EX-FUNCIONÁRIO DO TRT-RJ APONTA IRREGULARIDADES NA NOMEAÇÃO DE CLASSISTAS



O ex-funcionário do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio de Janeiro, Moisés Szmer Pereira, apontou, durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário, irregularidades na nomeação de juízes classistas durante a presidência do juiz José Maria Mello Porto. Segundo o depoente, entre janeiro de 1993 e julho de 1994, o ex-presidente do TRT nomeou ou reconduziu 300 classistas, entre representantes de empregados e empregadores, titulares e suplentes.Szmer citou casos em que um ocupante de cargo de confiança do tribunal foi nomeado classista e parentes de outros juízes foram indicados para o cargo por sindicatos "estranhos". Para exemplificar, Szmer citou nomes de entidades de classe como o do Sindicato dos Trabalhadores em Salões de Cabeleireiros para Homens.O depoente, que fez um levantamento dos atos de nomeação e recondução de classistas no período de Mello Porto, relatou ainda o caso de uma mulher indicada pelo Sindicato de Empregados da Extração de Mármores e Pedreiras e o de dois classistas saídos do Sindicato dos Profissionais de Dança. Na sua avaliação, é possível criar "quantos sindicatos se queira".Szmer contou aos senadores que os proprietários de uma agência de turismo, Lilian e Sérgio Ricardo Elevado, também nomeados juízes classistas, receberam pagamentos do TRT. Sérgio Ricardo, continuou o depoente, ainda teria atuado como advogado de Mello Porto em ação por danos morais movida pelo magistrado contra Smzer e contra o Jornal do Brasil.- Tenho ojeriza a classista. Em termos de função, não em termos de pessoas. Vi as coisas mais escabrosas acontecerem - afirmou Szmer.PROMOÇÃO PESSOALDurante o depoimento, Szmer entregou ao presidente da CPI, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), fotos em que Mello Porto aparece andando de helicóptero e material de divulgação do juiz, como livros, panfletos e adesivos para carros. O relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA), quis saber quem pagava as viagens de helicóptero e o material e perguntou o nome da gráfica responsável pela impressão do livro.Szmer revelou que a promoção pessoal do juiz continua no Rio de Janeiro. Ele disse que carros ainda circulam com adesivos de Mello Porto e que os jornais O Nordestino e o da associação dos servidores da Justiça do Trabalho ainda publicam material enaltecendo a administração de Mello Porto à frente do TRT.O ex-funcionário criticou também a doação, por uma federação de transportes, de um ônibus que serviu como "junta itinerante". Segundo ele, os sindicatos que fazem parte da federação são ou serão autores ou réus em ações apreciadas pela Justiça do Trabalho.

10/06/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


RELATOR ESTRANHA NOMEAÇÃO DE CLASSISTAS

EX-FUNCIONÁRIO DO INDESP PEDE CPI PARA INVESTIGAR IRREGULARIDADES NAS AUTARQUIAS

TCU aponta irregularidades na aplicação do FNDE

REQUIÃO APONTA IRREGULARIDADES NO BANESTADO

TCU aponta redução de irregularidades em obras do Dnit

Sarney recebe relatório que aponta irregularidades no PAC