Delúbio Soares nega que tenha participado de esquema para arrecadação de R$ 1 bilhão



O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares negou, ao depor nesta terça-feira (23) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, que tenha sido um dos principais articuladores para que o PT e o empresário Marcos Valério arrecadassem cerca de R$ 1 bilhão por meio de esquemas ilegais. Em recente entrevista ao jornal O Globo, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira declarou que o esquema de arrecadação de dinheiro com o PT no governo contava com a participação dele próprio, de Delúbio Soares e do empresário.

- As afirmações são de inteira responsabilidade de Silvio Pereira, mas garanto que jamais participei da operação para a formação de um caixa de R$ 1 bilhão - salientou Delúbio Soares, ao tentar deixar claro que os empréstimos solicitados junto a bancos ou ao empresário Marcos Valério eram requeridos por ele próprio.

O ex-tesoureiro explicou que, no decorrer de 2003 e de 2004, relatou a Marcos Valério as dificuldades financeiras que o PT estava enfrentando - ocasião em que o empresário teria colocado as empresas dele à disposição para solicitar os empréstimos com o objetivo de ajudar o partido. Foi então que, conforme relatou, teria autorizado Marcos Valério, "numa relação de confiança", a pedir os empréstimos.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), diante do volume dos recursos solicitados, disse que tudo indicava ter havido autorização da direção do PT para a obtenção dos empréstimos, o que foi negado por Delúbio.

Delúbio Soares, que participou da reunião da CPI a contragosto, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter negado habeas corpus impetrado por seus advogados para que não comparecesse, negou também que Marcos Valério tenha participado da campanha de Lula em 2002 e afirmou que "não houve formação de caixa dois na campanha do PT, e muito menos na de Lula".

Indagado pelo relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), se ele, Delúbio, não ficara espantado diante da grande movimentação financeira registrada no chamado 'valerioduto', o ex-tesoureiro petista voltou a informar que os recursos foram obtidos em virtude dos vários empréstimos solicitados pelo PT junto a bancos e a Marcos Valério.

Sobre a suposta doação de R$ 1 milhão por dois bingueiros angolanos à campanha presidencial do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, Delúbio Soares foi enfático. Garantiu ter sabido do episódio apenas pela imprensa. Ele disse ainda desconhecer que casas de bingo tivessem contribuído para a campanha também com R$ 1 milhão. Informações publicadas pela imprensa dão conta de que os bingueiros e donos de casas de bingo investiram na campanha de Lula em troca da legalização dos jogos em todo país, caso fosse eleito.

"Nunca ouvi falar", "tomei conhecimento somente através da imprensa", e"desconheço as afirmações e acusações", foram as expressões mais usadas pelo ex-tesoureiro do PT ao longo da audiência pública, a começar pelo suposto ingresso no país de dólares provenientes de Cuba para ajudar a campanha de Lula.



23/05/2006

Agência Senado


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