Especialistas destacam dificuldade em acabar com turismo sexual



A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) realizou nesta quinta-feira (10) audiência pública para debater o programa Turismo Sustentável e Infância (TSI), lançado pelo Ministério do Turismo. Durante a discussão, senadores e especialistas foram unânimes em apontar as dificuldades para acabar com o problema do turismo sexual. Todos pediram ainda maior envolvimento da sociedade e das autoridades no combate a esse crime.

Uma das convidadas para a audiência, a consultora do Ministério do Turismo Fabiana Gorenstein, informou que trabalhou na preparação do Programa Turismo Sustentável e Infância (TSI), ajudando, na ocasião, o ministério a encontrar soluções para enfrentar o problema. Fabiana Gorenstein destacou que turismo sexual não é turismo, mas, sim, crime, e como tal deve ser tratado.

Como caminhos para melhorar a situação, apontou: uma maior qualificação do setor de turismo no Brasil; a conscientização sobre a responsabilidade social; ações para atender as populações de risco; e uma mudança de visão do turismo, com a finalidade se passar a ver a atividade como agente de igualdade social e de distribuição de renda. De acordo com a especialista, essas são indicações da Organização Mundial do Turismo (OMT).

Fabiana Gorenstein disse ainda que o turismo sexual é "um péssimo negócio para o Brasil". A advogada destacou que o programa TSI criou uma campanha publicitária com três personagens, elaborados a partir de informações colhidas pelo Disque-Denúncia, que representam o perfil mais comum das crianças vítimas de abuso sexual no Brasil.

A primeira personagem foi inspirada no perfil de adolescentes do sexo feminino, entre 15 e 17 anos, negras ou índias, que vêm do interior para as grandes capitais, têm baixa escolaridade e pouca perspectiva de vida. A segunda vítima potencial de abuso sexual é criança, entre cinco e sete anos, que sofre abuso de pessoas de seu convívio próximo e que é representada na campanha por uma criança também do sexo feminino. Já o terceiro personagem é um menino, já que, como destacou Fabiana Gorenstein, de cada dez casos de abuso, três são contra meninos, embora aparentemente essa realidade não faça parte do imaginário do brasileiro que, em geral, identifica apenas meninas como vítimas desse tipo de crime.

A especialista afirmou ainda que as políticas públicas nacionais de combate à exploração sexual são desconhecidas da população em geral. Para Fabiana Gorenstein, os espaços de denúncia precisam ser mantidos de forma constante e as ações de combate não podem ser pontuais. Além disso, destacou, é preciso trazer novos setores sociais para o processo.

Também convidada da audiência, a integrante do Centro de Desenvolvimento Sustentável e do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB) Iara Lúcia Gomes Brasileiro destacou que a proteção às crianças em risco será aumentada à medida que se conseguir dar maior sustentabilidade ao turismo.

- A sustentabilidade é construída diariamente. E é preciso proteger crianças e adolescentes para garantir que possam se desenvolver plenamente como pessoas - disse.

A especialista destacou que a exploração turismo sexual é exercida, em grande parte das vezes, por pessoas com formação, que podem ser até políticos, religiosos, professores.

-Muitas vezes são pessoas com papel importante na sociedade - destacou.



10/05/2007

Agência Senado


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