Ex-agente do SNI nega ter participado de grampo



O agente aposentado do ex-Serviço Nacional de Informações (SNI) Francisco Ambrósio do Nascimento disse, em depoimento à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, que não participou de qualquer operação de escuta telefônica, legal ou ilegal, no período em que trabalhou na chamada Operação Satiagraha. A operação, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, foi deflagrada em 8 de julho.

Ambrósio disse ter trabalhado de meados de fevereiro até o início da operação como colaborador eventual da Polícia Federal. Afirmou que dava expediente de 8h às 18h, no quinto andar do edifício sede da PF, em Brasília. A partir de 11 de abril, passou a trabalhar em outro prédio da PF, no setor Sudoeste, também na Capital. Qualificou seu trabalho como burocrático, apenas separando, por assuntos, mensagens eletrônicas coletadas nas investigações. Disse não ter qualificação ou conhecimento para empreender escutas telefônicas.

O ex-agente do SNI (órgão que funcionou durante a ditadura militar e que foi sucedido pela Agência Brasileira de Inteligência - Abin) afirmou que recebia R$ 1,5 mil em espécie como pagamento por mês, do próprio delegado Protógenes Queiroz, responsável pela operação. Afirmou que assinava recibo sem qualquer desconto para impostos, contribuição ou seguridade social, o que provocou estranheza do deputado Raul Jungmann (PPS-PE).

De acordo com o ex-agente, ele foi contratado por Protógenes devido à carência de pessoal na investigação. Disse não ter conhecimento de nenhuma outra pessoa contratada em condições semelhantes a sua e afirmou que a reportagem publicada pela revista IstoÉ que o qualifica como espião e autor de escutas telefônicas clandestinas "não condiz com a verdade".

Kroll

Ambrósio disse não ter jamais presenciado "qualquer coisa que pudesse colocar em xeque a integridade moral e profissional do delegado Protógenes". Mas afirmou ter ouvido do delegado que havia, na sede da PF, 25 volumes relativos ao caso de espionagem que a empresa Kroll teria empreendido sobre negociações no mercado de telefonia brasileiro. Tal informação foi considerada a mais importante do depoimento pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que presidiu a reunião na condição de presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado. De acordo com Heráclito, a cúpula da Polícia Federal nega que essas informações tenham chegado à PF.

Sobre sua vida, Ambrósio afirmou que foi cabo da Aeronáutica e depois trabalhou por 20 anos no SNI. Contou que também trabalhou, na década de 70, no serviço de inteligência do Exército brasileiro e que está aposentado desde 1998. Desde então, segundo ele, nunca mais trabalhou, até aceitar o convite do delegado Protógenes, a quem disse ter sido apresentado pelo sargento da Aeronáutica Adalberto Araújo e por um oficial que nomeou como Major Branco.

Também participaram da audiência os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Alvaro Dias (PSDB-PR) e Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC).



17/09/2008

Agência Senado


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