barbeiragem como destrancar as portas?


Editorial

DO PLANO À AÇÃO

Este país padece de uma doença infantil da democracia: a descontinuidade administrativa. Não há exemplo mais flagrante do que os descaminhos da política federal de segurança pública. Em janeiro de 2000, o presidente da República determinava a realização de um amplo diagnóstico da situação do setor no país, com vistas à elaboração de um programa específico para conter a criminalidade. Comentávamos editorialmente à época que, para obter um mínimo de êxito, tal iniciativa deveria caracterizar-se pela objetividade e pela continuidade. O tema, contudo, foi recolhido ao limbo e só voltou à primeira linha das preocupações do Planalto após o seqüestro de um ônibus no Rio, transmitido por televisão para todo o país, e ao longo do qual um marginal torturou friamente reféns inocentes por mais de quatro horas. Ele próprio e uma de suas vítimas acabaram mortos pela polícia.

Essa brutal ocorrência ressuscitou o Plano Nacional de Segurança Pública, que após constrangedoras divergências ministeriais sobre recursos tomou a forma de nada menos do que 124 ações diversas, para as quais – anunciou-se com a requerida pompa e circunstância – haveria verbas no valor de R$ 3 bilhões, que financiariam a construção de dezenas de presídios inexpugnáveis. Foi essa também uma proposta de escasso fôlego, tanto que já parecia página virada até que novamente um bárbaro crime, o assassinato do prefeito de Santo André, devolveu-lhe súbita atualidade. Quem julgou no entanto que desta vez as diretrizes seriam implementadas enganou-se redondamente. O mesmo governo que deu à luz o plano anterior faz agora uma análise extremamente crítica daquele projeto.

O país clama por ações coerentes que reduzam a
insegurança num horizonte previsível

Para o ministro da Justiça, as metas fixadas por seu antecessor na pasta eram demasiadas, “o que levava a um certo desfocamento”. Preconiza o senhor Aloysio Nunes Ferreira a integração e a qualificação das polícias, com ênfase à recuperação de sua capacidade de investigação e ao combate à corrupção nas próprias corporações. Afirma ele que não faltam recursos, falta é eficiência, inteligência, capacitação, gerenciamento da atividade policial. Paralelamente, os presidentes da Câmara e do Senado convocaram reunião dos líderes dos partidos para, na próxima semana, buscarem um consenso acerca da apreciação de centenas de projetos sobre segurança que tramitam nas duas Casas.

É evidente que tanto o ministro como os parlamentares agem na melhor das intenções. Mais do que leis em excesso e planos desencontrados, que concorrem apenas para confundir os cidadãos e facilitar a ação dos delinqüentes, o país clama é por ações coerentes e incessantes que levem à redução da insegurança num horizonte previsível. Muitas nações do mundo já alcançaram esse propósito, conjugando esforços de diferentes níveis decisórios, sintonizando energias e engajando quanto possível a sociedade numa luta que é de todos. Em outras palavras, não pecaram nem pela descontinuidade, nem pela ausência de objetividade, que encontram solo tão fértil nos gabinetes decisórios de Brasília.


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01/25/2002


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