Empresário nega ter recebido comissões por intermediar negócios com Ministério da Saúde
Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas nesta quinta-feira (23), o empresário de Piracicaba (SP) Abel Pereira negou que tivesse recebido comissões por intermediar liberações de verbas no Ministério da Saúde, em 2002 - época da gestão Barjas Negri, do PSDB. Negri atualmente é prefeito de Piracicaba. Darci e Luiz Antônio Vedoin - acusados de chefiar esquema de fraudes para a compra superfaturada de ambulâncias para prefeituras - disseram em depoimento que Pereira receberia comissões de até 10% para liberar verbas junto ao Ministério da Saúde.
O empresário disse que conhecia superficialmente o então ministro, apenas por serem da mesma cidade, e afirmou não ser ligado a nenhum partido político. Abel Pereira disse que conhecia Darci e Luiz Vedoin também de maneira superficial e que nunca teve negócios com os empresários. Mas, ao ser questionado pelos parlamentares, reconheceu ter tido vários encontros com os Vedoin.
Abel Pereira confirmou ainda que Darci Vedoin, em um encontro em um shopping em São Paulo, ofereceu provas que supostamente comprometeriam o candidato do PT ao governo de São Paulo nas últimas eleições, senador Aloizio Mercadante (PT). Pereira disse que não se interessou pela informação nem deu prosseguimento à negociação com os Vedoin.
O depoente contou que trabalha no ramo de construção civil há mais de 25 anos, principalmente com o setor público. Confirmou ainda que empresas dele e da família fizeram doações de campanha para a candidatura vitoriosa de Barjas Negri à prefeitura de Piracicaba. O depoente caiu em contradição sobre quando conheceu Barjas Negri: primeiro afirmou tê-lo conhecido durante a campanha de 2003, mas depois reconheceu ter participado de audiência com Negri quando este foi ministro da Saúde, em 2002.
O empresário contou ter tido essa audiência com o ministro juntamente com o então prefeito de Jaciara (MT), Valdizete Martins Nogueira, atual chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso. Na época, Nogueira conseguiu no Ministério verbas para a construção de um hospital em Jaciara, cuja licitação para construção foi vencida mais tarde por uma empresa de Abel Pereira. Sobre um pagamento em dinheiro posteriormente feito a Valdizete Nogueira, Abel explicou que se tratou de pagamento por corretagem paga ao ex-prefeito pela venda de uma fazenda.
Destino dos cheques
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), anunciou que a comissão iniciará diligências junto ao Banco do Brasil para identificar o destino de 15 cheques emitidos pela Planam e que faziam parte do dossiê apreendido pela Polícia Federal e que supostamente traria prova de envolvimento de tucanos com a máfia das ambulâncias. Os cheques supostamente teriam sido pagos a Abel Pereira.
Abel Pereira afirmou que só conhece os nove cheques que supostamente teriam sido pagos a ele pelos irmãos Vedoin por ver os documentos no inquérito da Polícia Federal no qual está envolvido. Segundo petistas, o dossiê era composto de 15 cheques, mas apenas nove fazem parte do inquérito.
23/11/2006
Agência Senado
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