EX-PRESIDENTE DO BC: PROER SALVOU REAL E EVITOU CRISE BANCÁRIA



O Plano Real poderia ter fracassado se o governo não tivesse lançado o Proer para reestruturar o sistema bancário brasileiro, afirmou à CPI do Sistema Financeiro, nesta terça-feira (dia 24), Gustavo Loyola, que ocupou o cargo de presidente do Banco Central à época em que o governo injetou R$ 20 bilhões para fusão, incorporação e liquidação de bancos.- Sem os ganhos provenientes da inflação, os bancos enfrentaram uma crise séria, só contornada com o Proer. Isso salvou o real. Não fosse o plano, a recente mudança cambial também teria levado uma crise ao sistema bancário - disse Loyola.Ele depôs à CPI junto com seu sucessor no cargo, Gustavo Franco. Os dois defenderam que o Congresso aprove com rapidez mudanças na legislação, para que o Banco Central possa atuar com maior eficiência na defesa da moeda e na fiscalização do sistema financeiro. Gustavo Franco manifestou sua preocupação com a idéia de se tirar do BC a supervisão bancária o que, a seu ver, enfraqueceria a instituição.O saneamento do sistema bancário ainda não terminou e o Banco Central ainda executa o Proes - este destinado aos bancos estaduais. Conforme Gustavo Franco, até agora o governo já aplicou R$ 47 bilhões com estes bancos e ainda deve injetar outros R$ 7 bilhões nos próximos meses. Franco entregou à CPI uma lista de sugestões de mudança legislativa para aperfeiçoar o sistema de fiscalização bancária no país e reforçar o Banco Central como protetor da moeda nacional.Já Gustavo Loyola observou que o Proer foi um dos programas de reestruturação bancária de custo mais baixo no mundo e alguns de seus princípios evitaram problemas registrados em outros países. Um desses princípios era a proibição de que os donos dos bancos continuassem em seus cargos. O Proer exigia a saída do ex-controlador. No México, por exemplo, citou Loyola, emprestou-se dinheiro para que os banqueiros fizessem o saneamento e isso trouxe muitos problemas, que só deverão ser resolvidos na Justiça.O último banco que usou dinheiro do Proer, conforme Loyola, foi o Bamerindus. Depois disso, o Banco Central conseguiu detectar problemas antes que eles se tornassem insolúveis e exigiu de seus donos o saneamento, quase sempre com a venda da instituição, sem a necessidade de uso de créditos oficiais.

24/08/1999

Agência Senado


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