FERNANDO BEZERRA: PACOTE PODE SER ANULADO PELOS ALTOS JUROS



O senador Fernando Bezerra (PMDB-RN) previu hoje (dia 13) que todos os efeitos positivos do pacote de medidas anunciadas na segunda-feira (dia 10) poderão ser anulados, caso o governo persista com sua política de juros altos. Na opinião do senador, também presidente da Confederação Nacional da Indústria, a manutenção dos juros altos poderá piorar o quadro econômico, com recessão e inflação, "restaurando o processo de autofagia e autodestruição social que vivemos até o real".

Depois assinalar que o presidente da República teve coragem ao anunciar as 51 medidas às vésperas de eleições, Fernando Bezerra lembrou que seu partido, o PMDB, apóia o pacote, mas não renuncia ao direito de propor mudanças para aperfeiçoá-lo. Ele lamentou que o pacote não tenha atacado "as reais causas da falta de competitividade da economia brasileira" e que afetam o chamado Custo Brasil. Assim, a seu ver, as medidas "só se justificam desde que transitórias". Bezerra fez duas perguntas ao governo:

- Na dolorosa combinação de aumento dos juros, de tarifas e dos impostos foi levada em conta a nítida possibilidade de redução do nível de atividade, fazendo com que a estimativa de R$ 20 bilhões de ajuste não seja alcançada? - questionou. E mais:

- Foi levado em conta, também, o fato de que a persistência da taxa de juros além daquele momento preciso não irá engolir toda a receita gerada com o sacrifício do próprio ajuste?

O senador acredita que a equipe econômica considerou todas essas possibilidades, mas acha que o governo deveria ter adotado a maior parte das medidas antes da crise internacional. Afinal, observou, "a maioria absoluta delaseram e são dependentes apenas do Poder Executivo, que, somente agora, ao trombetear do Apocalipse, é que foram lembradas e relembradas".

Fernando Bezerra discordou do corte de 50% nos incentivos fiscais para o desenvolvimento regional, comprometendo a redução das disparidades regionais. Lembrou que 48% dos incentivos se dirigem para o Sul-Sudeste, enquanto o Nordeste não recebe nem 10%. Ele manifestou-se também contraa retirada do incentivo de dedução do IPI às empresas que investem em ciência e tecnologia. Foi graças a tal incentivo, conforme o senador, que o gasto brasileiro com ciência e tecnologia pulou de 3,3% para 6% do PIB em apenas três anos.



13/11/1997

Agência Senado


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